Lado das baianas no Carnaval de Manaus (Ingrid Anne/Manauscult)
25 de janeiro de 2024
22:01
Ricardo Chaves – Da Filial Cenarium
MANAUS (AM) – No próximo dia 3 de fevereiro, oito escolas de samba do grupo privativo vão desfilar em procura do título de campeã do Grupo Próprio do Carnaval da capital amazonense, no Meio de Convenções de Manaus (Sambódromo), na Avenida Pedro Teixeira, bairro Dom Pedro, Zona Meio-Oeste da cidade.
O tradicional lugar de apresentações vai ser palco de mais um espetáculo das escolas carnavalescas que, neste ano, preparam uma multiplicidade de enredos. Os sambas vão desde homenagens, contos e lendas afro-brasileiras até reflexões sobre sustentabilidade.
A AGÊNCIA CENARIUM listou os temas que vão ser abordados no Carnaval de Manaus, neste ano, e o que eles representam. Veja a seguir.
Grêmio Recreativo Escola de Samba (Gres) Unidos do Alvorada

Hora do desfile: 20h
Enredo: “Adetutu – O sonho de uma mãe africana”
A escola de samba Unidos do Alvorada, que não vence o Carnaval desde 2014, procura virar o jogo levando o tema “Adetutu – O sonho de uma mãe africana”. A sociedade faz referência à mito de Adetutu, uma jovem mãe africana aprisionada por caçadores de pessoas escravizadas e transportada ao Brasil em um navio negreiro.
Durante a viagem, Adetutu sonha com a origem do mundo criado pelos orixás, deuses de seu povo. Em seu sonho, ela torce por Oxalá, ganha a cumplicidade de Exu, vibra com a atuação de Xangô e emociona-se com Yemanjá.
“Os contos e lendas mostrados em seus sonhos fazem secção do patrimônio mitológico iorubá que o Brasil herdou da África e que cá se preservou ao longo de mais de um século, descrito de boca em boca, transmitido de geração em geração e que, hoje, é secção constitutiva da nossa cultura”diz a publicação nas redes sociais da escola de samba.
O samba-enredo é formado por Ketlen Mayara, Luciano Canavarro, Ademir Rodrigues, Jozimar (Joca), Sandro Romero, Leo Rodrigues, Rui Baia e Betinho Azevedo.
Ouça: Adetutu – O sonho de uma mãe africana
Grêmio Recreativo Escola de Samba (Gres) Vila da Barra

Hora do desfile: 22h40
Enredo: “Quem não vive para servir, não serve para viver. Salve! Salve! Sêo Potô, Rebelde Sinhô! O rei da malandrice, seu Zé Pilintra Chegou”
A Vila da Barra, escola da Zona Oeste de Manaus, do bairro Compensa, quer levar toda a luz e sabedoria de seu Zé Pilintra, o bom malandro, para a avenida em 2024. Considerado uma das mais importantes entidades de cultos afro-brasileiros, o rei da malandrice protege o povo da rua nas noites e madrugadas.
O enredo conta a história de José dos Anjos, nascido no Estado de Pernambuco, na cidade de Bodocó (a 630 quilômetros da capital Recife). Há quem acredite que, na vida terrestre, Zé Pilintra era divulgado por esse nome.
“Vamos mostrar sua vida e a pessoa do muito que ele era. A que cuida, trato e tem carinho pelos seus filhos. A vida de José dos Anjos será o foco e, certamente, o nosso maior destaque do Carnaval da Vila da Barra. Mostrar o varão bondoso e honesto que ele foi”, afirma o presidente da escola, Apolo Ferreira.
Ouça: Quem não vive para servir, não serve para viver. Salve! Salve! Sêo Potô, Rebelde Sinhô! O rei da malandrice, seu Zé Pilintra Chegou
Grêmio Recreativo Escola de Samba (Gres) Reino Uno da Liberdade

