Os críticos de cinema da BBC Nicholas Barber (NB) e Caryn James (CJ) indicam seus destaques cinematográficos do ano.
Os melhores filmes de 2023 incluem Barbie, Oppenheimer, Maestro e Assassinos da Lua das Flores – além de duas animações: Suzume e a novidade produção do Studio Ghibli, The Boy and the Heron.
Os números da lista aquém não representam ordem de classificação. Eles foram incluídos unicamente para separar os filmes da forma mais clara verosímil.
1. Saint Omer
Drama realista e comovente sobre raça, classe e maternidade, Saint Omer foi o representante francesismo no Oscar do ano pretérito – e ainda surpreende por que ele não foi indicado para disputar a estatueta.
A cineasta Alice Diop faz bom uso da sua experiência na produção de documentários, baseando-se no caso real de uma jovem senegalesa residente na França, acusada de despovoar seu bebê na praia para morrer.
Diop cria a personagem Ramalho, uma romancista prenha que viaja até a cidade de Saint-Omer, no nordeste da França, para seguir o julgamento, que mexe com seus próprios medos e dúvidas.
Interpretando Laurence Coly, a mãe sendo julgada, a atriz Guslagie Malanda se mantém excepcionalmente calma, quase congelada em sua resignação. Já Kayije Kagame, que interpreta Ramalho, mostra a mente acelerada da personagem e seu coração palpitando enquanto ela assiste ao julgamento com sua sentença inalterável no rosto.
Diop baseou os diálogos nas transcrições do julgamento, mas os resultados vão muito além dos fatos relatados, criando um filme fascinante, com duas mulheres brilhantes e profundas na tela (CJ).
2. Holy Spider

Geração assustadora do diretor iraniano Ali Abbasi, Holy Spider é fundamentado na história real de um construtor casado (Mehdi Bajestani) que assassinou 16 profissionais do sexo na cidade sagrada de Mashhad, no Irã, entre 2000 e 2001.
Estrelando Zar Amir Ebrahimi (vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes) porquê a determinada jornalista que investiga os crimes, a atmosfera da obra relembra, à primeira vista, filmes porquê O Silêncio dos Inocentes (1991) e outros dramas sobre serial killers da tela grande.
Mas a provocadora viradela vem quando alguns cidadãos e políticos consideram o sicário um herói lugar em meio a uma cruzada moral.
Por trás da adrenalina, Holy Spider expõe a misoginia geral na sociedade, o que parece ainda mais perspicaz depois os protestos no Irã pela morte de Mahsa Amini. (NB)
3. Belas e Recatadas (Polite Society)

Comédia de costumes sobre choques culturais com um toque de terror, o filme da diretora britânica Nida Manzoor é um dos mais leves e divertidos do ano.
A primeira escolha inovadora de Manzoor foi a geração de uma heroína jovem improvável, Ria (interpretada por Priya Kansara) – uma jovem londrina com progénie paquistanesa, decidida a se tornar dublê de cinema. A personagem traz cenas de ação e artes marciais ao filme.
Manzoor “aumenta a aposta” quando a mana mais velha de Ria decide se matrimoniar com um varão belo e rico, que Ria suspeita não ser o que parece. E sua mãe controladora e exagerada tem um sorriso sinistro que faria inveja às vilãs da Disney.
Os elementos extravagantes se acumulam e o filme combina todos eles alegremente – desde os cômicos planos de Ria para impedir o himeneu até sua cena de dança digna de Bollywood, passando pelos complexos retratos dos seus pais compreensivos. O resultado é uma gracejo inteligente e muito divertida. (CJ)
4. How to Blow Up a Pipeline

Inspirado no livro de não ficção de Andreas Malm, nascente thriller independente insuportavelmente tenso apresenta um grupo desorganizado de ecoativistas que planejam explodir um oleoduto no oeste do Texas.
Todos foram prejudicados pela poluição, pela ganância empresarial e pela crise climática, e esta, acreditam, é a única forma de reagirem.
Entre seus preparativos nervosos e as histórias que os levaram ao Texas, o filme muito focado de Daniel Goldhaber ecoa vários filmes clássicos de assalto – Cães de Aluguel em pessoal – mas tem algumas diferenças cruciais.
Os criminosos não são motivados pela ganância, os detalhes da sua fabricação amadora de bombas são fascinantemente específicos e, porquê lidam com produtos químicos explosivos, correm sempre o risco de se matarem acidentalmente. (NB)
5. Past Lives

O primeiro filme da diretora sul-coreana-canadense Celine Song é um romance que rejeita os clichês do gênero.
Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) eram grandes amigos, unidos para sempre desde a puerícia na Coreia, até que a família dela emigrou para o Canadá. Mas ele retorna à vida dela anos depois, com Nora já casada e morando em Novidade York, nos Estados Unidos.
A princípio, eles hesitam em retomar seus laços e seu encontro em Novidade York é repleto de profundos sentimentos e poderoso realismo. O filme apresenta a sedução do paixão há muito tempo esquecido por Nora e a força do seu himeneu com Arthur (John Magaro).
Com sua hábil descrição do relacionamento entre Nora e Hae Sung, Song explora temas porquê recordações e identidade cultural. Mas a história de paixão prevalece, demonstrando que o romance nem sempre conduz a um ósculo na chuva – às vezes, ele permanece envolvido em uma elegante melancolia. (CJ)
6. Suzume

