Setembro 19, 2024
Razer acha que pode mais no Brasil: entrevista com Bob Ohlweiler
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Razer acha que pode mais no Brasil: entrevista com Bob Ohlweiler #ÚltimasNotícias #tecnologia

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Razer quer mais no Brasil: entrevista com Bob Ohlweiler, VP de Vendas e Marketing Global
Créditos: Estande da Razer na BGS 2023. Imagem / Reprodução Adrenaline

A Razer vem em uma reestruturação no Brasil, e a empresa acredita que pode crescer muito mais por aqui. Além da mudança de distribuidora no ano passado, com a parceria com o Grupo Multi, algo que já entrevistamos a empresa sobre, a Razer também está mudando pessoas chave na operação da companhia no Brasil.

Essa também se tornou a primeira vez que a empresa manda um executivo do primeiro escalão aqui para “nossa quebrada”. Conversamos com Bob Ohlweiler, vice-presidente Sênior de Vendas e Marketing Global, que bateu um papo sobre como a Razer entende o mercado nacional e como pretende alcançar um crescimento potencial que ainda não estava sendo atingido no Brasil.

Também debatemos novos produtos e tecnologias, polêmicas em torno do Snap Tap e também o perfil do gamer brasileiro comparado a outros países.

Mudança no mercado

Adrenaline: Você está na Razer desde 2015. O quanto as coisas mudaram nesse período? Os produtos, a comunidade gamer? Quando você iniciou o fenômeno dos Esports estava começando seu crescimento.

Prumo: Acho que tem três grandes mudanças. Quando eu comecei, nós tínhamos que explicar o que era Esports. Dizer que era diferente dos esportes. Tipo explicar “tem jogadores morando junto em uma casa e praticando 16 horas por dia. E é tipo um esporte, sabe, e precisa muita habilidade”. E isso tomava bastante tempo. Hoje eu não preciso mais fazer isso. Os Esports estão em todos os lugares.

E outra coisa são os games. Eles são o coração do gaming e eles costumavam ser muito vinculados a uma plataforma. Você quer esse jogo e joga nessa plataforma. Hoje muita coisa é crossplay.

Você pode jogar eles no celular, jogar no PlayStation, pode jogar no PC e agora pode até jogar na nuvem. Dá pra pegar o celular e jogar em qualquer lugar, mesmo nem sendo um jogo de celular.

E outra coisa que mudou é que nós costumávamos ver o mercado gaming para PC como uma única coisa, homogênea, e agora vemos como múltiplos segmentos.
Vou te dar um exemplo. Nós vemos que há muitos jogadores hardcore, que chamamos de “immersion” [termo em inglês para imersos, aprofundados] que querem todos os efeitos de iluminação, o som surround, eles querem viver dentro do game. E temos os jogadores que querem vencer. Eles são competitivos.

Então o que a Razer tem feito nos últimos anos é dividir nosso line-up em imerso e competitivo. Por exemplo, nosso teclado Huntsman V3 Pro é tudo sobre ser competitivo, não tem muitos efeitos de iluminação e nem elementos visuais supérfluos.

Linha Caçador V3 Pro. Divulgação: Razer.

Mas o switch nas teclas deixa você fazer ajustes como mudar o ponto de ativação. Temos uma tecnologia chamada rapid trigger [gatilho rápido, em tradução livre] que faz ser desnecessário voltar o switch para o início para registrar o pressionamento, e assim você se move mais rápido no game.

Teclado tradicional:
Razer Rapid Trigger:

E nós lançamos recentemente uma tecnologia chamada Snap Tap, que permite mudar de direção e fazer o strafing (movimento lateral rápido muito usado em jogos de tiro competitivos) de forma muito mais rápida. Esses são produtos sobre gameplay competitivo, enquanto o BlackWidow vai ter muito mais efeitos de luz, botões de multimídia e macro, e isso mostra uma grande diferença na forma como nosso negócio tem sido feito nos últimos anos.

Adrenaline: E imagino que quando você fala do consumidor imerso, também estamos falando de fotos para redes sociais, certo? De pessoas que querem mostrar seus setups, suas estações de batalhae são orgulhosos dela. Não só focados na imersão nos games, mas também em ter boas fotos.

