Abel Ferreira está primeiro do Palmeiras há quase 1300 dias. No clube desde novembro de 2020, o treinador nunca passou perto de permanecer tanto tempo em uma mesma equipe. No Braga e no Braga B, onde ficou mais, foram 800 dias em cada.
Em nenhum dos clubes em que trabalhou, Abel também se aproximou do sucesso que experimenta no Palmeiras. Mesmo porque, até levantar a Taça Libertadores de 2020, ele nunca havia conquistado um título sequer. E já são dez taças pelo Alviverde.
As situações expostas nos parágrafos supra desembocam em um problema inédito na curso do português. Pelo período mais pequeno que passou em seus clubes anteriores, o técnico nunca teve de trabalhar a sucessão completa de uma geração. E fica cada vez mais simples que esse é o atual momento do Alviverde.
Por nunca ter precisado pilotar um processo assim, Abel claramente patina na hora de montar o time. Tentando balancear interesses e oscilando entre a estudo técnica pura, a gratidão, a crédito e a jerarquia do elenco na hora de escalar.
Só que o futebol serpente coragem e firmeza em alguns momentos. Da porta para dentro da Ateneu de Futebol, é certamente mais fácil manter os jogadores mais antigos felizes. O ponto é que as competições acontecem do portão para fora.
Desgaste enorme
Dos seus primeiros homens de crédito, Abel já perdeu cinco: Viña, Danilo e Scarpa deixaram o clube. E Marcos Rocha e Luan perderam a titularidade. Mas a lista não para por aí. E as bolas da vez são Zé Rafael e, principalmente, Rony e Raphael Veiga.
Até parecia que Rony havia perdido status. Na reta final do Campeonato Brasílio do ano pretérito, o camisa 10 foi para o banco. Mas, na atual temporada, sempre que tem chance, o português o coloca no campo
Com 27 participações, sendo nove porquê titular, ninguém jogou mais do que Rony neste ano, embora o mau momento técnico do jogador esteja cada vez mais evidente. Diante do Atlético-PR (0 a 2)pelo Campeonato Brasílioperdeu três chances — duas delas, frente a frente com o goleiro Bento.
Nas redes sociais e nos estádios, o atacante vem sendo intuito de xingamentos. Situação que, conforme ele confessou ao UOLo abalam. O desgaste é tanto, que um pedido do jogador para deixar o clube não seria zero surpreendente. Alguma coisa que Rony negou, na mesma entrevista, que tenha feito ou vá fazer.
Veiga se salva pela técnica. Zé, pelo Departamento Médico
A situação de Raphael Veiga perante a arquibancada e as redes só não é semelhante à de Rony porque o palmeirense tem reverência pela capacidade técnica do seu camisa 23 — argumento que Rony não pode usar a seu obséquio.
Até parecia que Abel enfim iria colocar Raphael no banco, quando o deixou fora da delegação que foi a Cuiabá vencer o time da moradia por 2 a 0. Mas, no jogo seguinte, Veiga fez dois gols no 5 a 0 sobre o Liverpoolna Despensa Libertadores, e já foi reabilitado.
Contra o Furacão, porém, voltou a fazer uma péssima partida, sendo responsável direto pelo resultado, ao perder um pênalti quando o jogo estava 0 a 0, nos acréscimos do 1º tempo. No lance seguinte, os visitantes fizeram 1 a 0.
Zé Rafael ficou seis jogos fora, por conta de uma lombalgia. O camisa 8 saiu de cena em um momento oportuno para Abel, já que a melhora de rendimento com Aníbal Trigueiro e Richard Ríos era óbvia.
Há dois jogos, Zé voltou à equipe. E com a lesão ocular de Aníbal, que deve permanecer fora por muro de dez dias, o Trem inclusive retornou à função de 5. Mas porquê será quando o prateado voltar? Abel vai ter peito de bancar a saída de mais um dos seus líderes e homens de crédito?