O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC Niterói) apresenta, a partir deste sábado (8), a exposição fotográfica Yvy Marãey – A Terreno sem Malque aborda a procura antigo do povo indígena guarani pela terreno sem mal. São 38 fotografias de autoria do cineasta e fotógrafo Daniel Sul, que mostram a cultura e a mitologia do grupo Guarani Mbya, instalado há 11 anos na Localidade Mata Verdejante Formosa, no município de Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro.
A mostra, que vai até 4 de agosto, é promovida pelo Instituto Terreno Verdejante, organização não governamental (ONG) voltada para a resguardo dos povos indígenas por meio da cultura e da memória, do etnoturismo, da segurança fomentar e geração de renda, entre outras ações.
“Eles sempre foram nômades, porque estavam em procura dessa terreno sem males”, disse à Filial Brasil o presidente do Instituto Terreno Verdejante e produtor executivo da exposição, Leonardo Brandão. Com o passar do tempo e o esgotamento de terras disponíveis,os indígenas acabaram se instalando em 2013 em Maricá, onde fundaram a Localidade Mata Verdejante Formosa, que reúne atualmente tapume de 200 pessoas, descendentes da pajé Lidia Neves, de 92 anos. Sua filha, Jurema, é a cacica da povoado.
De convénio com Brandão, a mostra destaca também a urgência de demarcação das terras dos guaranis em Maricá. “O que a gente quer é usar a cultura para dar visibilidade à questão indígena por meio de uma exposição com qualidade e obras artísticas, enfatizando a urgência das aldeias guaranis serem demarcadas”, afirmou o presidente do Instituto Terreno Verdejante.
Segundo Brandão, a família veio migrando do Rio Grande do Sul, passou por Paraty e Camboinhas, em Niterói, e há 11 anos se estabeleceu na restinga de Maricá. Nesse município, há outra povoado de guaranis, a Firmamento Azul, composta por 30 pessoas.
Tradição
Os guaranis preservam as tradições. Há, por exemplo, uma mansão de reza (Opy), onde são realizadas todas as atividades religiosas da povoado, porquê funerais, rituais de tratamento e bênção do milho antes do plantio. “Todos falam a língua guarani. O português é ensinado na escola onde eles estudam fora da povoado, mas a língua fluente é o guarani. Eles fazem muito artesanato, têm as práticas de cantoria na língua guarani. É uma povoado que preserva muito as tradições de seu povo”, disse Brandão.
A exposição ocupará toda a varanda externa do MAC Niterói. Na buraco da mostra, prevista para as 10h de sábado haverá apresentação do Coral Guarani da Localidade Mata Verdejante Formosa. A ingressão é franca e a classificação, livre. Nos demais dias, os ingressos custarão R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia ingressão). Às quartas-feiras, a visitação será gratuita.
Haverá rodas de conversa com moradores da povoado, que falarão sobre a vida nacomunidade, além de feira de artesanato e outras atrações. A mostra estará ensejo de terça-feira a domingo, das 10h às 18h, com ingressão permitida até as 17h30.
A ingressão será gratuita para crianças menores de 7 anos, estudantes da rede pública (ensino fundamental e médio), pessoas que moram ou nasceram em Niterói, servidores públicos municipais, pessoas com deficiência e visitantes que chegarem ao museu de bicicleta. Têm recta à meia-entrada pessoas com 60 anos ou mais, estudantes de escolas particulares e universidades, professores e portadores de Identidade Jovem (ID Jovem), que é uma carteira virtual, baixada por aplicativo ou emitida no site da Secretaria Vernáculo da Juventude (SNJ).
A exposição tem pedestal da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, do Ministério da Cultura, dos governos estadual e federalista, através da Lei Paulo Gustavo, e da Secretaria Municipal das Culturas, da Instalação de Artes e da prefeitura de Niterói.
Localidade
A Localidade Mata Verdejante Formosa (Tekoa Ka’Aguy Hovy Porã), do povo Guarani Mbya, está estabelecida no bairro de São José, na cidade de Maricá, em extensão de 93 hectares cedida pela prefeitura da cidade em 2013. Devido, entretanto, à falta de titulação da terreno, a comunidade está incessantemente ameaçada por interesses privados, tendo sido vítima, em 2019, de um incêndio criminoso que por pouco não atingiu algumas casas da povoado. Em 2013, foram convidados a se mudar para Maricá, posteriormente terem sido pressionados pela especulação imobiliária a deixarem a extensão onde viviam há sete anos, no bairro de Camboinhas, em Niterói, município também da região metropolitana do Rio.