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A melhor comédia de ação de 2023 acaba de estrear na Netflix e vale cada milésimo de segundo do seu tempo

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Mulheres têm se sentido no responsabilidade de superar qualquer expectativa mais óbvia que possam nutrir a seu saudação, para o muito e para o mal, fazendo com que o péssimo comportamento masculino seja muitas vezes um protótipo que conseguem tornar quase pueril. Mélanie Laurent segue firme na transição da curso de atriz para a de diretora, já com alguns bons trabalhos no currículo, e em “As Ladras”, aproveita para assumir um compromisso com princípios e visões de mundo que o cinema abraça com força crescente — se com persuasão, sensibilizado perante as demandas de estratos mais vulneráveis da população, ou se temendo a ação ora orgânica, ora ensaiada de militantes, é outra conversa.

Em seu filme, põe em cena três gerações de mulheres a término de corroborar sua tese quanto à existência de papéis relevantes para todo gênero de ator, e, simples, atriz, no que começou a pensar com mais método durante a feitura de “O Dança das Loucas” (2021), sensação entre adolescentes na França. Em seu novo trabalho, Laurent replica técnicas e conceitos de que lançara mão no longa anterior, ao passo que também faz questão de reafirmar uma espécie de pacto com seus espectadores e consigo mesma: o de procurar o insólito.

Carole, a primeira gatuna a chegar na tela, atravessa uma pradaria em qualquer lugar do interno da Suíça, observada por Alex, que não presta-lhe toda a assistência que deveria. Quando se encontram, finalmente, Carole quer saber por que a colega entendeu de tentar resolver enroscos amorosos justo na hora do trabalho, o que pode implicar na morte das duas, mas logo se compadece da moça, verdadeiramente partida. Laurent e Adèle Exarchopoulos funcionam muito muito juntas, sobretudo nesse primeiro contato do público com a história, adaptação das histórias em quadrinhos de Jérôme Mulot, Florent Ruppert e Bastien Vives, lançadas no Brasil sob o título de “A Grande Odalisca”. Carole não vê a hora de debutar a usufruir da riqueza amealhada em duas décadas de rapinagem, mas vai esticando a corda enquanto as dores próprias do ofício ainda não a torturam, acrescidas, por evidente, do peso dos anos, que, objecto que a diretora trata de escamotear com alguma sutileza.

Exarchopoulos por seu vez é a tradução perfeita do viço da juventude, embarcando em toda façanha seduzida, simples, pela possibilidade real de uma aposentadoria sem contratempos de quantia — se chegar lá, naturalmente —, mas sempre à espera da sobrecarga de adrenalina em cada encomenda. Nisso a acompanha Sam, uma piloto de corrida que abandona as pistas por não suportar mais os desmandos da equipe de homens, e se a reencontra na quadrilha de Carole. Manon Bresch completa o trio com a porção de garbo diabólico que faltava, e na viradela para o terceiro ato, momento em que o quadrilha aceita trabalhar para a Madrinha, a gângster experimentada vivida por Isabelle Adjani, estranha, parecendo quase mais novidade que Laurent graças às incontáveis plásticas.

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Replicando elementos vistos em produções a exemplo de “Bela Vingança” (2020), dirigido por Emerald Fennell, ou no recente (e ótimo) “A Bailarina” (2023), de Lee Chung-Hyun, o roteiro de Laurent, Christophe Deslandes e Cédric Anger e certeiro no que não chega a vislumbrar de pronto. “As Ladras” aproveita-se de discussões sérias, mas diverte muito mais que filosofa, um outro lado da diretora-roteirista.


Filme: Uma vez que Ladras
Direção: Mélanie Laurent
De novo: 2023
Gêneros: Ação/Comédia/Policial
Usar: 8/10

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