Março 21, 2025
Esquerda é partido mais votado em Berlim; AfD prevalece no Leste
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Em contraste com o resto do país, capital alemã dá preferência à oposição de esquerda. Já a ultradireita se consolida nos estados da antiga Alemanha Oriental – mas avança também em “cinturões de ferrugem” no oeste.Minoritário no cenário nacional, o partido alemão A Esquerda (Die Linke) foi o mais votado em Berlim. Com 19,9% dos votos – um recorde para a legenda na cidade -, ela superou por estreita margem até mesmo os conservadores da União Democrata Cristã (CDU), vencedores da eleição geral deste domingo (23/02), mas preferidos por apenas 18,3% dos eleitores da capital alemã.

Com isso, A Esquerda terá seis dos 24 parlamentares eleitos por Berlim. No parlamento inteiro, os esquerdistas devem ocupar 64 das 630 cadeiras – a menor bancada do Bundestag.

O partido surpreendeu analistas que davam como certa sua trajetória rumo à irrelevância, mobilizando eleitores com uma campanha focada em temas sociais e na defesa da taxação de ultrarricos, mas também com uma oposição clara às políticas de migração defendidas pela CDU. Em Berlim, o partido também investiu em iniciativas de apoio a inquilinos pressionados pelo alto custo dos aluguéis na cidade.

Berlim é famosa nacionalmente pelo seu alto percentual de estrangeiros e alemães de ascendência estrangeira, que respondem por quase 40% da população.

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A capital alemã, dividida em 12 distritos, foi palco da disputa regional mais acirrada da eleição. A Esquerda foi o partido mais votado em seis deles, cujo traçado coincide em boa parte com as fronteiras da antiga Berlim Oriental. A exceção ficou por conta do distrito periférico de Marzahn-Hellersdorf, no leste, onde a sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) saiu na frente – pela primeira vez.

Do outro lado, na antiga Berlim Ocidental, os melhores resultados couberam aos conservadores da CDU. Ainda assim, eles ficaram abaixo da média nacional.

O resultado das eleições em Berlim não poderia ser mais diferente do resto da Alemanha (veja gráfico abaixo): Esquerda com 19,9%, conservadores com 18,3%, Verdes com 16,8%, AfD com 15,2% e SPD com 15,1%. Já o nanico BSW, sigla populista de esquerda, teria presença garantida no parlamento, com 6,6%, se dependesse dos berlinenses. Já os liberais do FDP, com 3,8%, seriam banidos do Bundestag.

O mapa dos resultados eleitorais revela uma capital alemã claramente mais à esquerda que o resto do país, mas praticamente cercada por eleitores da AfD; a ultradireita anti-imigração só não foi mais popular em Potsdam. No resto de Brandemburgo, um em cada três eleitores depositou seu voto na AfD.

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Leste alemão, bastião da AfD, mas partido também avança no oeste

Apesar de a AfD ter ficado em segundo lugar nas eleições gerais, se dependesse somente do leste alemão, a legenda terminaria o pleito em primeiro lugar. Ela foi a mais votada na esmagadora maioria dos distritos, com exceção de três distritos nas regiões de Leipzig, Potsdam e Berlim.

Ali, na antiga Alemanha comunista, 36,6% dos eleitores escolheram a AfD – muito acima dos 20,8% conquistados no cenário nacional.

Já os três partidos que integraram a coalizão de governo derrotada neste domingo tiveram desempenho bem abaixo do resultado nacional: o SPD teve 10,8%, os Verdes saíram-se com 5,6% e o FDP, com 3,1% – um sinal claro de insatisfação do eleitorado.

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Mas, pela primeira vez, a popularidade da AfD extrapolou as fronteiras do leste alemão, e começou a avançar em “cinturões de ferrugem” do oeste que vem sendo afetados pela desindustrialização.

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O partido também foi o mais votado nos distritos de Kaiserslautern (25,9%), na Renânia-Palatinado, e Gelsenkirchen (24,7%), na Renânia do Norte-Vestfália. Neste mesmo estado, num distrito de Duisburg, um centro urbano qye vem sendo afetado pela perda de população nas últimas décadas, o partido perdeu por pouco para o SPD, mas ainda obteve uma votação significativa (24,6%).

Na Baviera, a AfD até obteve votações melhores que isso em três distritos, mas não conseguiu superar a popularidade da União Social Cristã (CSU), partido-irmão da CDU.

O crescimento da AfD na antiga Alemanha Ocidental, onde a legenda somou 18% (contra 20,8% a nível nacional), foi decisivo para a expansão da bancada no Parlamento.

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A Renânia do Norte-Vestfália, por um exemplo, é um dos estados que também concentra um número acima da média de imigrantes. Ali, a AfD obteve 16,8% dos votos, 7,3% a mais que em 2021. Já na Baviera, esse número foi de 20,8% – o dobro de 2021, num resultado idêntico ao nacional.

A AfD foi bem-sucedida na mobilização de 2 milhões eleitores descrentes com o sistema político, que já não votavam mais em eleições. Também conseguiu convencer alguns que, na eleição de 2021, haviam apostado nos partidos tradicionais: tirou 1 milhão de votos dos conservadores, 890 mil dos liberais e 720 mil dos social-democratas. E até mesmo 210 mil ex-eleitores d’A Esquerda e dos Verdes migraram para a AfD.

RA (DPA, OTS)

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