Moradores da cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, relataram tremores de terreno na madrugada desta segunda-feira (13) em meio às fortes chuvas e enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. O Corpo de Bombeiros da região informou que está verificando os relatos e orientou que os moradores deixem imediatamente suas casas em caso do emergência de rachaduras.
Pelas redes sociais, moradores contaram que sentiram a lar “chacoalhar” por pelo menos três vezes. Em vídeos, também há relatos de barulhos de estalos. Em nota, a prefeitura de Caxias do Sul disse que os tremores foram registrados em pelo menos quatro bairros da cidade, mas que não não há riscos para a população.
Conforme a Secretaria Municipal do Meio Envolvente (SEMMA), o que está ocorrendo é a adaptação de camadas rochosas subterrâneas, o que já ocorreu no município em outras oportunidades. Também devido ao excesso de chuva nas últimas duas semanas, pode ocorrer a aceleração dessas acomodações devido à lubrificação causada pela chuva.
“Eventos desse tipo não têm poder de devastação, os moradores podem permanecer tranquilos. Até agora não detectamos nenhum grande deslizamento de terreno nas proximidades de onde foram sentidos”, explica o diretor de Gestão Ambiental da SEMMA, geólogo Caio Torques.
Segundo o Observatório de Sismologia da Universidade de Brasília (UNB), houve três tremores na Serra Gaúcha. O primeiro, de 2,4 graus, à 01h48 foi registrado em Bento Gonçalves; o segundo, às 2h58, em Caxias do Sul, de 2,3 graus; e o terceiro às 3h03, com a mesma intensidade, em Caxias, tremores sentidos por habitantes dos bairros Jardim América, Universitário, Madureira e Pio X.
No ano pretérito, duas ocorrências semelhantes ocorreram em Caxias do Sul, em julho (bairro Fortaleza) e novembro (Jardim América). Em 2008 e 2010 o Jardim América também teve tremores de terreno.
Um morador relatou à CNN que os estalos começaram a ser ouvidos por volta das 3h da manhã. “A gente ouviu um estrondo muito potente, primeiro a gente pensou que tinha derribado qualquer muro. Aí a gente saiu e viu que o estrondo continuava. Bateu o desespero, a gente pegou o carruagem e saiu. Pareciam bombas, dava pra sentir que era alguma coisa fundo, parecia choque, muito tremendo, nunca tinha ouvido zero parecido”, afirmou o empresário João Vitor Ascari.
A MetSul afirmou que o ocorrido não foi um terremoto convencional. “Trata-se de adaptação do solo pelo excesso de chuva. Quando chove demais, tais abalos de baixa magnitude ocorrem na Serra. Houve dois episódios em 2023”, explicou a empresa.
Na manhã de domingo (12), Caxias registrou um deslizamento de terreno que deixou um morto. Segundo informações da prefeitura da cidade, um prédio administrativo da Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) foi atingido pelo desmoronamento, na Vila Maestra, na zona setentrião da cidade.
Luciano Henrique Santos Lacava, de 49 anos, que era funcionário da Codeca há 20 anos, morreu. De conformidade com a gestão municipal, ele havia chegado antes do seu horário de hábito quando foi soterrado dentro do prédio do setor administrativo. O vigilante da empresa de segurança Epavi, Felipe Drum da Silva, também estava no sítio, teve ferimentos leves e foi atendido pelo SAMU.
Horas mais tarde, um segundo deslizamento de terreno atingiu a usina de asfalto da Codeca, também secção do multíplice. O equipamento foi totalmente destruído. De conformidade com a prefeitura, não há previsão para a retomada do funcionamento e produção de asfalto.
Danos em estradas e aulas canceladas
Chuvas intensas provocaram a queda de barreiras em dois pontos da RS-453, na descida da Serra para o Vale do Taquari, nos municípios de Boa Vista do Sul e Westfália. Essa rodovia, que faz a relação entre a Serra e o Vale, está com o trânsito totalmente bloqueado.
Outro ponto de interdição ocorreu na RS-122, na saída de Caxias do Sul para o município vizinho de Farroupilha, devido a uma queda de barreira.
Na BR-116, o trecho do km 174, na profundidade de Caxias do Sul, foi bloqueado permanentemente em seguida uma das pilastras que sustenta a ponte sob o Rio Caí ceder e surgirem rachaduras no pavimento, segundo a Polícia Rodoviária Federalista.
A Prefeitura de Caxias, por meio da Secretaria Municipal de Instrução (SMED), anunciou que as atividades presenciais nas escolas municipais do interno ficarão suspensas de segunda (13) a quarta-feira (15). A decisão foi tomada em seguida reunião com o Comitê de Crise da Prefeitura e posteriormente em reunião com as direções das escolas.
O principal motivo para a suspensão das atividades presenciais é por conta do transporte das crianças, devido às más condições nas estradas do interno, bloqueadas ou parcialmente bloqueadas, solo encharcado e queda de barreiras.
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