Março 19, 2025
A era do especialista – Imirante.com

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Percebo que hoje, a mídia tradicional, além da notícia, tem sempre um “especialista” de plantão a opinar sobre tudo e todos, tendo uma postura de sapiência e “última palavra” sobre o assunto do momento.

Nas redes sociais, a situação se repete, mas com a diferença de que o propósito destas não é, em regra, trazer fatos ocorridos e que merecem virar notícia, papel este típico da mídia tradicional. Nessas, a matéria-prima é a opinião sobre um fato. Exemplos: se o governo publica um plano econômico ou se a economia de um país está indo ladeira abaixo, é natural que um canal no YouTube, criado por um economista ou alguém que trabalhe no mercado financeiro, dê a sua opinião; se a questão envolve doença, como aconteceu na pandemia da Covid-19, também me parece natural que algum médico, de preferência infectologista no caso, desse a sua opinião no Instagram, apesar da névoa de desconhecimento que a pandemia enfrentou à época.

Não quero dizer com isso que a mídia tradicional não possa também opinar, muito pelo contrário. Mas não creio que essa seja a sua vocação primeira; tampouco aceito, como aconteceu na pandemia e persiste hoje em outros assuntos, que alguns (ou muitos?!) se posicionem como detentores da única verdade aceita, rotulando como notícias falsas ou posições extremadas, aquilo que seus “especialistas” discordam.

Também não quero dizer com isso que as redes sociais estão liberadas para promover inverdades. Longe disso. Acho que a mentira, que sempre existiu e que hoje chamam de notícias falsasdeve ser revelada, mas não com rótulos e estigmas, mas sim com documentos, dados e fatos.

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Agora, para mim, o ideal mesmo é que o debate seja plural, que se ouçam todos e cada um tire suas próprias conclusões. Nesse contexto, só vejo um caminho: que mídia e redes socais continuem livres de amarras e que, aqueles que cometam crimes, seja no espaço físico, seja no virtual, respondam judicialmente pela prática de eventuais excessos, que representem calúnia, injúria ou difamação, ou mesmo sejam obrigados a reparar civilmente, como sempre foi permitido pela lei, independente de onde tenha circulado.

Talvez alguns digam, como já escutei, que o povo brasileiro, pelo baixo nível de escolaridade, tem de ter uma “curadoria” daquilo que passa na internet para não ser enganado. Nessas horas, lembro-me de Thomas Sowell, economista, filósofo, escritor e professor americano, que, na obra Os intelectuais e a sociedadenos ensina o quão pouco cada um de nós sabe sobre qualquer coisa, mesmo o especialista, pois o conhecimento é algo muito amplo e estar disperso na sociedade, de forma tal que, mesmo o mais humilde e iletrado dos homens, detém conhecimento e sabedoria suficientes para contribuir com o professor de currículo quilométrico e de qualidade indiscutível.

Concordo 100% com Sowell, não por razões filosóficas, mas porque pude constatar isso quando fui juíza no interior do Maranhão.

Em audiências ou em atendimento à população, recebi ensinamentos valiosos em todas as áreas do saber ou da vida como ela é, majoritariamente de pessoas sem nenhuma escolaridade ou com apenas a básica. Conhecimento formal, não se confunde com sabedoria e para resolver questões complexas, como são aquelas que envolvem debates acalorados na mídia e nas redes, o que temos de ter é sabedoria, pois só o conhecimento formal, normalmente, não tem dado conta.

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Evidentemente, Sowell não está afastando o conhecimento científico, mas sim acrescentando a este a sabedoria, como já ensinavam outros expoentes em priscas eras.

René Descartes, não Discuso sobre o Métodofaz críticas aos que se consideram sábios por conhecerem muitas informações dispersas, mas que carecem de uma base sólida e método científico verdadeiro.

Francis Bacon, Em um novo órgãocritica os ídolos da mente, que são falsos conceitos ou preconceitos que impedem o verdadeiro conhecimento científico. Ele alerta contra falsas autoridades que perpetuam erros por meio de tradições não questionadas. E, em A Nova Atlânticaembora o autor idealize uma sociedade científica, alerta sobre o perigo dos falsos cientistas, que podem usar a ciência para manipular em vez de esclarecer.

Molière, em peça teatral O Médico à Força, expõe a figura de um falso médico, que se torna especialista por conveniência, evidenciando como a autoridade pode ser facilmente simulada.

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E por fim, mas não o último, Karl Popper, em A sociedade aberta e seus inimigos, critica aqueles que reivindicam o monopólio da verdade científica e alerta para o dogmatismo em diversas áreas do conhecimento.

Ora, só lembrando, recordo-me de, na pandemia, ver jornalista dando “palpites” sobre como se prevenir do vírus e o que não tomar quando infectado, enquanto médicos eram escorraçados porque falaram o contrário. E vi também pessoas sem qualquer formação em geopolítica opinarem, nas redes sociais, sobre o conflito no Oriente Médio, questão complexa que nem os estudiosos do assunto ousam dizer como pode acabar.

Inobstante, repito: no meu ponto de vista ouvir os dois lados, usar da Notas da Comunidade e não rotular o pensamento contrário, mas sim argumentar com estudos, documentos, fatos e dados, parece-me ser o melhor antídoto contra os erros e mentiras.

As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não
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