Suzume é uma estudante jovem que descobre que as portas abandonadas em cidades-fantasma de todo o Japão podem servir de portais para outra dimensão.
Agora, ela precisa impedir um monstro vândalo de terçar aquelas portas, com a ajuda de um menino que foi transformado em uma cadeira e de uma gatinha falante que pode muito muito ser uma divindade.
Sim, o novo anime apocalíptico do animador nipónico Makoto Shinkai – Your Name (2016) e O Tempo com Você (2019) – é um fruto fascinante da imaginação do seu responsável, que equilibra a magia fantástica com carinho, humor e profunda preocupação pelo seu país.
As viagens mitológicas de Suzume são ambientadas em um Japão reconhecível e pintado de forma belíssima. Ela e seus amigos são pessoas comuns, com esperanças e arrependimentos também comuns – incluindo o menino que foi transformado em uma cadeira. (NB)
7. Oppenheimer
O magnífico filme do diretor britânico Christopher Nolan é um dos melhores da sua curso.
Nolan combina todos os elementos apresentados nas suas obras anteriores – porquê a ação volátil da trilogia O Cavaleiro das Trevas (2005-2012), as camadas cerebrais de Amnésia (2000) e a narrativa esponjoso de A Origem (2010) – neste estudo de personagem sobre o herói americano J. Robert Oppenheimer (1904-1967) e seus conflitos internos.
Interpretado pelo impecável Cillian Murphy, o físico ficou divulgado porquê o Pai da Petardo Atômica e enfrentou as consequências morais das suas ações pelo resto da vida.
Nolan ilustra impiedosamente a tensão reinante durante o primeiro teste da petardo atômica, entremeando a história do físico com o drama do ávido contendedor político de Oppenheimer – o funcionário do governo Lewis Strauss (1896-1974), interpretado por Robert Downey Jr.
Strauss levantou falsas suspeitas de envolvimento do pesquisador com os comunistas, lançando uma sombra sobre a vida de Oppenheimer depois a guerra.
Há muito tempo, Nolan é rabino na arte de lastrar o desempenho artístico e o sucesso mercantil. E Oppenheimer surge porquê o melhor exemplo de um filme criado de forma inovadora, que é imensamente popular. (CJ)
8. Broker – Uma Novidade Chance

Broker é tão multíplice e contraditório quanto os filmes anteriores do diretor nipónico Hirokazu Kore-eda (Tópico de Família, 2018). Mas é também seu trabalho mais engraçado e aprazível para o público.
Sua primeira produção coreana é um filme de estrada romântico que lembra Pequena Miss Sunshine (2006) e os romances policiais humorísticos dos irmãos Coen.
Song Kang-ho (Verme, 2019) interpreta o proprietário de uma lavanderia em Busan, na Coreia do Sul, que mantém uma atividade paralela incomum. Com a ajuda de um facilitar de grande coração, ele vende bebês indesejados para casais que não querem passar pelo processo de adoção legítimo – mas só se ele se convencer de que eles são os pais ideais para a gaiato.
Quando a mãe biológica de um dos bebês quer se envolver no processo e dois detetives começam a segui-los, seus motivos secretos são revelados, as afinidades se alteram, os mistérios se aprofundam e os perigos se multiplicam, até chegar ao comovente final, elegantemente descrito. (NB)
9. Anatomia de uma Queda
Vencedor deste ano da Palma de Ouro do Festival de Cannes, o drama da diretora francesa Justine Triet conta a história de uma escritora acusada de matar seu marido. É um paradoxo resplandecente: um filme produzido com transparência notável, mesmo explorando a procura de verdades que talvez nunca sejam encontradas.
A atriz Sandra Huller interpreta a acusada (que também se labareda Sandra), dos quais marido morreu ao tombar da janela de morada nos Alpes franceses. A incerteza se teria sido acidente, suicídio ou homicídio conduz o roteiro e as cenas no tribunal, mas o ponto meão da trama são os problemas conjugais do parelha principal e a rígida personalidade de Sandra.
A atuação original e inspiradora de Huller torna sua personagem enigmática, ao mesmo tempo em que revela sua feroz independência, seu egoísmo e suas mentiras.
A própria indefinição da verdade acaba se estendendo até atingir o rebento do parelha, de 11 anos, solidário à memória do pai e à vulnerabilidade da mãe.
O filme é tão belo, repousado e despojado quanto suas paisagens cobertas de neve. (CJ)
10. Reality

