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Katy Perry – Mundo Feminino

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Longe de mim subestimar Katy Perryou a marca indelével que ela deixou na música pop desde sua explosão, no finzinho da dez de 2000, com a inolvidável “Eu beijei uma pequena”. Dentro de um cenário de inovações espetaculares, ela construiu uma imagem popularesca e descontraída sem nunca deixar de lado o vestimenta de que é, no fundo, uma cantora-compositora com raízes no folk rock. De “Fogos de artifício” a “cavalo escuro“, de “Última sexta à noite” a “Quente e insensível”, ela criou algumas das confecções pop mais emblemáticas das últimas décadas – e eu também adoro hits menores dela, porquê “Combinar em Vegas” e “Caminhando no ar“!

Mas confesso que é difícil ignorar o gostinho amargo que “Woman’s World”, novo single da cantora, deixa na boca. No aquecimento para o seu primeiro álbum em quatro anos (143, o disco em questão, sai em 20 de setembro), Perry fez o que toda popstar se sente na obrigação de fazer diante do cenário que se apresenta diante dela: se adaptou. Daí a duração de menos de 3 minutos – 2:43, sem o interlúdio que interrompe a melodia no meio do clipe -, e daí a cena do vídeo em que ela se posta ao lado de uma moça que está gravando uma dança para o TikTok, executando passos simples desenhados para viralizar no aplicativo de vídeos rápidos.

Curiosamente, não são essas modernizações que incomodam. Porquê boa compositora que é, Perry estrutura “Woman’s World” para não tolerar da sensação de coito interrompido que assombra tantas canções pop que se dobram à exigência de brevidade na era do streaming músico (quanto mais curtas as músicas, mais reproduções repetidas, e melhor performance nas paradas). “Woman’s World” começa com um gancho melódico potente, repete o seu refrão em uma frequência satisfatória, e até encontra tempo para uma ponte muito à tendência antiga. E, quando se trata da licença ao TikTok, Perry encara a cena do clipe com a patetice cara-de-pau que sempre foi uma de suas melhores armas.

Essa falta de vergonha na faceta não é o bastante para convencer, no entanto, durante o restante do vídeo – e o motivo para isso é sintomático, de certa forma, do calcanhar de Aquiles de Perry porquê entidade pop: sua vontade irrestrita de deleitar todo mundo. Por justificação dessa vontade, “Woman’s World” existe em um purgatório entre sátira e hino feminista honesto, nunca afiada o bastante para posicionar suas estranhas concessões ao olhar masculino porquê ironias efetivas, e nunca densa o bastante para convencer porquê manifesto sincero de uma artista que encontrou novas ideias de feminilidade nos últimos quatro anos (que englobaram uma mudança de marcha na curso, uma gravidez, um noivado, e sem incerteza muito mais na vida privada da popstar).

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É curioso porque, de certa forma, o single tem tudo a ver com o que Perry sempre fez. “Acho que, quando as pessoas pensam em mim, elas pensam em ‘Roar’, em ‘Firework’, às vezes em ‘I Kissed a Girl’, mas na maior segmento do tempo nessas canções empoderadoras. Canções com uma mensagem, que podem virar slogans em camisetascomentou ela em entrevista à Maçã [via Elle]. “Woman’s World” certamente está enxurro de linhas memeáveis, mas para que ela convencesse porquê um tanto além do que um slogan de camiseta faltou uma de duas coisas: ou alguma especificidade que nos conecte a Perry porquê artista, porquê fazem popstars contemporâneas à la Billie Eilish e Olívia Rodrigo; ou um faro transgressor esteticista mais sutil, nos moldes Charli XCX e Sabrina Marceneiro.

Faltou, enfim, um tanto que fizesse de “Woman’s World” um ocorrência pop significativo. Com uma produção competente e propulsiva, mas terminalmente avessa a qualquer inovação, o single moderniza a música e a imagem de Perry na superfície, mas por insignificante disso mesa em uma nostalgia que não funciona porque coloca sua mira em uma era que simplesmente não faz falta. Para muito além do envolvimento de Dr. Lucasréu de estupro pela cantora Kesha (mas a falta de personalidade do single, vale manifestar, segue muito o padrão dele porquê produtor), o “mundo das mulheres” de Perry não seduz justamente por querer tanto seduzir todo mundo. Gregos e troianos, diria a sabedoria popular.

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