Hora do desfile: 00h
Enredo: “Matriarcas”
No Carnaval de 2024, o Reino Uno da Liberdade celebra as mulheres que, com resistência e paixão, moldaram o pretérito, influenciam o presente e semeiam o porvir. A escola vai simbolizar o feminino e a ancestralidade amazônica.
Um dos compositores do samba, neste ano, é Betinho Superior, componente da flanco de compositores da escola. Além dele, o enredo é de autoria de Malheiro Junior, Julson Sicsu, Rony Cruz, Paulino Braga e Claudio Mouta, e teve participação privativo de Dom Hemerson, além de Antonio Silva.
“Vamos falar do divulgado avito oriundo dessas mulheres que são a base da nossa sociedade e da vida. São nossas avós, nossas mães, nossas tias, nossas esposas. E todas elas que nos trazem um conhecimento diversificado. Falar de matriarca é falar de conhecimento no nosso dia a dia. É de porquê nós devemos nos doar para sermos seres humanos melhores”, explica Betinho Superior.
Dona de 13 títulos do Carnaval de Manaus, Bentinho diz que o diferencial da escola vai ser a força da comunidade da Zona Sul, composta pelos bairros Morro da Liberdade, Santa Luzia, São Lázaro, Betânia, Crespo, dentre outros.
Ouça: matriarcas
Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba (Grces) A Grande Família

Hora do desfile: 2h40
Enredo: “Kianumaka-Manã, a protetora das flores”
Atual vice-campeã do Carnaval de Manaus, a Grande Família vai levar para a avenida o esquina do coração da floresta e os segredos dos animais selvagens para preservar a fauna, a flora e os povos indígenas. A escola de samba da Zona Leste embarca na mito da diva onça Kianumaka-Manã, que abençoa a guerra indígena contra a exploração proibido da mata.
Com o enredo “Kianumaka-Manã – a Protetora da Floresta”, o objetivo é mostrar os envolvidos em prol da preservação, personificados na figura de Kianumaka-manã, abordando a luta pela razão ambiental. É um grito de socorro diante de um mundo assolado pela devastação e exploração da floresta.
O grupo Barraco da Trova compôs o enredo deste ano. Um dos integrantes do grupo é Gueivy Garcia, que diz estar entusiasmado, já que o samba caiu nas graças da comunidade. “Esse ano, tivemos a alegria de ver o nosso samba cantado por todos na primeira noite de apresentação. Na avenida não vai ser dissemelhante”diz García.
Além de Gueivy Garcia, assinam o enredo: Fabio Soldado, Antônio Silva, Jackson Sicsu, Alan Vasconcelos, Frank Ladislau, Roney Cruz, Paulino Braga, Marcos Almeida e Gean Souza.
Ouça: Kianumaka-Manã, a protetora das flores
Grêmio Recreativo Escola de Samba (Gres) Dragões do Poderio

Hora do desfile: 5h20
Enredo: “Baobá – Rompendo as correntes da escravidão”
A escola de samba do bairro de São Jorge, na Zona Oeste de Manaus, vai levar para a avenida o tema “Baobá – Rompendo as correntes da escravidão”. A sociedade vai tratar da intolerância religiosa e tutorar, na avenida, a liberdade de crença e que todos possam professar sua fé.
A Dragões vai descrever, ainda, a saga do povo africano e clamar pelo rompimento das correntes invisíveis da escravidão que ainda persistem. A escola promete levar luta, resistência e esperança pela paridade e reverência.
Ouça: Baobá – Rompendo as correntes da escravidão
Escolas de samba
Outras agremiações também se preparam para a disputa do título. A Andanças de Cigano, da Zona Sul, entra na avenida às 21h20, com o enredo “Sofia – A arte da sabedoria”. A Mocidade Independente de Aparecida, também da Zona Sul, se apresenta às 1h20 com o enredo “O madeira é testemunha. A floresta causa, luta e suor, união para perpetuidade. Aparecida vem mostrar a saga da família cidade”.
A partir das 4h da manhã, a Vitória Régia, Zona Sul, leva para a avenida o enredo “Arte, magia, samba e reciclagem. Na natureza, zero se cria, zero se perde, tudo se transforma”.