A investigação sobre os mandantes dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes revelou um suposto esquema de pagamento de propina na Polícia Social do Rio, sobretudo na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A estrutura, segundo o relatório da Polícia Federalista, “permitem a manutenção do esquema criminoso envolvendo contraventores e milicianos”. Em um prova à Polícia Federalista, o ex-pm Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica disse que há um esquema de pagamentos de propinas a delegacias do Rio. A DH, por exemplo, receberia de R$ 60 milénio a R$ 80 milénio mensais, podendo o valor aumentar em investigações mais complicadas. Outras unidades recebiam tapume de R$ 20 milénio.
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“Uma vez que é que vai acusar a contravenção? Eles não tinham uma vez que. Não que a contravenção tenha mandado matar a Marielle, mas a contravenção criou um sistema que facilitou a morte de Marielle, que continua até hoje. Na DH, além do que eles recebem mensal, quando entra um homicídio, por exemplo, deixou um rastro que eles conseguem direcionar pra determinado transgressor, eles pagam por fora”, disse Curicica ao representante Leandro Almada.
O próprio miliciano contou que em um incidente ele mesmo pagou propina a DH para se livrar de um sindicância. Na quadra que teria ocorrido os fatos, o representante Rivaldo Barbosa, recluso por ser indicado pelas investigações uma vez que um partícipe do transgressão, era o director da Delegacia de Homicídios. Curicica conta que sua esposa estava sendo acusada de porte proibido de arma de incêndio e que pagou R$ 20 milénio para a polícia não dar curso a investigação.
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“O legista entrou o numerário ao Fernando (um policial). Ele foi pro refeitório dividindo o numerário, Andreia (uma policial), Fernando e Rafael (um policial) dividiram entre eles, separaram a segmento do Rivaldo (Barbosa) e o problema acabou. Foi um sindicância que eu fui extorquido pelo próprio doutor Rivaldo ”
Atualmente secretário de Ordem Pública do Rio, o representante Brenno Carnevale também prestou depoimentos sobre problemas na delegacia, o que para a PF, “e corroboram com os indicativos de existência de um esquema de depravação no cerne da DHC”. O representante atuou na unidade entre 2016 e 2018, sendo o responsável por investigar homicídios em que agentes públicos eram autores ou vítimas. Em um deles, ele narrou o sumiço de um sindicância posteriormente pedir o prova de um miliciano, de materiais apreendidos e excessos de exigências burocráticas. No tempo em que esteve na DH, ele disse não se lembrar de “qualquer homicídio esclarecido que resultou na prisão ou denúncia contra transgressor ligado ao jogo do Bicho”.
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Em um deles, o da morte do ex-presidente da portela Marcos Vieira de Souza, o Falcon, que é ex-policial militar. Carnevale contou que Rivaldo Barbosa frequentemente perguntava sobre os passos da investigação, pedindo para lhe descrever qualquer novidade sobre o caso. A filha de Falcon, Marcelle Guimarães, contou que Brenno Carnevalle a confidenciou durante as investigações que Rivaldo o pediu para “não mexer em zero e passar diretamente pra ele”. No relatório, a PF diz ainda que o representante reiterou o dito pela filha de Falcon.
“Breno teria dito que quando foi juntar os inquéritos de Falcon e (do e-PM Geraldo) Pereira teria sumido tudo”, disse Marcelle.
O governo do Rio publicou uma nota afirmando que “a participação, seja qual for, de agentes públicos neste transgressão, será rigorosamente apurada para que sejam punidos exemplarmente”
“A Corregedoria Universal Unificada, sob a liderança do desembargador Antônio José Ferreira Roble, vai apurar a conduta destes policiais com o devido rigor necessário. Continuamos apoiando as instituições para o desfecho final desse transgressão”, conclui o enviado.