Setembro 21, 2024
Campos Neto: ‘Expectativa de inflação tem subido e é uma notícia ruim para o Banco Medial’

Campos Neto: ‘Expectativa de inflação tem subido e é uma notícia ruim para o Banco Medial’

RIO – As expectativas de inflação têm subido, por diferentes motivos, e isso é uma notícia ruim para o Banco Medialafirmou nesta sexta-feira, 24, o presidente da poder monetária, Roberto Campos Neto.

“A gente vê expectativa de inflação subindo bastante”, disse, durante o 10º Seminário Anual de Política Monetária, do Núcleo de Estudos Monetários (CEM) do Instituto Brasiliano de Economia da Instalação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro. “Tem vários fatores, tema de política fiscal, tema extrínseco, junto do tema de credibilidade do Banco Medial”, completou.

Segundo Campos Neto, o BC “olha muito no pormenor os dados na margem” da inflação no Brasil. Ele acrescentou que tem chamado atenção mais recentemente o indumento de que sempre que a inflação apresenta uma taxa mais comportada, esteja dependente de um preço de sustento mais baixa.

“A gente começa a pensar se, por desculpa do Rio Grande do Sul, por desculpa do que está acontecendo, o preço de sustento vai ser um pouco mais sobranceiro”, afirmou o presidente do BC.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Medial, comentou sobre expectativas de inflação Foto: GABRIELA BILÓ / PALCO

Segundo ele, a poder monetária também acompanha as projeções de cálculos de quanto custará a reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul, lembrando que algumas contas vão até 2% do PIB. “Isso tem influência no fiscal na frente”, lembrou.

Campos Neto afirmou que, no início do ano, se sentia “desconfortável” com o pressuposto de que a inflação já estava sob controle. “Lembro de um evento recente de um banco em São Paulo. Todos falavam que a última milha da inflação já tinha ido, que a inflação já tinha convergido. Aquilo me deixava muito desconfortável”, disse.

Ele assinalou que o dispêndio da crise de 2008 foi maior que o da pandemia de covid. “A gente viu que a crise de 2008 custou muito mais à economia global em termos de propagação de longo prazo.”

O presidente do BC comentou ainda a meta fiscal perto de zero, que faz pensar o que isso significa, gerando um questionamento maior sobre a convergência. Campos Neto mencionou o histórico de taxas de juros reais no País, ressaltando que houve melhora recente.

“A taxa de juros real está em menor do que foi no pretérito. (O rendimento real) Foi muito maior do que os emergentes por muito tempo, agora está praticamente colado. A gente vê que, ao longo do tempo, o Brasil tem sido capaz de velejar com taxas de juros reais um pouco mais baixas”, apontou ele, acrescentando que o BC tem uma taxa neutra um pouco menor que a estimada pelo mercado.

Quanto ao propagação da atividade econômica brasileira, Campos Neto disse que a expectativa do mercado é de expansão maior do que a prevista pelo BC. “A gente tem discutido o que isso significa para o aquecimento estrutural da economia”, apontou.

De forma universal, o BC “vê a secção do mercado de trabalho bastante muito” no País, disse.

Fábricas chinesas

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O presidente do Banco Medial afirmou ainda ser preciso observar qual será o dispêndio da capacidade ociosa em um grande número de fábricas na China. “A China é outro tema que a gente tem discutido bastante”, disse, lembrando que o país asiático tem pretérito por uma temporada de poderoso desinvestimento do setor imobiliário e investimento grande no setor industrial. “Dos investimentos no setor industrial, mais de 60% estão ligados a temas de eletrificação”, comentou.

Ao mesmo tempo, disse, as restrições comerciais contra o país estão subindo num padrão supra do observado no pretérito. “Isso faz com que haja uma capacidade ociosa grande na secção de eletrificação. Vemos em várias fábricas de carros elétricos, algumas inclusive ligadas a empresas de imobiliária que deram falso no pretérito.”

Neste cenário, apontou, pode ter ocorrido uma alocação ineficiente que terá impactos ainda desconhecidos. “Ficamos pensando se esse movimento de manada, orientado por uma teoria ou um setor, não gera uma alocação ineficiente e qual o dispêndio que isso vai ter lá na frente (que é a China).”

Desinflação americana

Para Campos Neto, a inflação dos EUA é tema recorrente de discussão e as autoridades financeiras vêm debatendo a situação. “A gente está sempre discutindo os EUA, perguntando de onde virá a desinflação americana”, disse.

Ele destacou que, nos EUA, há poderoso pressão nos custos, inclusive para promoção da sustentabilidade nas cadeias produtivas. “O dispêndio da sustentabilidade tem sido mais sobranceiro do que o imaginado anteriormente. O dispêndio de realocação das cadeias também.” Assim, haveria elevação da perspectiva da taxa de juros terminal no país.

Campos Neto disse ter um debate sobre o meato de transmissão da inflação, se seria efeito da poupança acumulada. “Há um debate se o padrão de consumo dos EUA mudou”, afirmou.

O presidente do BC disse ainda que, com os preços de virilidade parando de desabar, o segmento não dará imposto importante no controle da inflação ao volta do mundo.

“O duelo que a gente tem agora é o preço da virilidade parando de desabar. A virilidade não vai ser grande contribuidora. E a sustento é uma grande incógnita. Parece que não temos mais grandes elementos para expressar que vamos ter uma inflação de vitualhas caindo no mundo”, disse.

“Quando olhamos para vitualhas e virilidade, teve um grande pedaço da desinflação que veio dessa secção. Mas (o preço da) virilidade parou de desabar. Na Europa, elementos indicam que isso não vai ser mais um grande contribuidor (para o controle da inflação)”, continuou.

Ele observou que os índices de anomalia de temperatura têm piorado ao longo do tempo. “Quais os impactos disso em termos de preço para vitualhas e virilidade? Há um debate muito grande no mundo entre os banqueiros centrais, que é o quanto esse tema de sustentabilidade cabe na agenda do Banco Medial. Nós temos defendido que isso é muito importante porque influi na firmeza de preços”, disse.

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