Prumo: Sim, exato. De fato, nas redes sociais, você consegue dizer que um consumidor é do perfil imerso, porque eles querem mostrar seu setup e seu quarto, e você pode dizer quem é o jogador competitivo porque ele posta seu nível no jogo. E isso é ótimo, muitos mercados evoluem. E acredito que o sucesso seja fazer o melhor para o gamer sabendo o que eles querem.

Adrenaline: E como você lida com esse cenário, com diferentes plataformas, onde vocês fazem mouse, controle, teclado, e usados em lugares diferentes, como você se adapta a isso?

Prumo: No lado do PC, isso é o histórico da Razer, e fizemos um bom trabalho expandindo para Playstation e Xbox, por exemplo. Assim como no PC, temos uma linha completa de produtos que atendem tanto ao perfil imerso quanto ao competitivo. No Playstation e no Xbox estamos construindo uma marca em torno do lado competitivo. Então acabamos de lançar um novo controle de Xbox chamado Wolverine V3 Pro.

Razer Wolverine V3 Pro. Divulgação: Razer.

Ele é o controle mais épico já lançado. Trouxemos nossas tecnologias de switchs de mouses, então é super preciso, bem ágil, dá um click muito satisfatório. E ele também é bem ergonômico, então dá para segurar com uma pega em forma de garra ou também na mais tradicional, e é feito para as pessoas que se importam em vencer. Também trouxemos nossa linha famosa de headsets, a Black Shark V2 Pro, para o PlayStation e o Xbox.

BlackShark V2 Pro. Divulgação: Razer.

Na medida que avançamos mais no ecossistema Xbox e PlaytStation, nós estamos trazendo um foco singular neste mercado para nos estabelecermos como uma marca de produtos para competitividade. No futuro, não tenha dúvida que vamos trazer também nossos produtos com foco na imersão mas, sabe, no começo, temos que criar uma base, focar em um tipo de grupo.

Tecnologias banidas

Adrenaline: E sobre o Snap Tap. Esse tem sido um tópico acalorado. Usar ele está causando banimento em partidas online e também em alguns torneiros. Essa tecnologia está deixando bem fina a fronteira entre o quão longe vocês está ajudando e quando algo começa a parecer trapaça. Temos problemas como o anti-cheat do Counter Strike derrubando jogadores, e também times que foram desqualificados por usar. Como a Razer se posiciona sobre isso?

Prumo: Bom, o Snap Tap é uma tecnologia do teclado, presente no Hutsman V3 Pro e você consegue configurar uma ativação da tecla bem rasa. Assim você consegue ter uma resposta muito rápida. E você não precisa voltar a tecla para a posição inicial para dar o comando novamente. E o Snap Tap é também outro bom incremento. Se a publicadora do game define que isso é um problema, nós tornamos possível habilitar e desabilitar o recurso [Snap Tap]

Como funciona o Snap Tap. Divulgação: Razer.

Não há problema nisso [no banimento dessa tecnologia]. Mas não vamos parar de buscar formas de dar aos nossos jogadores a vantagem. É o motivo pelo qual acordamos todo dia. Eu sou gamer, eu jogo, jogo horas por dia e nós saímos da cama todo dia pensando em como fazer nossos produtos melhores para os gamers.

Esse é um processo que já aconteceu em outros esportes tradicionais. Futebol Americano tivemos os bastões de metal, foram muito usados por todo o lado. No Tênis surgiu as raquetes de fibra de carbono, e também nos tacos de Golfe.

E isso deu vantagem, e a inovação é sempre sobre buscar vantagem e às vezes nós damos de cara com um muro. E, honestamente, as pessoas estão usando esse recurso e adorando. Se a publisher decidir que não querem em Counter Strike, tudo bem, você pode ligar em outros jogos.

Adrenaline: Então vocês vão até o máximo que conseguirem, e as competições que tracem os limites? Mas deve irritar quem tem que enfrentar uma adversário com essa vantagem.

