Chamado para consultas a Brasília pelo chanceler Mauro Vieira, na segunda-feira, o mensageiro do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli, avalia que uma das prioridades nas relações com a Argentina é promover os interesses brasileiros no país vizinho. Segundo Bitelli, as relações bilaterais “fluem normalmente”, apesar das divergências entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Javier Milei.
— Acabei de trespassar de uma reunião super importante, de uma hora e meia, com o vice-presidente [Geraldo Alckmin]. Estamos vendo porquê está a situação na Argentina, que é um país que está passando por uma profunda transformação, e porquê podemos promover os interesses brasileiros nessa novidade Argentina — afirmou, ao GLOBO, o mensageiro.
Bitelli ficará no Brasil até semana que vem. Ele cumpre uma intensa agenda de encontros com autoridades federais, para explicar porquê estão as relações bilaterais. Javier Milei e Lula nunca conversaram.
O líder prateado, coligado do ex-presidente Jair Bolsonaro, costuma brigar Lula, chamando-o de corrupto, mas poupou o presidente brasiliano em um oração, no termo do mês pretérito, em um fórum de conservadores, em Santa Catarina. Para Julio Bitelli, o comportamento de Milei, que não citou o presidente brasiliano ao discursar no evento, foi visto de forma positiva.
Entre os pontos em generalidade nas relações bilaterais, ele citou o gás originário: a Argentina vem se tornando um grande produtor e o Brasil tem grande interesse em comprar o resultado.
— Simples que os presidentes são muito diferentes entre si. Mas a relação com a Argentina é super profunda, arraigada, importante. Mais do que divergências, o que existem são visões de mundo muito diferentes, em alguns casos até antagônicas. Mas não há por que contaminar uma relação que está fluindo com muita normalidade — disse o diplomata.
Outro ponto de interesse do governo brasiliano é a novidade legislação aprovada na Argentina. Os ministros que conversam com Bitelli querem saber se há implicações no negócio internacional, as novidades e que oportunidades se abrem para o negócio bilateral e os investimentos.
O mensageiro foi chamado por Vieira, não porquê uma mostra de insatisfação do governo brasiliano com Milei, conforme o Itamaraty. A teoria é tentar entender essa novidade veras. Perguntado se esse tipo de convocação é um tanto corriqueiro, Bitelli respondeu:
— Não é. Mas nossas relações com a Argentina não são corriqueiras.
Na segunda-feira, Bitelli se reuniu com o chanceler, Lula e os ministros da Justiça, Ricardo Lewandowski, e de Minas e Robustez, Alexandre Silveira. Nesta terça-feira, além de Alckmin, ele vai se encontrar com os ministros da Resguardo, José Múcio, e da Lavradio, Carlos Fávaro.