Ibovespa fecha em baixa com tarifação de Trump em novo dia de estresse nos ativos de risco | Finanças

Depois de bater os 122.636 pontos, na mínima do dia, o índice reduziu as perdas durante a tarde, com a notícia de que a Ucrânia concordou com um acordo proposto pelos Estados Unidos para um cessar-fogo de 30 dias na guerra contra a Rússia. Na máxima intradiária, o Ibovespa chegou aos 124.625 pontos.

Para o gestor de renda variável e moedas da Asset 1, Pedro Carneiro, não é possível “cravar” neste momento se haverá uma recessão nos Estados Unidos neste ano. O que existe, diz, é o risco de desaceleração de uma economia que estava sendo estimulada há tempo.

O profissional observa que a economia americana vinha sendo impulsionada por estímulos fiscais, mas que a nova gestão deseja agora um ajuste fiscal mais duro para reduzir o déficit das contas públicas americanas.

“O primeiro impacto que tem é a queda de demanda porque a economia estava viciada em estímulos.”

Ainda que o Brasil tenha se beneficiado com um fluxo de investidores estrangeiros neste começo de ano, o gestor avalia que o capital foi mais “tático” e impulsionado pela queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em pesquisas eleitorais. Diante da distância das eleições de 2026, o executivo acredita que é difícil que esse fluxo siga por agora.

“Tem um grande risco de piora fiscal antes de enxergar a mudança de governo”, acrescenta.

Diante do ambiente mais incerto, Carneiro conta que a casa está com uma posição pequena em bolsa no Brasil, focada em papéis de concessões públicas, que sofrem menos com uma queda da atividade e que são protegidos pela inflação, como uma alocação em Sabesp.

Para além dos temores com uma recessão, investidores voltaram a elevar a cautela diante de preocupações com uma piora da guerra comercial. Pela manhã, Trump disse que iria colocar uma tarifa adicional de 25% sobre todo o aço e alumínio importados do Canadá para os EUAo que incrementaria o percentual total cobrado para 50%.

Horas depois, o líder republicano afirmou que “provavelmente” reduzirá as tarifas sobre os canadenses depois que Ontario suspendeu a sobretaxa sobre exportações de eletricidade para os Estados Unidos.

Entre as ações de blue chips, os papéis da Vale foram destaque de alta, com um avanço de 0,83%, na contramão da leve queda registrada pelos preços do minério de ferro. Já as ações da Petrobras tiveram perdas: as PN recuaram 1,50%, enquanto as ON cederam 2,06%. Segundo operadores, o cenário de recessão nos Estados Unidos pode ter pesado mais do que a notícia de que o Ibama divulgou parecer técnico para aprovar o plano da petroleira para a limpeza da sonda de perfuração na Foz do Amazonas, na região da Margem Equatorial.

Segundo o Ibama, porém, o parecer ainda “não representa qualquer deliberação conclusiva quanto à concessão ou não da licença ambiental para a realização da atividade de perfuração marítima no bloco FZA-M-59″.

Investidores também acompanharam hoje a divulgação de novos dados de atividade. Segundo o IBGE, a produção industrial brasileira ficou estável em janeiro. O desempenho no mês, porém, ficou abaixo da mediana colhida pelo Valor Data, de alta de 0,4%. O número ajudou a dar força para um fechamento mais expressivo da curva futura.

Com o recuo dos juros futuros em meio a novos dados que reforçaram uma desaceleração da atividade, ações mais cíclicas foram favorecidas e ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, caso de Automob (+4,00%), LWSA (+3,79%), Vivara (+3,16%) e CVC (+1,65%). Por outro lado, os papéis da Marcopolo responderam pelas maiores perdas, no valor de 4,46%. A companhia informou que o Goldman Sachs e a BlackRock reduziram as participações acionárias detidas na empresa.

O volume financeiro do índice na sessão foi de R$ 14,2 bilhões e de R$ 19,3 bilhões na B3. Em Wall Street, o movimento foi novamente mais negativo: o Dow Jones recuou 1,14%; o S&P 500 recuou 0,76%; e o Nasdaq cedeu 0,18%.