Abril 16, 2025
lutadores brasileiros furam a bolha do esporte e atraem novos públicos e patrocínios

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O campeão mundial de kickboxing Alex “Poatan” Pereira consolidou seu reinado no UFC ao nocautear o quarto oponente seguido, semana passada, na disputa pelo cinturão dos pesos meio-pesados (93 kg). Após a vitória sobre o americano Khalil Rountree, em Salt Lake City, nos EUA, ele correu para o Instagram e agradeceu o apoio dos mais de cinco milhões de seguidores que soma na rede social. O brasileiro se tornou um astro mundial do mundo dos esportes de combate não apenas pelo estilo agressivo (em 12 triunfos, nocauteou 10 rivais), mas também pelo personagem que criou nas redes sociais: mesmo sem falar muitas palavras, ele cativou milhões de internautas, que se interessaram pelos memes, vídeos de treinos, esquetes de humor e pelo bordão “chama”.

– Acho que meu sucesso foi resultado de um conjunto, desde o jeito que eu trato as pessoas, a forma como luto e como uso as redes sociais – afirma Poatan.

– Quando as pessoas de outros países me vêem, a primeira coisa que fazem é dizer “chama”. Não falo inglês, então quando alguém quer se aproximar fala isso para eu perceber que me conhece e entrar no clima.

Alex "Poatan" Pereira em uma collab de esquete de humor com Mark Zuckenberg, dono do Facebook, em suas redes sociais — Foto: Reprodução
Alex “Poatan” Pereira em uma collab de esquete de humor com Mark Zuckenberg, dono do Facebook, em suas redes sociais — Foto: Reprodução

Para um lutador como Poatan, estar presente e ativo nas redes sociais não é importante apenas para aumentar a base de fãs e atrair mais patrocínios, como acontece com qualquer outro esportista. Como são “escalados” para eventos pela organização e recebem por combate realizado, a popularidade é muito importante para os atletas do UFC serem lembrados na hora da montagem dos cards.

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A estratégia rende bons dividendos ao brasileiro. Nas duas últimas defesas de cinturão, faturou bolsa de 3 milhões de dólares (cerca de R$ 17 milhões) cada, além da porcentagem nos pacotes de pay-per-view vendidos e outros bônus.

– Eu luto desde 2011 e nunca havia pensado em criação de conteúdo, marketing, mas é uma coisa que praticamente não dá para fugir atualmente – afirma Renato Moicano, outra estrela brasileira do UFC, cotado para disputar o cinturão dos pesos-leves (70kg): – A gente está nessa era do engajamento. Todo mundo quer fazer social media, aparecer, e se você não está fazendo, acaba ficando para trás. Então, como atleta, a gente tem que se virar e fazer isso.

“Tem a ver com a atenção que você chama do público”, Renato Moicano

Ele conta que a “ficha caiu” quando lesionou gravemente o joelho, em 2022. Ficou meses sem lutar e, consequentemente, sem sua principal fonte de renda. Acabou descobrindo no Youtube um caminho para se manter.

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— Resolvi fazer um canal para analisar lutas. Postava todos os dias, e começou a ir muito bem. Quando voltei a competir, fui ganhando alguns confrontos, fazendo entrevistas pós-luta engraçadas também, tudo foi meio automático. E aí as coisas foram engajando — lembra Moicano, que hoje também tem um podcast sobre esporte e economia, além de ter virado comentarista do UFC.

— No fim das contas, tem a ver com a atenção que você chama do público. Não ganho dinheiro diretamente com todas as redes sociais, só o Youtube, mas por causa dos fãs que tenho nelas atraí bons patrocínios e hoje ganho pelo menos R$ 10 mil por mês.

Já o desempenho de Polyana Vianna como influencer lhe rendeu convites para ser embaixadora de um jogo para smartphone, cargo que pagava R$ 10 mil mensalmente, e para se tornar modelo da plataforma Onlyfans, rede criada para fãs acompanharem a rotina de seus ídolos, mas muitos passaram a postar conteúdo sexual.

—Mas não para mostrar a bunda, gravo treinos lá. É um dinheiro muito bom — explica Polyana, que se mantém ativa apesar dos ataques machistas que recebe: — Eles contrataram vários lutadores para postar conteúdo lá. Mas os homens não são xingados. Já as meninas, todas tomam xingamentos, mesmo as que postam coisa normal. “Está no OnlyFans, é prostituta”, eles pensam.

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Com a derrota na única luta que fez em 2024, a lutadora recebeu R$ 50 mil. O valor recebido para subir ao octógono não se compara aos R$ 600 mil de patrocinadores que ela receberá ao longo deste ano.

Em uma realidade esportiva muito mais modesta, longe do UFC, o ex-modelo Gabriel Galindo estudava administração enquanto buscava realizar o sonho de virar atleta de MMA. Optou pela dobradinha como influenciador e lutador, gravando vídeos de sua rotina ou analisando suas próprias lutas. Destacou-se e obteve muitas oportunidades de luta após viralizar no Tiktok, inclusive no exterior. Hoje totaliza 1 milhão de seguidores na rede chinesa, no Instagram e no Youtube – e vive dos dos patrocínios.

— Já é uma fonte de renda para mim, às vezes até mais do que a luta. Uma coisa que agrega à outra. Mas vejo que a galera só consegue fazer duas lutas no ano, ganhando mil reais por cada. Aí tem que trabalhar fora, ou dar aula, “se virar nos 30” para conseguir pagar as contas – conta Galindo.

Sabendo que bolsas pagas em eventos brasileiros são bem abaixo do necessário para se manter como profissional e que muitos dos atletas optam por ter um trabalho secundário para se manter, ele preferiu fazer uma dobradinha como influenciador e lutador, gravando vídeos de sua rotina ou analisando suas próprias lutas tendo como diferencial a realidade do conteúdo — até nas derrotas ele traz com humildade os pontos que tornaram o adversário superior.

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— A realidade do esporte é muito triste, né? Comecei na minha primeira luta profissional de graça, podia quebrar minha cara inteira. O cara que quer isso tem que se dedicar integralmente aos treinos. Para chegar no alto nível, tem que treinar como um atleta de alta rendimento, tirar o dia para isso. E a gente tem que trabalhar ( em outra área) ao mesmo tempo para ficar lutando pelo sonho. Isso foi uma das coisas que me motivou a ir também para o lado do influenciador, porque é algo que eu consigo conciliar – disse o lutador.

Assim como os outros lutadores do UFC, ele já tem uma equipe de gravação e edição de conteúdo para o Youtube, onde ele dá aulas online de Jiu-jitsu.

Para o CEO da Armatores Market + Science, Fernando Fleury, esse mundo dos atletas influenciadores é o novo normal, especialmente no mundo da luta:

— Quando um lutador consegue construir uma base de seguidores fiel e engajada, ele se torna mais atraente para marcas e patrocinadores. Esses seguidores se traduzem em visibilidade, e visibilidade é valiosa para empresas que querem promover seus produtos.

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