Com Nossa Senhora do Carmo, o sítio, no caso, é o Monte Carmelo, localizado próximo à atual cidade de Haifa, em Israel. Portanto, Nossa Senhora do Carmo também é conhecida porquê Nossa Senhora do Monte Carmelo.
As semelhanças entre as “nossas senhoras”, no entanto, param por aí, já que no caso de Nossa Senhora do Carmo não teria realizado, exatamente, uma aparição de Maria.
De conciliação com a Bíblia, o vaticinador Elias, figura com vasta participação no Livro de Reis e secção integrante do Idoso Testamento, teria visto, depois um duelo com profetas do deus pagão Baal, uma pequena nuvem “do tamanho da mão de um varão”. A nuvem fez chover e encerrou um período de seca que durava três anos. O sítio onde isso ocorreu? O monte Carmelo.
A leitura que se faz dessa profecia de Elias é que, além da chuva, ele vê uma pequena coisa que representa a Virgem Maria: uma mulher frágil, praticamente uma moçoila, que traz esperança místico. Ou seja, o paralelo é que a nuvenzinha seria um pregão de que um dia viria uma moça que traria ao mundo a salvamento.
Valéria Rocha Torres, doutora em ciências da religião pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e rabi em história pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
“Portanto, durante toda a construção interpretativa, é estratégico para expor que o vaticinador Elias já anunciava a vinda de Jesus Cristo. Os carmelitas vão se apropriar dessa leitura para declarar que já se tinha a visão de Virgem Maria”, completa a historiadora.
Nossa Senhora do Carmo e a Ordem dos Carmelitas
Pode-se expor que o incidente narrado no capítulo 18 do primeiro Livro dos Reis foi o marco histórico da Ordem dos Carmelitas, família religiosa que surgiu, formalmente, por volta de 1220 e foi aprovada em 1226 pelo papa Honório 3º, no monte Carmelo.