Prumo: Meu trabalho essa semana é garantir que todo mundo no Brasil experimente nossos produtos e tenha essa vantagem.

Mercado brasileiro

Adrenaline: Falando de Brasil. Qual a importância do país para a Razer, comparado com outros países?

Bob: O Brasil é um dos primeiros mercados que a Razer se estabeleceu, faz muito tempo atrás. É o quinto maior mercado de games do mundo, então nos importamos muito com ele. E se você anda por aí e fala com gamers brasileiros, eles conseguem falar dos games que jogam, da equipe de Esports que acompanham, os atletas que amam, e se você anda em países da Europa ou da América do Norte, não vai ver tanto isso. Eles não estão tão em contato com os atletas de alto nível, comparado com os consumidores brasileiros.

Então o Brasil é muito importante para nós. Nós crescemos com um distribuidor no início, que nos ajudou a construir e crescer nossa marca. E a mais ou menos um ano atrás nós decidimos que nosso momentum não estava fluindo no Brasil como estava no resto do mundo, então trabalhamos para trazer um novo distribuidor. E essa minha visita é parte de todo esse processo de trazer um novo nível de investimento no Brasil e colocar nossa marca em todos os lugares aqui.

No país nós tendemos a ir bem em headsets, mas não estamos bem em mouse e teclados. Se você olha a América do Norte e a Europa, nosso mercado de teclados é mais forte. Nosso mercado de mouses é mais forte.

Adrenaline: A Razer não está performando bem no Brasil comparado com quais mercados? Como fica versus outros países latino-americanos?

Prumo: Nossa participação no mercado brasileiro deveria ser maior considerando a importância desse mercado e o tamanho de sua base gamer presente.

Adrenaline: Vê a relação dessa dificuldade de crescimento com a grande quantidade de marcas e produtos que existem hoje disputando espaço? A Razer foi uma das primeiras a se estabelecer no país, mas hoje temos muitos competidores.

Prumo: Eu acho que não porque pensando globalmente, o mercado de gaming é uma indústria que está muito maior. É maior que a indústria da música e do cinema somados, e uma indústria que todos querem participar. Então acredito que essa competição significa que estamos no lugar certo e fazendo as coisas certas, mas nós temos nossa estratégia e jogamos nosso jogo. Somos uma marca premium.

Nós gastamos uma margem alta de nossos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, diferente dessas marcas que você se refere, e investimos em tecnologias que possibilitam nossa marca em ter vantagens competitivas, como melhorias de software e firmware que também vão junto com componentes dos periféricos, como nossos sensores ópticos ou nossos switches então sim, está mais disputada, é um mercado mais difícil, especialmente com competidores com preços mais agressivos. Mas continuamos sendo o número 1 em múltiplos mercados.

Adrenaline: O Brasil é um mercado bem desafiador quando o assunto é logística. Tem muita extensão territorial, e dificuldades de infraestrutura para lidar. Queria entender como isso limita a gama de produtos da empresa que vem ao Brasil, além de periféricos, mas outros dispositivos como notebooks. E se na estratégia de expansão de presença por aqui, vocês tem em mente aumentar o portfólio para outros produtos que atualmente não chegam aqui.

Prumo: Nossa estratégia para periféricos é trazer qualquer coisa que atenda ao mercado. Vamos trazer ao mercado brasileiro tudo que formos capazes de também oferecer serviços de reparos, devoluções e tudo que necessitamos para uma experiência de qualidade do consumidor.

Alguns produtos nós não trazemos porque não há volume suficiente, ou não temos um alcance no varejo. Uma coisa que queremos ter certeza é que em qualquer lugar que a pessoa queria um produto Razer, ele esteja lá, queremos uma boa presença.

Já sobre os notebooks, nós temos um ciclo de produto muito curto. Intel, Nvidia e AMD lançam novas tecnologias todo ano. Nossos notebooks são de uma classe super premium e que demandam uma infraestrutura de serviços e suporte na região local. Nós adoraríamos trazer nossos laptops ao Brasil, mas é um caso de escala, de serviços e de suporte. Todo ano nós reavaliamos isso, porque adoraríamos ter esses produtos aqui.

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