A falta de vontade elétrica provocada por fortes chuvas na cidade de São Paulo desde o início desta semana razão problemas a moradores e comerciantes. Os transtornos envolvem comidas estragadas e longas viagens para tomar banho quente na moradia de amigos ou familiares.
Leia a seguir alguns relatos.
‘Meu apartamento parece um filme de terror’
Um estrondo mudou o cenário da rua Cardoso de Almeida, em Perdizes, zona oeste da capital, por volta das 20h de quarta-feira (10). Era uma árvore caindo sobre um inextricável de fios. A queda afetou postes e deixou dois quarteirões no escuro. Em um deles, está o condomínio Villagio Di Firenze.
Do basta do seu terceiro andejar, o reformado José Vasquez, 74, acompanhava o trabalho dos agentes da Enel desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (11).
Impaciente, ele já havia ligado para a companhia dezenas de vezes. Segundo ele, foi atendido somente nas primeiras. Estava, supra de tudo, preocupado com sua segurança por ter baixa visão. “Meu apartamento parece um filme de terror de tão escuro, assombrado. Posso tropicar e desabar a qualquer momento”, relata.
Outros moradores do endereço reclamavam em meio aos reparos. Solange Ferreira, 33, dizia ter jogado fora todos os produtos de sua geladeira. Marcos Freitas, 25, esbravejava sobre os banhos gelados tomados.
‘Estão trabalhando há horas e não resolvem’
Ainda na Cardoso de Almeida, comércios sentiam as consequências do apagão. Grande secção dos estabelecimentos optou por fechar as portas até reestabelecimento da vontade, mas alguns resistiam. Era o caso do restaurante Arabesco, tal qual cardápio foi adequado à situação.
Carlos Alberto Isaac, 60, seu proprietário, caminhava por toda a rua e conclamava todas ali a pressionarem a Enel pela solução do problema. “É complicado. Eles estão trabalhando há horas e não resolvem. Parece que morar nessa cidade é passar raiva”, diz.
Outros estabelecimentos abertos eram um salão de cabeleireiro e uma ótica. Neste, a gerência mandou as funcionárias para a moradia mais cedo. Naquele, elas tiveram que permanecer até o termo do expediente, às 19h, sem sistema ou ar-condicionado. Os termômetros marcaram temperaturas supra de 30°C até o início da noite nesta quinta.
Simone Ângela, 42, uma das atendentes da loja de óculos, lamentou a situação, mas outra coisa a preocupava mais diante da expectativa de novo temporal: sua volta para moradia. “Moro longe, é complicado. Eu fico bastante receosa”, declara ela.
Apreensiva também estava a equipe de uma farmácia ao lado. Lá, alguns produtos e medicamentos necessitavam de refrigeração. Com o passar das horas, a validade deles expirava.
Por volta das 17h, havia luz reestabelecida em toda aquela região.
‘Nunca achei que fosse viver coisa do tipo’
O servidor público Rafael Cavalcanti, 33, ficou sem luz por mais de 48 horas. A sofrimento começou na tarde de segunda (8) e acabou somente no amanhecer desta quinta. Ele, morador da rua Tuim, em Moema, na zona sul, afirma nunca ter pretérito por um incidente uma vez que esse nem imaginava ser provável permanecer tanto tempo na trevas. Tanto que foi pego de surpresa.
Seu apartamento possui filtro elétrico, que parou. Rafael se lembrou de comprar chuva somente quando estava com sede em meio ao apagão.
Apesar de o hall do prédio ter gerador, a vontade não chegava aos apartamentos. Sem luz, ele foi impedido de trabalhar e perdeu comidas da geladeira. Sempre com terror de permanecer sem bateria, dependia da câmera do celular para encontrar objetos.
O apagão da rua de Rafael aconteceu em decorrência da queda de uma árvore sobre fios elétricos —somente na segunda, a Resguardo Social paulista afirma ter recebido 290 chamados por queda de árvores, e a região sul da capital foi a mais afetada.
O que dizem a Enel e a prefeitura
Responsável pelo provimento na capital e na região metropolitana, a Enel informou às 17h desta quinta ter restabelecido o serviço para mais de 93% dos clientes afetados pelos temporais da véspera. O Procon-SP pediu esclarecimentos à concessionária sobre as falhas no serviço —até a tarde desta quinta, mais de 500 reclamações por motivos diversos contra a Enel haviam sido registradas no órgão de resguardo do consumidor no mês de janeiro.
Em nota, a companhia afirma que trabalha com mobilização totalidade das equipes durante o período de chuva. “Vale ressaltar que, durante essa semana, os fortes ventos associados a quedas de árvores e galhos destruíram alguns trechos da rede elétrica. O trabalho de reconstrução em cada uma dessas ocorrências é multíplice, envolve a substituição de cabos e postes, entre outros equipamentos”, afirma.
Já a Prefeitura de São Paulo declara que desde o dia 1º de novembro foram podadas 22.192 árvores e removidas outras 2.188 em toda a cidade. Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), cabe à Enel, porém, retirar troncos e galhos sobre fios e postes.