Maior geração de empregos contribui para o pagamento de serviços de luz, chuva e gás em Minas
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O cartão de crédito passou a ser usado em qualquer tipo de consumo, inclusive na panificação | Crédito: Alisson J. Silva
Em Minas Gerais, a maior geração de postos de trabalho está contribuindo para a queda das dívidas relacionadas ao pagamento de contas básicas. Conforme os dados do Planta da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa, no Estado, as dívidas de luz, chuva e gás diminuíram 0,09 ponto percentual entre setembro e outubro, passando de 20,63% das pendências financeiras em Minas Gerais para 20,54%. Apesar da queda neste segmento, a inadimplência universal cresceu 0,9% de setembro para outubro em Minas Gerais.
De combinação com o economista e profissional em ensino financeira da Suno, Guilherme Almeida, um dos principais fatores que tem levado as famílias a quitarem as contas de serviços essenciais é a melhora dos índices de desemprego.
“A geração de postos de trabalho, o mercado de trabalho mais aquecido contribui para uma maior renda disponível às famílias que, consequentemente, buscam regularizar sua situação financeira. Esse mercado de trabalho vem apresentando bons desempenhos, não somente no Estado, mas em todo o País”, argumenta.
Em Minas Gerais, conforme Almeida, de janeiro a setembro deste ano, a geração de novos postos de trabalho com carteira de trabalho assinada chegou sobre 183 milénio.
“Isso é fundamental porque quanto mais pessoas no mercado de trabalho, maior a renda disponível em uma economia. Assim, quando se tem uma maior renda, as famílias endividadas tendem a priorizar o pagamento de serviços e contas essenciais. Logo, é isso que vem ocorrendo. A renda que está entrando está sendo destinada para o pagamento, para quitação, desses compromissos financeiros atrelados a bens e serviços de primeira urgência”, ressalta.
Selic e inflação
De combinação com o gerente da Serasa, Fernando Gambaro, vários fatores têm contribuído para a maior negociação das dívidas, entre eles, estão a queda da Selic, a queda do desemprego e a melhora na inflação.
“Além destes fatores, as pessoas também estão conversando, uma vez que nunca, sobre finanças, o que tem sido muito motivado pelo programa Desenrola, do governo federalista. Vemos um volume significativo de aumento nas negociações de dívidas em todos os segmentos, assim uma vez que nas contas básicas. Quando a população precisar escolher qual dívida remunerar, muito provavelmente, ela irá escolher entre as básicas, que são serviços essenciais”, avalia.
Segundo Serasa, inadimplência universal ainda cresce em Minas Gerais
Apesar da queda do índice de inadimplentes relacionado às contas de serviços essenciais, o número de mineiros inadimplentes encerrou outubro em subida. Ao todo, conforme o Planta da Inadimplência e Renegociação de Dívidas da Serasa, foram 6,63 milhões contra 6,57 milhões em setembro, aumento de 0,91%.
Isso quer proferir que 39,35% da população adulta de Minas Gerais estão endividados. Destes, 50,9% são homens e 49,1% são mulheres. As faixas etárias mais afetadas continuam sendo as de 41 a 60 anos (34,6%) e de 26 a 40 anos (33,9%).
Cartões de crédito
O levantamento aponta ainda que o segmento de cartões e bancos é o que concentra a maior porcentagem de dívidas. O segmento representou 30,42% dos débitos, enquanto em setembro correspondia a 30,24%
Já as dívidas financeiras e de varejo representam 15,22% e 9,68% das pendências, respectivamente.
Almeida explica que a facilidade de entrada e de utilização de cartões de créditos, quando não muito dirigido, pode levar a um maior endividamento.
“Quando a gente pega não somente esse oferecido do Serasa, mas contrastamos com o oferecido da Confederação Vernáculo do Negócio, da Federação do Negócio de Minas Gerais, a gente sempre percebe que o grande líder, o principal compromisso financeiro das famílias é o cartão de crédito. Justamente por conta da sua baixa burocracia. Hoje é muito fácil conseguir um cartão de crédito, principalmente, em bancos digitais, e utilizar essa modalidade de pagamento para os diversos compromissos financeiros”, observa.
Até pouco tempo detrás, segundo Almeida, o cartão de crédito era utilizado principalmente para compra de bens duráveis e semiduráveis, uma vez que eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Ou seja, itens com maior valor associado e, consequentemente, de um tíquete maior. Porém, o modo de uso mudou.
“Agora o cartão de crédito é utilizado para toda e qualquer ação de consumo. Se a pessoa vai na panificação, ela utiliza o cartão de crédito, abastece o veículo com o cartão de crédito, enfim. Logo, essa facilidade atrelada à exiguidade de um planejamento financeiro e ao saliente dispêndio deste crédito são ingredientes que têm feito essa inadimplência com a modalidade de subir”, adverte.
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