A possibilidade de um telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega venezuelano, Nicolás Maduro, vinha sendo analisada há várias semanas por integrantes do governo brasiliano. A tragédia no Rio Grande do Sul obrigou o Executivo a fazer mudanças na agenda, começando pelo prorrogação da viagem de Lula ao Chile. A notícia de que o governo Maduro retiraria a União Europeia (UE) da lista de observadores internacionais que estarão em Caracas acompanhando as presidenciais de 28 de julho levou o governo a retomar a teoria do contato — que também estava em banho-maria pelas inundações no Sul —, mas não por existirem questionamentos à decisão do chavismo. Pelo contrário. O governo brasiliano, afirmaram fontes, considera incompatível que a UE possa observar uma eleição presidencial na Venezuela e, ao mesmo tempo, manter mais de 50 sanções contra o Estado venezuelano e vários de seus funcionários. Isso significa, dizem as fontes, que a UE não é justo no processo.
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O Brasil considera que o chamado Pacto de Barbados, selado entre Maduro e a oposição em novembro pretérito, promove a suspensão de sanções contra a Venezuela, tanto por secção dos EUA porquê da UE. Se no conjunto europeu não existe consenso, enfatizaram as fontes, a participação da UE porquê observador internacional fica complicada.
Lula não discorda da posição de Maduro, mas teme que a exiguidade de um número significativo de observadores possa finalizar levando a Venezuela a um cenário similar ao das eleições de 2018, nas quais o venezuelano foi reeleito mas o resultado não foi reconhecido pela comunidade internacional. Naquele momento abriu-se uma crise profunda, com a autoproclamação do governo paralelo de Juan Guaidó. A origem do conflito foi o questionamento à transparência das eleições e à legitimidade da reeleição.
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O problema não é que a UE tenha sido retirada da lista de observadores, e sim que o cenário que se desenha possa impelir a Venezuela para um novidade crise política, criando tensão na região e num país com o qual o Brasil compartilha uma fronteira de mais de 2 milénio quilômetros. Por esse motivo, Lula não desistiu, ainda, de convencer os europeus a fazerem um gesto que possa, eventualmente, levar Maduro a rever sua decisão.
Lula pretende conversar sobre o tema na reunião do G7, na Itália, em meados de junho. Um gesto dos europeus não seria necessariamente a suspensão de todas as sanções, avaliam as fontes brasileiras, mas ao menos uma secção delas. Até agora, a UE ofereceu exclusivamente levantar a sanção a uma domínio do Parecer Pátrio Eleitoral (CNE). Existe o libido de alguns integrantes do governo brasiliano de que o Brasil envie observadores a Caracas, mas a possibilidade ainda está em discussão.
As eleições estão criando enorme expectativa na oposição venezuelana, que comemora pesquisas recentes nas quais seu principal candidato, Edmundo González Urrutia, está quase 20 pontos percentuais primeiro de Maduro. Em Caracas, analistas dizem que o Palácio de Miraflores confia em volver o cenário. Muitos venezuelanos se perguntam se Maduro estaria disposto a reconhecer uma eventual roteiro. No governo brasiliano, o temor é o contrário. O libido de volver a situação da UE procura reduzir as possibilidades de que a oposição possa questionar uma novidade reeleição de Maduro. Para Lula, não há conflito com Maduro. A preocupação é prevenir cenários nos quais a oposição mais radical possa questionar o resultado eleitoral.