Março 20, 2025
Memórias da plantação – BLOG MIRANTE

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Taís Civitarese

Grada Kilomba, escritora, psicóloga e teórica portuguesa, veio visitar Inhotim. Diante desta notícia, fiquei curiosa e resolvi procurar sua obra. Deparei-me com “Memórias da Plantação”, a principio, um livro sobre o racismo. Era o que diziam os descritores de sites e reportagens que o citavam. O que encontrei foi bem mais do que isso. Foi uma verdadeira aula sobre a humanidade e sobre como ser um humano melhor.

A autora trasnformou em livro sua tese de doutorado elaborada na Alemanha. Para o projeto, buscou explicar o racismo através de exemplos vivos, sendo em parte histórias colhidas em entrevista com três mulheres negras e, em parte, seus próprios relatos.

O que Grada nos conta é um espelho de nossas piores facetas. São relatos dolorosos e impactantes de múltiplas violências seguidos de reflexões que conseguem destrinchar tais ações até o cerne, de modo que suas etapas possam ser repensadas e rearticuladas em uma nova sociedade.

Como exemplo, há a passagem em que descreve a insistência dos colegas alemães em saber a origem de uma estudante negra. Embora esta tenha sido adotada bebê por uma família branca e tenha suas raízes familiares-afetivas na Alemanha, não lhes parecia plausível aceitar isso com tranquilidade. Conta também que, quando adolescente, foi levada a uma consulta médica por um motivo de saúde. Ao terminar a consulta, o médico a chamou e ofereceu-lhe um emprego de faxineira.

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Outro exemplo é o relato de uma de suas entrevistadas que diz ter o cabelo frequentemente tocado por outras pessoas seguido de comentários supostamente elogiosos. Ela dizia sentir-se como um objeto de domínio publico, como algo passível ao toque e à inspeção alheia, desprovido de humanidade.

Não se trata de apenas teorizar sobre o tema, mas também de fazê-lo sentir fortemente na pele. Em muitas dessas sutilezas o racismo está presente com a aderência de um verniz. Apenas não o enxergamos, normalizado que está, ou o relativizamos dado o conforto da estagnação. Ela nos abre os olhos. De tão profunda a sua análise, terminei a leitura meio baqueada. Percebi que ainda temos muito o que caminhar nesse tema e muito a evoluir e a refletir…

Consegui envergonhar-me das vezes em que mentalmente tracei um paralelo entre o racismo e a misoginia pensando serem males semelhantes. Não são. O racismo engloba tudo: ódio, desdém, rejeição, perda da identidade, descredibilização e tortura. Ele desumaniza e dissocia pessoas em fragmentos objetais subordinados aos outros. Somos todos gravemente responsáveis por mudar esse cenário uma vez tomada esta consciência.

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