No pregão de hoje, a ação experimenta um sobe e desce incomum para um dia sem novidades da agenda econômica ou outra notícia da agenda corporativa e com petróleo Brent em subida.
Depois de operarem em subida por boa segmento da manhã, virarem para queda, depois subida de novo, perto das 12h30 os papéis da Petrobras embicaram mais uma vez. A ação preferencial (PN, com preferência para receber dividendos) recuou 0,54%, em R$ 36,61, e a ordinária (ON, com recta a voto em câmara) cedeu 0,34%, a R$ 38,31.
Ainda não se mostra uma volatilidade relevante para o ativo, mas sinaliza que investidores ainda entortam os narizes para a forma com que tudo aconteceu. Chambriard mesmo já parece mais aceita por agentes do mercado, que ainda mostram insatisfação pela forma que foram pegos de surpresa com a exoneração de Jean Paul Prates a mando do presidente Lula.
O sinal intervencionista do governo, acionista controlador da Petrobras com a fatia detida pela União, pretexto calafrios em investidores. Além das incertezas que – o incidente relembrou – cercam empresas estatais, o receio é que a lucratividade da petroleira (leia-se: distribuição de dividendos) seja preterida em prol de uma agenda política.
Na noite de ontem, a colunista do Valentia Maria Cristina Fernandes adiantou que investidores estrangeiros já estariam se mobilizando para convocar uma Câmara Universal Extraordinária (IDADE), motivados pela inquietação em torno do porvir da companhia depois exoneração de Prates e de ameaças que pesam sobre a governança com mudanças internas na formação dos comitês de assessoramento ao recomendação de governo, ocupados em boa segmento por pessoas ligadas ao ministro de Minas e Força, Alexandre Silveira.
Para o Citi, a posse de Chambriard porquê diretora-presidente da Petrobras deve gerar aceleração dos investimentos e mudanças na diretoria da companhia, o que deve ocasionar alguma subtracção nos dividendos.
Os analistas do banco Gabriel Barra e Andrés Cardona escrevem que os fundamentos da companhia permanecem robustos, gerando caixa significativo por meio da produção de petróleo, preços elevados e alavancagem sob controle.
O economista da RJ+Asset João Coutinho destaca um segundo motivo para a suspeição do mercado: a defasagem dos preços dos combustíveis em relação aos preços internacionais, sem previsão de serem regularizados.
Ele destaca o impacto da decisão de ajustes de preços sobre a inflação e o libido do governo de reduzir a taxa básica de juros “a qualquer dispêndio”. Por isso, segundo Coutinho, as projeções de inflação de médio prazo estão muito altas, já que em qualquer momento esse ajuste terá que ocorrer.
“A presidente Magda terá pela frente um grande repto para manter a Petrobras porquê uma empresa robusta e atrativa para os investidores, ou portanto iremos reviver o que empresa passou na quadra da presidenta Dilma. E isso poderá contaminar todo o mercado, e deixar o envolvente de investimentos no Brasil bastante conturbado”.
Já o economista Bruno Monsanto, também da RJ+Investimentos, destacou ainda que o status estratégico da Petrobras no tabuleiro político.
“Magda cumpre os dois papéis necessários para receber a indicação. Tem bagagem técnica; e, o que pesa mais, alinhamento dito com o governo. Em um mundo ideal imaginário, o nome seria outro, mais técnico e neutro politicamente”, disse Monsanto.
O Citi tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 15 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Novidade York (Nyse).
Com informações do jornal Valor Econômico e do Valor PRO, serviço de tempo real do Valor.
