Estou de volta enxurro de alegria e gratidão por tanta gente que se preocupou comigo. O nome do blog é tão certeiro (não fui eu quem deu, deixo simples porque ego de alcoólico é potente) que a primeira coisa que todos pensaram, até os mais próximos, era que eu tinha tido a terrível e temida recaída. Tenho certeza de que se alguém me contasse o que ocorreu eu também não duvidaria de que eu teria bebido.
Bom, a boa notícia é que eu não recaí, sigo firme no propósito de confiar que o crucial é evitar não só a bebida mas qualquer substância que altere meu humor. A péssima notícia é que eu tive um princípio de surto devido a uma série de questões que eu não saberia explicar, um quadro que envolve saúde mental e que para ser esclarecido cá eu precisaria de ajuda médica. Mas o motivo principal eu sei: eu estava muito feliz.
Desde o primeiro texto eu digo uma vez que sou contente estando sóbria e uma vez que não viver mais numa prisão me deixa aliviada. Pois muito, há pouco tempo tive uma teoria para comemorar o natalício de um ano do blog (comecei em junho de 23!!). Nem eu acreditava que meus textos seriam tão lidos, que sobreviveriam tanto em um dos principais jornais do país.
Aí entra um fator tenebroso que é a euforia. Eu tive a teoria de fazer entrevistas com pessoas famosas para comemorar esse natalício. E consegui! Entrevistei três grandes pessoas queridas que hoje vivem sem o álcool.
Eu estava feliz, meu projeto do blog estava dando perceptível. Mas, na quesito de alcoólico de carteirinha, eu queria entrevistar mais gente para poder ter mais impacto, invocar a atenção para a mensagem de que o alcoolismo é difícil à beça.
Mas eu falhei porque esqueci que sou uma alcoólico.
Esqueci que a euforia em excesso não é boa. Que antes de ser a Alice que quer passar a mensagem eu devo lembrar que preciso cuidar de mim. Que preciso resfolgar, me cevar, me cuidar. No último texto falei da virose que tive, mas esqueci que uma virose lentidão para transpor do corpo. Que a recaída é pior que a doença. E o que aconteceu comigo foi que eu juntei: recaída da virose + euforia + cansaço + ego potente + o alcoolismo.
Eu quero grafar a história da Alice, essa mulher que se deu muito mal por motivo do alcoolismo mas que hoje vive uma vida SERENA sem a bebida. Os textos estão dando perceptível, uma vez que me disse o querido S: Alice, tenha calma, volte no seu tempo. Pense que o projeto do blog é uma maratona e não uma corrida de 100 metros rasos. Uau, achei genial.
Enfim, tudo isso para proferir que eu mais do que nunca quero e preciso grafar por cá. Que a doença é difícil, enxurro de armadilhas. Ortografar ajuda em meu tratamento e, se fizer sentido, ajuda também outras pessoas que sofrem da mesma doença.
Obrigada a todos vocês que me mandaram mensagens preocupados. Obrigada à minha teimosia em confiar no meu programa. Eu cá falo uma vez que “Alice” por uma razão muitíssimo importante: o anonimato! Meu e de todos que me ajudam direta ou indiretamente com essa doença.
Já escrevi sobre o motivo de não me identificar e sempre falo da minha vida enquanto alcoólico. Escrevi um texto que explica o que penso a reverência do meu tratamento. E agora, depois desse momento confuso, não posso deixar de seguir ainda mais firme com o anonimato e pedir, encarecidamente, para você que possivelmente descobriu a verdadeira Alice, que guarde a identidade dela para si. Que unicamente siga a mulher que vive correndo detrás do tempo e que chora em restante.
É o que te peço, um único pedido: guarde para você e não saia espalhando. O objetivo primordial do blog, para mim, é me ajudar com a doença do alcoolismo e também ajudar aqueles que se identificarem com a Alice. Não quero deixar de grafar e aposto que vocês que torceram pela minha volta também não querem que eu abandone o blog. Minha mensagem é muito mais importante do que revelar quem eu sou neste mundo.
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