Setembro 29, 2024
Copom interrompe cortes e mantém juros básicos em 10,5% ao ano

Copom interrompe cortes e mantém juros básicos em 10,5% ao ano

A subida recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas fizeram o Banco Médio (BC) interromper o incisão de juros iniciado há quase um ano. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 10,5% ao ano. A decisão era esperada pelos analistas financeiros .

A manutenção ocorre em seguida o Copom reduzir a Selic por sete vezes seguidas. Na última reunião, em maio, a velocidade dos cortes diminuiu. De agosto do ano pretérito até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio, a taxa tinha sido cortada em 0,25 ponto percentual.

Diferentemente da última reunião, que teve um placar dividido, a decisão ocorreu por unanimidade. Em enviado, o Copom justificou que decidiu interromper o ciclo de queda dos juros por justificação do cenário global incerto e porque a subida da inflação doméstica e as expectativas “desancoradas” exigem maior cautela.

“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. A inflação enxurrada ao consumidor tem apresentado trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram supra da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, destacou o texto.

Segundo o Copom, a lance atual está marcada por uma desinflação mais lenta que o esperado, um cenário global reptante e a desancoragem das expectativas de inflação pelo mercado financeiro. A situação atual, destacou o enviado, “demanda serenidade e moderação na meio da política monetária”.

A taxa está no menor nível desde fevereiro de 2022, quando estava em 9,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à subida dos preços de vitualhas, de robustez e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas, quando começou a ser reduzida.

Antes do início do ciclo de subida, a Selic estava em 2% ao ano, no nível mais reles da série histórica iniciada em 1986. Por justificação da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Médio tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Médio para manter sob controle a inflação solene, medida pelo Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Grande (IPCA). Em maio, o Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Grande (IPCA), considerado a inflação solene, subiu para 0,46%. Segundo o Instituto Brasiliano de Geografia e Estatística (IBGE), os vitualhas puxaram o indicador em seguida as enchentes no Rio Grande do Sul.

Com o resultado, o indicador acumula subida de 3,93% em 12 meses, cada vez mais distante do núcleo da meta deste ano. Para 2024, o Recomendação Monetário Vernáculo (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem permanecer inferior de 1,5% neste ano.

Não é o último Relatório de Inflaçãodivulgado no término de março pelo Banco Médio, a mando monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2024 em 3,5%. A estimativa, no entanto, foi divulgada antes da subida do dólar e das enchentes no Rio Grande do Sul. O próximo relatório será divulgado no término de junho.

As previsões do mercado estão mais pessimistas. De combinação com o boletim Focopesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação solene deverá fechar o ano em 3,96%, inferior portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 3,8%.

Crédito mais barato

A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflaçãoo Banco Médio aumentou para 1,9% a projeção de incremento para a economia em 2024.

O mercado projeta incremento um pouco melhor. Segundo a última edição do boletim Focoos analistas econômicos preveem expansão de 2,08% do PIB em 2024.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Privativo de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Médio segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para trinchar a Selic, a mando monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

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ArteDJOR

Material ampliada às 18h52

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