Falar de Rafael Nadal em Roland Garros é “chover em terreno batida”. A supremacia que o tenista espanhol construiu ao longo de quase duas décadas impressiona em todos os aspectos mas, agora, parece estar chegando ao termo. Lutando contra lesões, ele vive um clima de provável despedida na edição de 2024, embora siga tentando reencontrar sua melhor forma para luzir na quadra Philippe Chatrier, onde detém o recorde de 14 títulos.
Em uma temporada de desistências, Nadal já enfrenta logo de face o número 4 do mundo, Alexander Zverev, amanhã, na primeira rodada. Nenhum dos dois certamente gostaria de duelar tão cedo. Mesmo longe de sua melhor quesito no saibro, existe uma relação quase mágica entre o espanhol e Roland Garros; por outro lado, o teutónico, que ganhou recentemente o Masters de Roma, vive um dos melhores momentos da curso.

Aos 37 anos, o ex-número 1 do mundo ocupa atualmente o 276º lugar. Ele usou o ranking protegido (que se se baseia na classificação média durante os três primeiros meses de lesão do desportista) de número 9 do mundo, mas, porquê não foi cabeça de chave, poderia enfrentar qualquer rival já na buraco. A última vez que os tenistas se enfrentaram foi justamente em Roland Garros, pela semifinal de 2022. Neste confronto, Zverev se lesionou seriamente e teve que se retirar do jogo.
Questionado sobre o provável adeus em Roland Garros, Nadal disse, em entrevista coletiva, que “é muito provável”, mas que não poderia “confirmar 100%“.
— Não estou ansioso, estou concentrado em tentar jogar. Talvez eu repita o sinistro de Roma (perdeu na segunda rodada), só que, na minha cabeça, vou me dar uma chance de ser competitivo cá. A resposta virá na segunda-feira — afirmou.

Para Zverev, no entanto, Nadal segue sendo um rival dificílimo de vencer, mormente no saibro.
— Espero que ele jogue o melhor tênis que já jogou nesta quadra. Acho que ele será o melhor Rafa Nadal, que estará no seu melhor, e essa é a minha mentalidade para esta partida.
O espanhol guerra contra uma de suas maiores virtudes: o lado físico. Se antigamente o rival rezava para não ter um jogo de cinco sets diante do espanhol, agora ele vê com bons olhos uma partida de longa duração. Quem sentiu na pele o auge de Nadal no saibro foi o ex-tenista brasiliano Thomaz Bellucci, que o enfrentou — e perdeu — duas vezes em Roland Garros (2008 e 2010):
— Minha maior dificuldade com o Nadal foi me manter consistente durante a maior segmento do jogo. É muito geral você ter alguns altos e baixos em cinco sets, mas é muito difícil Nadal decrescer de intensidade, quase não passa de três games ruins durante o jogo inteiro. Enquanto o rival acaba se desestabilizando e cometendo alguns erros.
Para o também ex-tenista Fernando Meligeni, uma vitória sobre Nadal em melhor de cinco sets é “um dos grandes desafios da vida de um desportista”.
— Na minha visão, ele é quem mais entende de porquê se joga tênis em uma quadra de saibro. Sabe colocar as bolas no lugar visível, diferenciar a resguardo, a construção do ataque porquê poucos. Além de tudo, é muito ganhador — afirma Meligeni, que foi semifinalista de Roland Garros em 1999.
O entendimento tático de Nadal é mais um motivo de seu domínio nos torneios de saibro. Mesmo lutando contra lesões que o fizeram desistir de 16 Grand Slams, ele se adaptou e inovou o estilo de jogo, tanto que até mudou, nos últimos anos, a dinâmica de saque para ser mais hostil.
Embora ache difícil a 15ª conquista de Nadal em Roland Garros, Meligeni ressalta o esforço do espanhol em terminar provavelmente a curso de forma digna:
— Ele está dando mais uma lição quando continua lutando para fechar a curso dentro de uma quadra de tênis, mesmo sabendo que está um pouco debilitado fisicamente. Acho díficil, mas lógico que pode surpreender à maneira dele. Nadal é Nadal.
Com 22 Grand Slams na curso, o ex-número 1 do mundo venceu 112 das 115 partidas em 17 edições de Roland Garros, além de ter perdido unicamente três jogos no torneio.