Só que teria que ser um conluio gigantesco, porque o BC leva em consideração a mediana (número que se encontra exatamente no núcleo) das estimativas de inflação de 160 casas diferentes. É muita gente para montar um posse que afete a mediana. Outrossim, o BC instituiu o Top 5 —os cinco economistas que acertam mais os dados de inflação. Estar nessa seleta lista é ótimo para a curso de qualquer um.
A segunda tese é de que as estimativas de inflação do Focus estão subindo, mas a inflação manante está caindo. Nesta semana, o IPCA-15 (prévia da inflação) mostrou subida de 0,44% em maio, conforme o IBGE. O percentual é superior ao 0,21% de abril, mas subordinado ao 0,51% registrado em maio do ano pretérito.
Foi o suficiente para a presidente do PT, Gleisi Hoffman, publicar nas redes sociais:
“Os dados divulgados pelo IBGE confirmam que a inflação está sob controle e tende a tombar mais nos próximos meses (…). É exatamente o contrário do que dizem o mercado e o presidente do BC, que manipulam informações para pressionar a manipulação da maior taxa de juros do planeta. Essa manipulação, por sinal, vai ser investigada finalmente pela Polícia Federalista, a pedido do Ministério Público do TCU. A estudo do tal boletim Focus, que só ouve bancos e corretores, indica a atuação de um posse criminoso que faz projeções pessimistas de inflação para pressionar os juros”.
O que Gleisi e alguns economistas parecem olvidar é que o Banco Meão está preocupado em controlar a inflação futura e que expectativas de inflação são exatamente isso —expectativas. E, portanto, não se guiam somente pelos dados correntes. Se há uma piora no cenário fiscal, uma vez que recentemente ocorreu com a mudança da meta, o mercado se preocupa com a sustentabilidade das contas, o aumento da dívida e a tendência da inflação.
Se há uma repartição no Copom e um sinal de que o próximo colegiado, indicado pelo governo Lula, pode ser mais leniente com o processo inflacionário, o mercado desconfia que a inflação pode subir no horizonte. Tudo isso leva a uma deterioração das expectativas futuras de inflação, apesar dos preços correntes.