Jean Paul Prates não é mais presidente da Petrobras. O ex-senador do PT deixou o comando da maior empresa pátrio e uma das maiores petroleiras do mundo nesta quarta-feira (14). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou a decisão em reunião com Rui Costa, ministro da Vivenda Social, e Alexandre Silveira, ministro de Minas e Vontade do Brasil.
Teve peso na decisão o incidente da crise criada sobre o pagamento de dividendos extraordinários a acionistas da companhia. O missão deve ser ocupado por Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Dependência Vernáculo do Petróleo, Gás Oriundo e Biocombustíveis entre 2012 até 2016. A exoneração ocorre um dia depois do pregão de queda no lucro da empresa no primeiro trimestre de 2024.
De conciliação com o blog do jornalista Valdo Cruz, no g1Prates enviou uma mensagem a funcionários da Petrobras na qual confirma a decisão de Lula.
Leia a nota:
Queridos amigos.
O presidente pediu meu missão de volta agora há pouco. Deve nomear Magda. Amanhã conversaremos melhor. Danilo ficou tratando dos trâmites imediatos.
Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa. Não creio que haja chance de reconsideração. Vão anunciar daqui a pouco.
Só me resta agradecer a vcs e torcer que consigam permanecer ou se reposicionar. Contém comigo no que eu puder fazer.
JPP
Prates, que comandou a estatal por pouco mais de um ano, foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar a Petrobras em dezembro de 2022, ainda antes da posse de Lula. Assumiu a presidência em janeiro, em seguida o presidente indicado por Jair Bolsonaro (PL), Caio Paes de Andrade, renunciar ao missão na estatal.
Ainda na noite desta quarta-feira, a Petrobras divulgou uma nota solene em que afirma que Jean Paul Prates solicitou ao Recomendação de Gestão da empresa que se reúna para “respeitar o fecho antecipado de seu procuração”. Caso o fecho seja ratificado, segue a nota, Prates vai renunciar ao missão de membro do recomendação. Leia a nota na íntegra:
“Petrobras informa que recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prates, solicitação de que o Recomendação de Gestão da Companhia se reúna para respeitar o fecho antecipado de seu procuração uma vez que Presidente da Petrobras de forma negociada. Adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, se e uma vez ratificado o fecho indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua repúdio ao missão de membro do Recomendação de Gestão da Petrobras. Fatos julgados relevantes serão tempestivamente divulgados ao mercado.”
O que são dividendos?
Dividendos são segmento dos lucros que uma empresa distribui a seus acionistas. É uma espécie de remuneração que companhias uma vez que a Petrobras e outras companhias com ações negociadas em bolsa pagam a seus sócios-investidores.
Em 2023, primeiro ano do novo governo Lula, a Petrobras lucrou R$ 124,6 bilhões – 33,8% menos do que os R$ 188,3 bilhões ganhos em 2022.
Do lucro de 2023, a gestão da empresa decidiu partilhar a acionistas R$ 72,4 bilhões. Isso também é tapume de um terço dos R$ 222 bilhões distribuídos no ano anterior.
Segundo a companhia, a redução foi proposital. Primeiro, ela fortaleceu o caixa da Petrobras dando margem a tomada de financiamentos pela empresa para mais investimentos. Depois, foi resultado da opção de não ultrapassar a política de remuneração de acionistas com dividendos extraordinários – na gestão bolsonarista da Petrobras, isso foi regra.
A negativa, porém, não foi muito aceita no mercado financeiro. Em março, dias em seguida seu pregão, as ações da estatal caíram mais de 10%. A pressão sobre Prates cresceu.
Novidade avaliação
Quando a crise cresceu, o próprio presidente Lula defendeu o pagamento de dividendos menores e criticou o mercado, a quem comparou a uma dinossauro voraz, só detrás de ganhos cada vez maiores.
“Tem que pensar no investimento e em 200 milhões de brasileiros que são donos ou sócios dessa empresa”, disse ele, em entrevista ao Notícias do SBT.
Um mês depois, no entanto, ganhou força no governo a tese de que não afetaria investimentos da Petrobras, além do que geraria caixa extra ao Executivo para lastrar as contas públicas, conforme prometido pelo ministro da Quinta, Fernando Haddad (PT). O governo, por ser sócio da estatal, tem recta sobre 37% dos dividendos.
Em meio a esse debate – o qual só terá término na plenário de acionistas da Petrobras marcada para dia 25 e na qual a questão dos dividendos extraordinários irá a votação –, Prates desgastou-se e perdeu o missão.
Mais dividendo, menos lucro
Em cláusula publicado em março, Felipe Coutinho, engenheiro químico e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), demonstrou que, quanto maior o dividendo pago pela Petrobras, menor o investimento. Demonstrou também que, nos últimos anos, a balança favoreceu especuladores.
Tábua mostra evolução do pagamento de dividendos da Petrobras sobre o lucro da empresa / Reprodução/Aepet
“Em 2021 e 2022 a razão média entre os dividendos pagos e o investimento líquido foi de 804%. Enquanto entre 2005 e 2020 foi de 12,7%, em termos médios”, explica.
Em 2023, essa razão ficou em 232,63%, uma vez que mostra a tábua. “Ou seja, a relação entre o pagamento de dividendos e o investimento líquido em 2023 foi 18 vezes mais subida se comparada com a média de 2005 a 2020”, escreveu ele.
Coutinho destaca ainda que, apesar das críticas de acionistas, a Petrobras pagou mais dividendos que suas concorrentes diretas em 2023.
Tábua mostra dividendos da Petrobras e de suas concorrentes / Reprodução/Aepet
*material modificada às 21h24 para inclusão da nota divulgada pela Petrobras.
Edição: Thalita Pires
