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O Kremlin minimizou, nesta quinta-feira 23, a primeira ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Rússia desde sua posse, a fim de pressionar Vladimir Putin a encerrar a guerra na Ucrânia. Foi uma mudança de postura em relação às atitudes amigáveis com o presidente russo, embora tenha recheado sua fala de ressalvas, que ocorre após descumprir uma promessa de campanha: levar paz ao Leste Europeu nas primeiras 24 horas de seu mandato.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não viu nada de particularmente novo na ameaça de Trump de impor “altos níveis de impostos, tarifas e sanções” contra a Rússia e seus aliados caso o país não interrompa sua invasão. O líder americano disse que estaria fazendo um grande favor aos russos e a Putin ao obrigá-los a encerrar o que ele chamou de “essa guerra ridícula”.
“Não quero machucar a Rússia. Amo o povo russo e sempre tive um ótimo relacionamento com o presidente Putin – e isso apesar da farsa Rússia da esquerda radical”, disse ele, em referência a um processo que investigou se houve interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, quando conquistou seu primeiro mandato numa disputa contra Hillary Clinton. “Dito isso, farei um grande favor à Rússia, cuja economia está falhando, e ao presidente Putin. Acomodem-se agora e parem com essa guerra ridícula! Só vai piorar”, completou, com uso profuso de maiúsculas berrantes.
Questionado sobre os comentários, Peskov afirmou que Trump aplicou sanções frequentes contra a Rússia em seu primeiro mandato, entre 2017 e 2020.
“Não vemos nenhum elemento particularmente novo aqui”, disse o porta-voz a repórteres. “Ele gosta desses métodos, pelo menos gostava deles durante sua primeira presidência.”
Peskov acrescentou que Moscou está monitorando de perto todas as declarações do novo chefe da Casa Branca.
“Registramos cuidadosamente todas as nuances. Continuamos prontos para o diálogo, o presidente Putin falou repetidamente sobre isso – para um diálogo igualitário, para um diálogo mutuamente respeitoso”, declarou.
(Des)afeto?
Entre elogios esquisitos – o republicano afirmou que “não devemos esquecer que a Rússia nos ajudou a vencer a Segunda Guerra Mundial, perdendo quase 60 milhões de vidas no processo”, um dado que está mais próximo de 30 milhões a 35 milhões, entre militares e civis, e se refere à União Soviética, não à Rússia moderna –, ele alertou que é o momento de realizar um tratado para encerrar o conflito.
“Se não fizermos um acordo, e logo, não tenho outra escolha a não ser colocar altos níveis de impostos, tarifas e sanções em qualquer coisa que seja vendida pela Rússia aos Estados Unidos e vários outros países participantes”, afirmou, no seu mais contundente alerta contra Putin até agora. “Vamos acabar com essa guerra, que nunca teria começado se eu fosse presidente! Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil – e o jeito fácil é sempre melhor. É hora de fazer um acordo. Não devemos mais perder vidas”, concluiu, novamente, abusando da tecla Caps Lock.
O recado veio depois de Putin parabenizar Trump por sua possena segunda-feira 20, quando disse, durante uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, estar aberto ao diálogo com a nova administração americana sobre a guerra na Ucrânia e armas nucleares. Em paralelo, o chefe do Kremlin fez uma reunião por videochamada com o presidente da China, Xi Jinping, quando falaram em intensificar as relações entre seus países para “enfrentar incertezas externas”.
Promessa é dívida
Durante a campanha eleitoral, Trump declarou diversas vezes que teria um acordo em vigor entre a Ucrânia e a Rússia em seu primeiro dia na Casa Branca, em 20 de janeiro. No fim de outubro, no entanto, ele fez uma mudança sutil em sua retórica e começou a dizer que poderia resolver a guerra “muito rapidamente”.
No início do mês, o republicano afirmou que prepara uma reunião com Vladimir Putinmas não deu uma data exata para o encontro. Em resposta, o Kremlin afirmou estar aberto às negociações, mas que nenhum detalhe havia sido confirmado ainda.
Dando um choque de realidade à maior promessa de política externa de Trump, que prometeu assinar um acordo de paz envolvendo a Ucrânia em seu primeiro dia na Casa Branca, assessores do presidente eleito dos Estados Unidos reconhecerem, porém, que a guerra ainda levará meses, ou até mais, para ser resolvida.
À agência de notícias Reuters, dois conselheiros do republicano disseram na semana passada que as declarações eram em parte discurso eleitoral, mas também expressam uma falta de entendimento da intratabilidade do conflito.
A avaliação dos dois conselheiros segue observações do novo enviado especial de Trump para a Rússia e a Ucrânia, o tenente-general aposentado Keith Kellogg. Em entrevista à Fox News, ele disse que gostaria de ter uma “solução” para a guerra dentro de 100 dias, muito além do cronograma original do presidente eleito.
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