A confusão na sessão do Juízo de Moral da Câmara desta manhã (05), que arquivou o pedido de cassação contra o deputado André Janones (Avante-MG), teve um segundo round nas redes sociais. Janones e Nikolas Ferreira (PL-MG), que, em meio a empurra-empurra, provocações e xingamentos, prometeram se enfrentar “lá fora”, continuaram trocando farpas no X, o idoso Twitter.
Nikolas jogou “a culpa” da confusão desta manhã em Janones: “Provoca, labareda combate e quer que fique cómodo? Ninguém é de ferro”, declarou em um post. Em outro, disse que o também deputado e seu colega de partido Júnior Lourenço, que votou para livrar Janones da cassação, “será expulso do PL”.
Foram 12 votos a 5 contra a cassação de Janones. Junior Lourenço (PL-MA) estava uma vez que titular numa vaga destinada à federação PSDB-Cidadania, por conta de uma troca com o partido.
No X, posteriormente a sessão, Janones chamou Nikolas de “frouxo”. “Correu quando eu chamei pra conversar do lado de fora”, disse, usando termos pejorativos. “A valentia é só nas redes sociais?”
Janones também publicou uma foto de Nikolas nos corredores da Câmara. “E volta o cão contrito”, escreveu.
Os dois deputados, Janones e Nikolas, são participantes ativos nas redes sociais e estão entre os parlamentares com maior número de seguidores. Janones tem 1 milhão e Nikolas 3,7 milhões.
O pedido de cassação de Janones, arquivado nesta quarta-feira, tratava sobre uma suspeita de “rachadinha” – prática por receber segmento dos salários de assessores.
Janones foi gravado em 2019 por assessores em uma reunião em que ele pede que os funcionários passem segmento de seus salários para ele. Segundo o áudio, o verba teria o objetivo de reconstituir seu patrimônio, “que foi dilapidado” quando ele tentou se escolher prefeito de Ituiutaba (MG) em 2016, e para edificar um “caixa” para a campanha seguinte.
O áudio foi divulgado pelo portal “Metrópoles” em novembro do ano pretérito e o PL pediu a cassação do parlamentar.
Janones rebateu, na resguardo apresentada ao juízo, que o áudio foi “editado e descontextualizado” e que se tratava de uma reunião com integrantes do seu “grupo político” e amigos pessoais para que se fortalecessem para disputar as próximas eleições. “Não se tratava de repor salários, mas de contribuições espontâneas, com a participação do parlamentar, sem qualquer obrigação ou valores definidos”, afirmou.
A sessão de votação, nesta manhã, foi marcada por bate-boca e confusão do início ao termo. Veja, aquém, o vídeo do empurra-empurra e das discussões que ocorreram posteriormente o resultado da votação ser divulgado:

Vídeo: Deputados trocam acusações e tapas em sessão para votar cassação de André Janones
O processo foi relatado pelo deputado e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (Psol-SP), que defendeu o arquivamento do pedido, e escoltado pela maioria dos parlamentares.
Boulos argumentou que os fatos narrados ocorreram antes do atual procuração e que, por isso, o precedente do Legislativo é que não cabe punição pelo Juízo de Moral, somente pelo Poder Judiciário. Boulos não entrou no valor da querela.