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São Paulo (SP) – A notícia do afastameto da número 2 do mundo Iga Swiatek após testar positivo em exame antidoping foi comentada por Beatriz Haddad Maia, em entrevista ao podcast Novas bolas, por favordo jornalista Fernando Nardini e do ex-jogador profissional e comentarista de TV Fernando Meligeni. Bia, que tem boa relação profissional com a equipe de Swiatek e amizade com a polonesa fora das quadras, disse não ter dúvidas sobre a integridade da colega de circuito. Mas ela também cobra das autoridades antidoping a aplicação de regras mais igualitárias, independentemente do ranking ou da carreira de cada jogador.
Swiatek testou positivo para a substância proibida trimetazidina (TMZ). A investigação da Agência de Integridade do Tênis (ITIA) determinou que a origem da substância era um medicamento contaminado. E com isso, foi constatada ausência de culpa significativa ou negligência por parte da tenista, que sofreu uma suspensão de apenas um mês. Ela foi afastada provisoriamente a partir de 12 de setembro de 2024, antes de apelar com sucesso da decisão. A polonesa perdeu apenas três torneios, pôde voltar a jogar para disputar o WTA Finals e a Billie Jean King Cup e cumpriu os dias restantes da suspensão no fim da temporada.
“É um assunto muito sério e duro para os atletas. E que tem que ser, sim, conversado e exposto. Claro que a gente fica triste de acontecer casos como esse. Tenho certeza de que a Iga jamais tomaria alguma coisa para ter algum benefício de performance. Conheço a índole dela e os valores do time, eles são extremamente profissionais. Quanto a isso não tenho dúvida”, disse Bia.
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“Mas é questão é como o processo é diferente para cada julgamento. Acho que eles tratam diferente cada caso. Isso é muito desigual. Para começar, nem todos estão na mídia e nem todos têm como pagar advogados. Os casos dela e do [Jannik] Sinner foram muito parecidos, que teve contaminação, seja num creme ou num remédio”, acrescentou a número 1 do Brasil e 17ª do mundo.
Beatriz Haddad Maia sobre o caso de Iga:
“Tenho certeza de que Iga nunca faria nada para melhorar o desempenho.” pic.twitter.com/2fgvVFrTaN— Kris (@sz_iga_) 3 de dezembro de 2024
A jogadora de 28 anos comentou o caso da romena Simona Halep, que passou por um longo afastamento até o Tribunal Arbitral do Esporte diminuir a pena de quatro anos para nove meses. A brasileira também se recorda do próprio afastamento, entre 2019 e 2020, quando cumpriu 11 meses de suspensão provisória até conseguir comprovar a contaminação de um suplemento, o que possibilitou sua autorização para voltar a jogar.
“O caso da Halep foi exatamente a mesma coisa, com um suplemento. E no meu caso também foi assim. E eu demorei onze meses para poder comprovar minha inocência. Eu perdi muita coisa. Então, eu entendo o que a Halep falou no post dela. A regra é clara: Você é responsável por aquilo que está no seu corpo. Seja uma contaminação, igual aconteceu comigo, com a Halep e com a Iga”, comentou a vencedora de quatro títulos da WTA.
“É muito triste o tratamento. Por que eu tive que esperar tantos meses para provar minha inocência? Eu voltei sendo 1.300 do ranking e já tinha sido 58ª do mundo. Tive que começar do zero e ganhei meu primeiro título depois da suspensão passando por muita dificuldade. Perdi tudo, literalmente”.
Cuidado redobrado com alimentos, medicamentos e objetos pessoais
A experiência do afastamento faz com que a tenista aumente o grau de preocupação com tudo o que é consumido, entre alimentos e remédios, e diz que não compartilha objetos pessoais. “Precisamos ter muita preocupação com tudo o que a gente come e o que a gente usa. Meus médicos são super preocupados e preparados para isso. Então tem uma série de cuidados que a gente pode ter, inclusive da água e objetos pessoais, como toalhas e copos, mesmo com a minha mãe e minha irmã eu não posso dividir nada. Carrego uma necessaire com remédios para dor cabeça, infecção urinária, Tylenol e etc. E reporto tudo para a WADA. Os jogadores precisam reportar com antecedência tudo o que eles podem vir a tomar ao longo do ano”.
Casos como os que aconteceram com o brasileiro Nicolas Zanellato, que citou contaminação alimentar, também servem de alerta. “Tem brasileiro que está suspenso por uma contaminação de uma carne que comeu. Existe muito isso, também com mais meninos de outros países. Quando a gente vai para a China, Colômbia ou México, a gente não pode comer carne, porque os animais tomam anabolizantes no desenvolvimento deles. E se a gente comer a carne, o anabolizante aparece no exame. E tem gente que nem tem essa informação, testa no dia seguinte e é pego no doping”.
Bia também falou sobre o rígido controle da WADA que exige que os tenistas estejam à disposição para eventuais testes fora do período de competição. Em caso de três faltas, o jogador é suspenso, como aconteceu com Igor Marcondes.
“Você precisa estar disponível para ser testado a qualquer momento, inclusive hoje, amanhã ou no dia 25 de dezembro. Você não pode três faltas e precisa manter o telefone ligado o tempo todo. Por isso que eu digo que coloco a mão no fogo pela Iga. Eu sei que seria impossível para ela querer tirar vantagem de alguma forma, porque ela seria suspensa. A regra só tem que ser mais justa. Eu nunca soube de alguém que cumpriu parte da suspensão, jogou um torneio e depois cumpriu o resto. E não é algo contra a Iga, mas sim contra o sistema. Por que para uns demoram alguns dias para responder e para outros demoram meses? Você fica chateada porque é muita desigualdade”.
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