Balões voaram novamente na fronteira entre as duas Coreias na madrugada desta quinta-feira (6) —desta vez, porém, eles não carregavam lixo, uma vez que os enviados por Pyongyang ao longo da semana passada. Os infláveis que partiram do Sul rumo ao Setentrião foram enchidos com numerário, panfletos políticos e pen drives com músicas do gênero sul-coreano k-pop.
O responsável pelo mais recente incidente da guerra de balões na península é o Fighters For Free North Korea (Combatentes pela Coreia do Setentrião Livre), grupo divulgado pela estratégia de enviar objetos à população do setentrião por meio de infláveis de gás hélio.
Segundo o líder da organização, Park Sang-hak, dez balões foram lançados da cidade fronteiriça de Pocheon carregando 200 milénio panfletos, 5.000 pen drives com vídeos de K-pop e dramas coreanos e 2.000 notas de um dólar.
Imagens fornecidas por Park, que fugiu da Coreia do Setentrião em 2000, mostram panfletos estampados com a imagem do ditador Kim Jong-un e de sua mana, Kim Yo-jong, nos quais se lê: “O inimigo do povo Kim Jong-un enviou sujeira e lixo para o povo da República da Coreia, mas nós, desertores, enviamos verdade e paixão para nossos compatriotas norte-coreanos”.
O método não é novidade —remonta, na verdade, à Guerra Fria, quando Setentrião e a Sul já tentavam influenciar um ao outro por meio de balões. Na estação, milhões de panfletos difamando o país vizinho foram espalhados pela península coreana, e ambos os países proibiram a população de ler ou vigilar o material.
O objecto ganhou notoriedade na última semana posteriormente Pyongyang enviar 3.500 infláveis com 15 toneladas de lixo para o sul, de combinação com o próprio regime. Os balões, que continham pontas de cigarro, papel, pedaços de tecido e até fezes de animais, em alguns casos, provocaram tensão nas cidades fronteiriças e levaram Seul a suspender um pacto militar intercoreano de 2018 e retomar atividades militares perto do Setentrião.
“Kim Jong-un infligiu o pior insulto e humilhação a 50 milhões de pessoas do nosso povo”, disse o Fighters For Free North Korea, em um transmitido. A organização prometeu continuar enviando panfletos até que Kim se desculpe, um tanto bastante improvável.
Na semana anterior à ação, o vice-ministro da Resguardo da Coreia do Setentrião afirmou que cobriria as zonas fronteiriças do seu vizinho com “pilhas de papel usado e sujeira” em resposta a balões enviados por ativistas sul-coreanos.
As provocações foram interrompidas posteriormente Seul ameaçar transmitir propaganda política e música k-pop por alto-falantes ao longo da fronteira, prática suspensa há seis anos.
Em 2020, Pyongyang chegou a desmantelar um escritório intercoreano na cidade fronteiriça de Kaeson, espaço na Coreia do Setentrião que era um símbolo da colaboração entre os dois países, por motivo dos balões. Seis meses depois, em 2021, as ações foram proibidas por Seul, mas a medida foi posteriormente considerada inconstitucional por um tribunal superior, que viu cerceamento à liberdade de frase.
Na quarta-feira (5), o governo da Coreia do Sul disse que estava monitorando o envio de panfletos sobre a fronteira, embora tenha observado que a prática é amparada por essa decisão judicial.
Em um exposição nesta quinta, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, reafirmou seu compromisso de edificar a silêncio por meio da força, o que, segundo ele, ajudaria a transformar o Setentrião, restaurar a liberdade e os direitos humanos de seu povo e, por termo, saber a unificação.