Casão, Juninho e Vladimir não estavam no lançamento da nova terceira camisa.
A ação de marketing do atual Corinthians foi, como tantas outras, uma forçação.
Para começar, a data é inócua: o que setembro de 2023 tem a ver com abril de 1984? Ano que vem, aí sim, temos a marca de 40 anos das Diretas Já.
Depois: se a ideia sincera é honrar a corajosa e histórica participação do clube no movimento democrático, Vladimir, Juninho e Casão deveriam ter sido convidados para estarem lá. Não importa se são críticos dos caminhos tomados pelo clube. Se a festa é para celebrar a democracia, mais um motivo para chamar quem pensa diferente. Por justiça e ética, Casão e Vladimir deveriam ter sido convidados.
Mas a ideia não é homenagear nada. A ideia é apenas vender camisa e, para vender, precisamos criar amarras emocionais e inspiracionais já que o time em si já não dialoga mais com o espírito desse escudo. Para vender produto vale se apropriar de forma vazia de um movimento histórico.
O Corinthians derrete em campo. Nas arquibancadas, os ingressos para o time do povo não param de encarecer. Nas lojas, os produtos são feitos para quem tem grana. Recentemente um conselheiro disse durante uma live que quem não pode ser sócio torcedor tem que ficar de boca calada. O Corinthians acelera para o abismo.
É triste constatar que a data escolhida para esse lançamento não tem nenhuma relevância histórica para o clube. Por que não esperar pelo próximo ano, quando poderíamos comemorar os 40 anos das Diretas Já, um movimento tão importante e significativo para a democracia no Brasil?
Além disso, é ainda mais decepcionante ver que pessoas como Casão, Juninho e Vladimir, figuras emblemáticas do clube, não foram convidadas para esse evento. Mesmo que tenham opiniões contrárias sobre os rumos tomados pela gestão do Corinthians, se a intenção é celebrar a democracia, então é importante dar voz a quem pensa diferente. É uma questão de justiça e ética.
No entanto, fica claro que a ideia por trás desse lançamento não é homenagear nada. É apenas mais uma estratégia para vender camisetas e produtos, aproveitando-se de um movimento histórico de forma vazia e superficial. O verdadeiro espírito do Corinthians, que sempre foi uma representação do povo, parece ter se perdido.
E enquanto o clube desmorona em campo, com resultados decepcionantes e ingressos cada vez mais caros nas arquibancadas, o acesso à paixão pelo time se torna cada vez mais elitizado. Como se não bastasse, ouvimos de um conselheiro do clube que aqueles que não podem se associar devem ficar calados. É um triste retrato do momento atual do Corinthians, que corre desesperadamente em direção ao abismo.
É importante refletirmos sobre essa situação e nos questionarmos: o que realmente importa para um clube de futebol? É o marketing vazio ou a essência do esporte e da paixão que ele desperta? Espero que, no futuro, o Corinthians possa resgatar sua identidade e se reerguer, para voltar a ser o time do povo, que inspira e emociona tantos brasileiros.