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“A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana” (Franz Kafka)
O médico convive com pacientes, que são pessoas comuns mas que, por terem adoecido, se transformaram em seres distintos, mais sensíveis, mais assustados e, em decorrência, muito mais vulneráveis.
O medocomo ingrediente indissociável da nossa fantasia de morte, torna a sua vítima completamente intolerante com sofismas e dissimulações, conduzindo-a a uma condição de absoluta autenticidade.
E esta reação circunstancial não depende do caráter prévio do paciente, mas sim do fato de que o medo autentica as pessoas com as quais o médico tem o privilégio de conviver permanentemente.
Escolha das palavras
Estou convencido, numa época em que ter certeza de alguma coisa soa como pretensão, de que, se depois de 10 anos de trabalho, o médico ainda não se tornou um especialista em gente, só tem uma explicação: ele não tem se dado ao trabalho de ouvir tudo o que se pode aprender com os pacientes. E está desprezando uma matéria-prima que a natureza não oferece a nenhum outro profissional.
E ainda que as pessoas sejam originais no seu jeito de sofrer, as reações ao medo tendem a assemelhá-las.
A partir dessa necessidade, e desde sempre, uma divisória importante é a escolha das palavras. Elas, sempre elas, representam uma Arma poderosa na conquista ou desastrosa na perda da confiança do paciente.
Não existe um marqueteiro mais eficiente do que um paciente agradecido
A situação em que a delicadeza do médico é mais crítica é na comunicação da notícia ruimquando o paciente, por conta dos seus temores e fantasias, está com todos os sensores ligados e qualquer forma de linguagem, incluindo a corporal, pode ser prontamente identificada como um jeito generoso ou cruel de dar a mesma notícia.
Se a construção de uma grande clínica depende da fidelização do paciente, e se não existe um marqueteiro mais eficiente do que um paciente agradecido, parece óbvio que o cultivo da confiança é um princípio fundamental.
Verbalização dos diagnósticos
Com isso presente, temos no curso A Medicina da Pessoa insistido nos cuidados com a verbalização dos diagnósticos que envolvem gravidade e perspectiva de sofrimentoque é a maior preocupação do paciente que se prepara para ouvir a palavra do médico, sem saber se ela será solidária ou displicente.
Seria maravilhoso se todos os médicos tivessem a consciência plena de que, depois de uma notícia ruim, eles nunca mais serão vistos como antes por esse paciente e a sua família. Cabe à sensibilidade do médico decidir se esse novo patamar de identidade pessoal será irreversivelmente modificado para o bem ou para o mal.
Quando encerrei a última aula, dizendo que eles estavam num momento crítico de decidir que tipo de médico iriam ser pela vida afora, houve um silêncio revelador de introspecção. E contei com o brilho dos olhos para acreditar que sim, eles tinham entendido.
Fui embora felizcomo acontece quando fazemos os mais jovens crerem no que aprendemos a crer desde quando tínhamos a idade deles. Mesmo que eles pareçam não acreditar que tivemos.
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