Setembro 30, 2024
Depois ‘racha’, BC retoma unanimidade e mantém Selic em 10,5% ao ano, mesmo sob pressão de Lula

Depois ‘racha’, BC retoma unanimidade e mantém Selic em 10,5% ao ano, mesmo sob pressão de Lula

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Mediano (BC) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, posteriormente sete cortes consecutivos iniciados em agosto do ano pretérito, quando a taxa estava em 13,75%.

A decisão interrompe o ciclo de queda a contragosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse nesta terça-feira julgar que “não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, mas em risca com a expectativa do mercado financeiro.

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Segundo expedido do Banco Mediano, a decisão foi tomada de forma unânime pelos nove integrantes do Copom, em contraste com a subdivisão (5 a 4) da reunião anterior, que terminou com redução de 0,25 ponto percentual na Selic.

Havia uma expectativa sobre o voto do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que é considerado o predilecto para ser indicado por Lula para substituir o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, a partir de 2025 adiante da poder monetária.

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Mesmo com críticas de Lula ao atual líder do BC e ao que considera sobranceiro patamar dos juros na véspera do Copom, Galípolo votou pela manutenção da taxa básica. O voto de Galípolo era um dos principais focos de analistas de mercado, que procura nas posições dele sinais de porquê deve atuar o BC a partir do ano que vem. Ele tem a difícil missão de se lastrar entre o que quer Lula e o que o mercado espera dele, conforme mostrou reportagem do GLOBO no domingo.

O voto de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC, era o mais esperado pelos analistas de mercado — Foto: Cristiano Mariz
O voto de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC, era o mais esperado pelos analistas de mercado — Foto: Cristiano Mariz

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, afirmou que o mais importante da reunião do Copom é que teve unanimidade entre os membros do colegiado.

— Essa é uma incerteza que a gente tinha no mercado, ainda mais depois da entrevista do presidente Lula, pressionando o Banco Mediano, e houve um alinhamento, porque todos os diretores viram que é um momento bastante quebradiço — afirmou Agostini.

Ó expedido também sinalizou que a taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer em 10,5% ao ano por um longo período. No texto divulgado pelo BC, o colegiado introduziu um cenário recíproco para a inflação que considera a Selic fixo até o término de 2025. Nesse caso, a projeção de inflação do BC para o ano que vem fica em 3,1%, próximo do meio da meta de 3,0%.

Já no cenário de referência, que considera a estimativa de Selic do Boletim Focus, a projeção de inflação fica em 3,4%. Atualmente, o BC foca integralmente no ano de 2025 no trabalho de convergência inflacionária.

“A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não unicamente o processo de desinflação porquê também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê se manterá vigilante e relembra, porquê usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz trecho do expedido.

Em uma pesquisa realizada pelo Valor Data com 132 instituições, 123 esperavam firmeza da Selic em 10,50%, enquanto unicamente nove viam espaço para mais um golpe de 0,25 ponto percentual, porquê na reunião de maio.

A manutenção da taxa ocorre em um momento de disparada do dólar, que tem impactos inflacionários, e do aumento dos riscos fiscais, principalmente posteriormente a mudança da meta de 2025 e da exiguidade até o momento de medidas concretas de golpe de gastos.

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Aliás, a inflação manante medida pelo IPCA subiu de 3,69% em 12 meses até abril para 3,93% no período encerrado em maio, contra uma meta de 3,0% neste e nos próximos anos.

As expectativas de inflação futura, já distantes da meta, se afastaram ainda mais desde o Copom de maio. Entre os motivos estão temores sobre o compromisso do BC com a meta de inflação quando a maioria do colegiado for formado por indicados do governo Lula.

Para 2025, ano em que o BC mira para colocar a inflação na meta, houve subida de 3,64% para 3,80% na mediana do Boletim Focus. Mesmo a projeção do Copom já estava supra do branco a ser perseguido no último encontro, em 3,3%.

Ainda houve deterioração no Focus de expectativa mais longa, de 2026, de 3,50% para 3,60%. Por término, o cenário internacional está mais oposto para o Brasil diante do diagnóstico de que os juros americanos ficarão altos por mais tempo.

Na última reunião do Copom, no mês pretérito, o BC tinha deixado o caminho descerrado para as decisões futuras, citando que as incertezas no cenário global, a resiliência da atividade doméstica e as expectativas de inflação longe da meta demandavam cautela.

A decisão de maio aumentou bastante a temperatura em torno do comitê em função do racha entre os quatro diretores indicados por Lula, que queriam um golpe de 0,50 ponto percentual, e os cinco membros que já estavam no comitê no governo anterior, cuja decisão foi por uma queda de 0,25 ponto.

Ainda que os dissidentes tenham apresentado argumentos técnicos, ligados principalmente à indicação dada na reunião anterior por golpe de 0,50 ponto, a subdivisão aumentou os temores de uma postura mais tolerante com a inflação a partir de 2025, quando os nomeados pelo presidente da República serão maioria. No término do ano, acabam os mandatos do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e de outros dois diretores.

A politização em torno do Copom aumentou ainda mais na semana passada devido à ida do presidente do BC a um jantar oferecido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Jair Bolsonaro, em sua homenagem. Na ocasião, segundo o jornal Folha de S.Paulo, Campos Neto teria dito a interlocutores que aceitaria ser ministro da Quinta de Tarcísio caso ele concorra ao Palácio do Planalto e ganhe as eleições em 2026.

Na terça-feira, em entrevista à CBN, Lula afirmou que a única coisa “desajustada” no país é o Banco Mediano e questionou a autonomia de Campos Neto.

— Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse momento: é o comportamento do Banco Mediano. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Mediano que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país.

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