BRASÍLIA – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou nesta quinta-feira, 18, uma notícia de 2017, relativa à gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), para rebater memes contra o ministro da Quinta, Fernando Haddad, que ganhou o sobrenome de “Taxad” nos últimos dias. A publicação foi apagada do perfil solene do governo no X (velho Twitter) em seguida repercussão na rede social.
A montagem divulgada na conta do governo Lula incluía um print do título de uma notícia publicada no site da Confederação Pátrio da Lavradio (CNA): “Preço das frutas caem nos principais mercados atacadistas do País”, sem reportar a data de veiculação do teor original. O texto, de 20 de junho de 2017, é sobre a queda dos valores durante a gestão Temer.
Governo Lula usou notícia de 2017 em publicação para resguardo do ministro Fernando Haddad Foto: @govbr via X (velho Twitter)
Na legenda da postagem, que foi publicada às 12h37 desta quinta uma vez que contraponto aos memes contra Haddad, o governo Lula sugere que enquanto as brincadeiras estão sendo veiculadas nas redes sociais, surgem novas notícias “mostrando a economia brasileira cada vez mais poderoso”. Tapume de 50 minutos em seguida a publicação, a postagem foi deletada da conta do governo. No período em que esteve no ar, internautas apontaram o uso da notícia antiga da CNA.
A Secretaria de Notícia Social (Secom) do governo afirmou que houve um “equívoco” na hora da publicação. Vinte minutos em seguida a imagem ser deletada, outra foi postada, trocando a notícia da estação do governo Temer. A novidade reportagem é do Agro Estadãopublicada nesta quinta-feira, com o título “Preços baixos marcam mercado de frutas e hortaliças no mês de junho”. “Foi constatado um equívoco na imagem utilizada, mas sem prejuízo da informação porque ela está correta. O post está atualizado”, disse a Secretaria.
Diante das últimas medidas do governo que visam ao aumento da arrecadação, Haddad passou a receber um novo sobrenome nas redes sociais: Taxad. As críticas se intensificaram nos últimos dias, com a aprovação da regulamentação da reforma tributária na Câmara e a chamada “taxa das blusinhas” aprovada pelo Congresso.
Nesta terça-feira, 16, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Negócio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, defendeu publicamente Haddad da enxurrada de memes. “Se pegarmos a fardo tributária de 2022 para 2023, ela não aumentou, pode até dar uma conferida, acho até que caiu”, disse.
Com a aprovação da “taxa das blusinhas”, produtos com preços de até US$ 50 serão tributados em 20% do Imposto de Importação, além do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que vai para os Estados.
No último dia 10, a Câmara aprovou o primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária. O principal embate acerca do tema foi a inclusão da proteína bicho na cesta básica de produtos que não pagam impostos. Enquanto a oposição ao governo endossa que a desoneração foi conquistada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a base governista salienta que isso ocorreu em seguida fala do Planalto.
Inicialmente, os técnicos da Quinta, comandada por Fernando Haddad, resistiram à desoneração da proteína bicho. Segundo cálculos da pasta, a inclusão da mesocarpo na cesta básica poderia aumentar em mais de 0,5 ponto porcentual a alíquota final do Imposto sobre Valor Confederado (IVA). O posicionamento era o mesmo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Apesar do direcionamento da pasta, Lula afirmou ser favorável à desoneração. Em entrevista à Rádio Sociedade no início do mês, o petista defendeu uma diferenciação dos cortes que seriam contemplados com a isenção. Para o presidente, consumidores de carnes nobres poderiam remunerar “impostozinho”, enquanto peças “do dia a dia”, não.