Dita em desabafo, uma vez que um prefácio para o raciocínio que lhe sucedeu, a frase de Sérgio Conceição foi um pouco acintosa para o que seria inaugurado dali a dias: “Vamos entrar num período que está cândido durante muito tempo.” Pouco antes da viradela do ano, o treinador do FC Porto foi questionado sobre o mercado de transferências de inverno, quando os clubes podem voltar a inscrever jogadores e, no ideário de quem segue o futebol, a comprá-los, embora os negócios possam ser fechados com um ‘passou-bem’ em qualquer fundura do ano. De forma breve, Conceição aparentou o desprazer de quem trabalha num país onde, neste período, os clubes correm “sempre o risco de perder alguns dos seus principais ativos”.
Esta frase já é de Diogo Boa-Espírito. O diretor desportivo, saído do Lar Pia há uma semana, está cônscio da sina de quem mora na periferia dos campeonatos que guardam os maiores cifrões do futebol na Europa. Jogando com as sobras das migalhas, o tempo em que o mercado se mantém cândido ‘inventa’ um novo oponente, durante 30 dias, para os clubes portugueses. “Um mês inteiro acho exagerado, o ideal seria 15 dias, para que não haja tanta instabilidade nas equipas. É um período em que os jogadores estão sempre a pensar se podem ter uma proposta, melhorar a sua vida e ter uma transferência”, argumenta ao Expresso quem, além do clube de Pina Manique, em Lisboa, também se encarregou dos projetos do Vitória Sport Clube e do Santa Clara, na I Liga.