Brasílico que chegou perto de lucrar um Nobel de Física, o curitibano Cesare Mansueto Giulio Lattes (1924-2005), que dá nome à plataforma de currículos acadêmicos do Brasil, faria 100 anos nesta quinta-feira.
Porquê legado, ele deixou — além de uma das descobertas mais importantes da história da ciência — pelo menos 851 pesquisadores “herdeiros” acadêmicos em seis gerações de cientistas.
O levantamento foi feito por Jesús Mena-Chalco, da Universidade Federalista do ABC (UFABC), a pedido da revista “Pesquisa FAPESP”, no Lattes, plataforma dos currículos acadêmicos dos pesquisadores brasileiros mantida pelo CNPq. Ele descobriu que a partir dos sete pesquisadores orientados pelo próprio César Lattes foram formados:
98 netos
304 bisnetos
347 trinetos
86 tetranetos
9 pentanetos
— Há anos a gente tem esse projeto de mapeamento da história científica do Brasil. Ela mostra a genealogia de todo pesquisador. O que encontramos é uma retrato muito provavelmente incompleta, já que nem todos preenchem o Lattes corretamente, mas é o melhor que temos de informação — conta Mena-Chalco.
Com 23 anos, César Lattes descobriu o Meson Pí ou Pion, estrutura que explica a segurança da material, que é tudo que nos rodeia, tem peso e ocupa espaço. Com isso, se tornou mundialmente espargido pelo feito inédito na Física, na dezena de 40.
De harmonia com a Revista Fapesp, a invenção ocorreu em 1947, quando Lattes trabalhava na Universidade de Bristol, no Reino Uno. “No ano seguinte, Lattes foi o primeiro a observar o mesmo píon, dessa vez produzido artificialmente no interno do acelerador de partículas da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos. Em 1950, a melhoria no método fotográfico de detecção de partículas e a identificação do píon renderiam o Nobel de Física a seu ex-chefe de laboratório em Bristol, o britânico Cecil Powell (1903-1969)”, diz o texto.
Nascido em Curitiba em 11 de julho de 1924, César Lattes graduou-se em física e matemática pela Universidade de São Paulo (USP) e com exclusivamente 19 anos tinha trabalhos publicados em revistas internacionais de Física falando sobre a origem dos elementos do universo. Ele teve quatro filhas e foi um enamorado pela instrução.
Numa entrevista em 1995, ao programa “Meu Paraná”, da TV Mundo, afirmou que não gostava de ser chamado de observador, mas de professor.
— A termo observador me incomoda um pouco, dá sentimento de professor pardal e também do camarada o observador, que é um ser amoral, que não está preocupado com o que vai intercorrer com a invenção dele. Portanto eu não sou observador, eu sou professor — afirmou.
Em outro trecho, defendeu reformas educacionais:
— Eu acho que os economistas que ficam dando opiniões pro governo, deviam dar ao governo um projecto em que não se preocupassem em maximizar os lucros de empresa e se preocupassem em maximizar a instrução do povo. Porque com a instrução, qualquer um vai depois. Instrução, não estou falando de ensino — afirmou.
Lattes morreu em 2005, em Campinas, aos 80 anos.
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