Março 20, 2025
Escolha de J.D. Vance liga republicanos aos trabalhadores – 19/07/2024 – João Pereira Coutinho

Escolha de J.D. Vance liga republicanos aos trabalhadores – 19/07/2024 – João Pereira Coutinho

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Podemos expressar tudo sobre o Donald. Mas não é verosímil negar a sua esperteza política. A escolha de J.D. Vance porquê vice é o exemplo mais fulgurante. Ali está o herdeiro do trumpismo?

Manifesto. Mas esse não é o ponto. O ponto é que a escolha de Vance consagra definitivamente os republicanos porquê o partido da classe trabalhadora branca nos Estados Unidos. A mudança é tão sísmica porquê a transformação do sul segregacionista e democrata (até 1950) em bastião dos republicanos (depois de 1950 e até hoje).

Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria ler as palavras de Trump justificando a escolha: “Os trabalhadores e agricultores americanos na Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio, Minnesota e muito além” terão em J.D. Vance o seu protector.

Trump sabe que, para lucrar a Mansão Branca, precisa da Pensilvânia (primeiro que tudo) e depois do Michigan e do Wisconsin, que votaram em Trump (em 2016) e em Joe Biden (em 2020). Porquê reconquistar ambos?

Escolhendo um legítimo fruto dessa América abandonada.

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Perante isso, a pergunta é óbvia: porquê foi verosímil que a esquerda americana (e não só) tenha insensato assim a sua tradicional base de base?

O economista (de esquerda) Daron Acemoglu tenta explicar o suicídio em entrevista ao teutónico Der Spiegel.

Para iniciar, os políticos da “terceira via” (Bill Clinton, Tony Blair, Gerhard Schröder) renderam-se às promessas fáceis da globalização, na esperança ingênua de que ninguém ficaria para trás.

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Sabemos hoje que esse otimismo foi excessivo, sobretudo para os trabalhadores menos qualificados.

A automatização crescente na cultivação e na indústria, desde a dezena de 70, já tinha feito os seus estragos. A deslocalização de postos de trabalho para mercados emergentes foi o golpe de misericórdia para a classe operária ocidental.

A esse saudação, lembro sempre as palavras de Francis Fukuyama no importante “Liberalismo e seus Descontentes”: “Poucos eleitores pensam em termos de riqueza agregada. Eles não dizem para si mesmos: “Muito, posso ter perdido meu trabalho, mas pelo menos há outra pessoa na China ou no Vietnã, ou um novo imigrante no meu país, que está proporcionalmente em situação muito melhor”.

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De roupa. O trabalho tem uma valor pessoal e comunitária que nenhum subvenção, nenhuma transferência da previdência social, consegue substituir.

Que o liberal Fukuyama tenha entendido esse roupa, ao contrário de outros liberais, só aumentou meu saudação por ele.

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Por outro lado, Daron Acemoglu acerta em referto ao relembrar a grande substituição que os progressistas americanos (e europeus) promoveram: no lugar da classe trabalhadora, colocaram as elites intelectuais e suas agendas minoritárias. Resultado?

Uma dissonância cognitiva entre as preocupações dos trabalhadores e as prioridades dos partidos progressistas.

O caso da imigração é o mais grandiloquente: se a imigração sem restrições é percepcionada porquê uma ameaço pelos trabalhadores nativos pouco qualificados, o mesmo não acontece entre as elites, que até precisam de motoristas ou empregadas domésticas.

Sem surpresas, o tema desapareceu das conversas civilizadas. Só “fascistas”, na encantadora linguagem da esquerda mais radical, se preocupam com a imigração descontrolada.

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A mensagem de Acemoglu é simples e certeira: se a direita populista é um problema para a democracia, portanto a esquerda desertora terá de voltar a sujar as mãos com a “cesta dos deploráveis”.


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