Março 20, 2025
Mãe, você não é todo mundo! – Noticias do Acre

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A frase “você não é todo mundo”, assim uma vez que em mim, deve perpetuar sua puerícia quando a gente visitante alguma memorial ou está entre amigos contando as peripécias da puerícia. Em moradia, meus quatro irmãos e eu crescemos sob um olhar afetuoso de minha mãe, mas com muita disciplina e pulso possante de uma mulher, que tem uma vez que principal particularidade resistência e fortaleza.

Quando pequenos, ouvíamos com certa tenacidade da minha mãe que não éramos todo mundo. E isso me acompanha até hoje, mas sob uma perspectiva dissemelhante. Diante das imposições e fórmulas prontas que a sociedade tenta nos forçar a crer, eu recorro às palavras de minha mãe, que não sou todo mundo e tá tudo muito.

Há idade certa para se formar? Idade correta para se matrimoniar, separar, realizar um grande sonho, reencetar? Todo mundo tem o mesmo tempo? Levamos, também, o mesmo tempo para digerir e agir em nossos processos? Porquê indivíduos, cada um tem suas experiências e elas ditam nossas ações e a forma uma vez que lidamos com nossos (des)acontecimentos.

Dizem que passamos a entender nossos pais depois termos filhos, mas, acredito que essa compreensão também vem com a maturidade. Quando revisito meus cenários da puerícia, tenho outra percepção daquela quadra. Achava minha mãe estressada, protetora demais ao ponto de não nos deixar, uma vez que ela diz, viver na moradia dos outros ou ir em lugares que, adivinhem, todo mundo ia. Hoje, vejo que minha mãe estava fazendo o seu melhor, dividindo a tarefa de ser mãe, com plantões intermináveis dentro de um hospital, profissão que se dedicou por mais de três décadas.

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Mesmo na correria do dia a dia, consigo recordar da minha mãe chegando com a roupa do centro-cirúrgico, checando tarefas, indo em nossas camas dar um ósculo e perguntar uma vez que foi o dia. Minha mãe fez de tudo para que não tivéssemos lacunas da presença dela em nossas vidas. Entendo que, mesmo assim, ela devia se sentir culpada por não conseguir se doar mais.

E, por isso, recorro à frase que tanto é cândido de posts muito humorados os quais dizem que aprendemos a mourejar com a frustração no momento em que nossas mães dizem repetitivamente que não somos todo mundo, para expor que minha mãe não é todo mundo.

Técnica em enfermagem, ela conseguiu, ao lado do meu pai, gerar os filhos com presença, vocês percebem a dimensão disso? Presença é ouro. Mesmo com a rigidez na nossa instrução, minha mãe bolava no solo com os filhos, brincava de se esconder e fazia isso tão muito que pedíamos ajuda do meu pai e montávamos uma força-tarefa para a procura. Que nostalgia!

E a história da minha mãe já mostra que ela não é todo mundo. Gerou filhos não só na bojo, mas no coração. Sempre transbordou paixão, doação, e se eu pudesse escolher somente uma termo para defini-la, seria humanidade.

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Não é todo mundo que, mesmo sofrendo, incentiva os filhos a saírem de moradia ainda adolescentes para focarem no estudo. Imaginem vocês, o “bafafá” que era, em cidade pequena, quando alguém, praticamente rapaz ainda, saía para estudar fora. Ela foi questionada por muitos e muitas vezes. Dizia que acreditava na instrução que dava aos filhos e na relação que construiu ao longo do tempo. Às vezes, tento mensurar o temor da minha mãe, além da coragem e da força que teve para estar longe.

Mesmo distante, ela estava presente. Vinha com frequência na capital e fazia questão de seguir uma vez que estávamos na escola e na vida. Acho que, no fundo, minha mãe também estava apostando suas fichas e torcendo para dar evidente… E deu.

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Ser mãe, escuto, é fadigoso, não tem férias de filhos, não existe isso. E nos dias mais difíceis de minha mãe, lembro que estávamos no banco de trás do sege ouvindo ela trovar as músicas preferidas, desde Milton Promanação, Rita Lee a Emílio Santiago, ou a discografia do Roberto Carlos. Para a gente, naquela idade, era um passeio qualquer. Para minha mãe, hoje entendo que era sua válvula de escape: encaminhar sem rumo enquanto cantava. Acho que era a tentativa de se reconectar com ela mesma.

Se impondo todos os dias uma vez que dona da sua vida, minha mãe me ensinava pelo exemplo. Imponente, ela me mostrava que ninguém podia ditar o que eu poderia ser. O varão nunca vai entender, mas a luta da mulher para fundamentar sua cultura é diária, regular e mais cansativa, garanto.

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Foi nesse rudimento, sitiado de fortaleza feminina, que cresci. Eu amava ver minha mãe com seu jeans, uma blusa masculina larga, sendo dona de si. E, ao longo dos anos, de concórdia com nossas fases, as percepções que temos sobre nossos pais mudam.

Quando crianças, eles são nossos heróis, reduto, perfeitos e que sabem exatamente o que estão fazendo. Já quando crescemos, começamos a vê-los com suas imperfeições e suas falhas, mas o paixão permanece. Quando estão mais velhos, o sentimento de cuidar deles nos invade. A vontade é retribuir tudo o que fizeram por nós, mas acho que isso é humanamente impossível.

Desde que saí de moradia, na maioria das datas comemorativas estou longe fisicamente, mas sempre por perto no coração. Faço questão de expor à minha mãe o orgulho que tenho dela, uma vez que a senhor e uma vez que ela foi fantástica uma vez que mãe.

Sabe de uma coisa? De filha para mãe, obrigada por não ser todo mundo. Mais do que isso, obrigada por não me deixar ser todo mundo.

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Tácita Muniz é comunicóloga, repórter na Filial de Notícias do Acre; trabalhou 11 anos na editoria do Portal G1 no Acre, encabeçando projetos envolvendo todos os estados. Também foi responsável por fomentar uma página com reportagens especiais sobre a Amazônia. É fã de rock, filmes, livros e boxe, além de novel de escritora nas horas vagas.


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