Em junho de 2017, agentes do FBI estiveram na morada de Reality Winner (sim, nascente é o seu nome verdadeiro – “Vencedora da Verdade”, por incrível que possa parecer), tradutora do governo americano que havia divulgado um documento secreto para a prensa.
O primeiro e criativo filme da diretora americana Tina Satter dramatiza esse encontro real, com Sydney Sweeney no papel principal.
Os diálogos do filme foram principalmente extraídos das gravações da estação, o que faz com que o tom moderado do interrogatório inclua as repetições e hesitações reais dos envolvidos, deixando Reality mais perto da verdade – e novamente justificando seu título.
Mas também parece um estranho pesadelo. É uma mistura de exposição de arte, documentário e filme de terror, que deixa os nervos à flor da pele.
Alguns órgãos de prensa rotulam Winner de traidora radical, mas o impressionante filme de Satter mostra uma jovem corajosa, mas vulnerável e confusa, presa em um cômodo branco vazio com dois homens com o duplo do seu tamanho. (NB)
11. Assassinos da Lua das Flores
O homérico de Martin Scorsese é tão ávido quanto seus filmes anteriores. Ele é fundamentado no livro de não ficção do jornalista americano David Grann sobre o homicídio de dezenas de membros da país indígena Osage, rica em petróleo, em Oklahoma (EUA), nos anos 1920.
O cineasta americano introduz uma história surpreendente de himeneu, numerário e poder em um cenário do oeste americano em expansão, com a limpeza cultural da estação mostrada em toda a sua violência, racismo e ódio pelas demais etnias.
Os principais atores do filme têm atuações magníficas, o que, por si só, já diz muito.
Robert De Niro é austero e insensível porquê o poderoso barão do rebanho William Hale. Leonardo DiCaprio aparece vibrante porquê seu sobrinho mercenário, Ernest.
Em uma tradução de serena eloquência, Lily Gladstone é Mollie, esposa de Ernest, que pretende matá-la para receber sua segmento do numerário da país Osage. Mollie é o meio da história – e Scorsese e Gladstone fazem justiça à sua história na vida real. (CJ)
12. Barbie

Será que Margot Robbie e Ryan Gosling conseguirão ser indicados para o Oscar por interpretarem bonecos de plástico em um pregão variegado de uma marca de produtos?
Certamente é verosímil, considerando o sucesso do filme de maior bilheteria de 2023 – a maior bilheteria já atingida por um filme dirigido exclusivamente por uma mulher. E estas são unicamente duas das suas diversas conquistas.
Barbie foi supervisionado pela Mattel (a empresa operário da boneca), mas sua diretora e corroteirista, a americana Greta Gerwig, parece ter tido liberdade para levar para a tela sua própria e surpreendente opinião.
Gerwig contrariou as expectativas, não só por abordar o consumismo e o patriarcado (para grande desagrado de alguns críticos na internet), mas por se aventurar no estranho campo pós-moderno, no estilo do roteirista Charlie Kaufman.
Fora isso, Barbie é uma comédia realmente engraçada e aprazível – e quantas desse tipo temos no cinema hoje em dia? (NB)
13. American Fiction

No seu primeiro e audacioso filme, o diretor e roteirista americano Cord Jefferson mistura complexos dramas familiares com uma sátira impetuosa e engraçada dos estereótipos raciais.
Com atuação perfeitamente equilibrada, o ator Jeffrey Wright interpreta um romancista e acadêmico tão desgostoso com o estado da cultura e tão cansado de imagens que menosprezam as pessoas negras, que decide redigir um livro abordando cada um dos estereótipos. E essa provocação, escrita com raiva, acaba se tornando um best-seller.
Ao mesmo tempo, ele lida com sua mãe idosa, interpretada com perdão e intensidade pela atriz Leslie Uggams, e com seus irmãos, interpretados por Tracee Ellis Ross e Sterling K. Brown – um elenco perfeito.
Parcialmente fundamentado no romance Erasure (2001), do jornalista americano Percival Everett, o filme caricaturiza demais os acadêmicos e editores racistas, que são alvos fáceis. Mas a habilidade de Jefferson ainda faz de American Fiction uma das comédias dramáticas mais envolventes do ano. (CJ)
14. Resistência (The Creator)
É uma verdadeira oferta encontrar um filme original de ficção científica para variar, em vez de uma adaptação ou refilmagem de uma teoria criada há décadas e já desgastada.
Mais do que isso: Resistência é um filme único, em uma estação em que a maioria dos filmes desse tipo são flagrantes tentativas de perfurar franquias.
Dirigido pelo cineasta britânico Gareth Edwards (Rogue One: Uma História Star Wars, 2016), que também é um dos roteiristas, Resistência se passa em um horizonte próximo demais, no qual a humanidade luta pela sobrevivência contra robôs guiados por lucidez sintético. E um soldado (interpretado por John David Washington) recebe a missão de destruir a arma mais poderosa do inimigo.
É simples que esta premissa é similar à de outros filmes, porquê Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), O Exterminador do Porvir (1984) e Matrix (1999). Mas Edwards criou um homérico de guerra sombrio com características próprias.
Suas imagens nebulosas fazem com que até os mais absurdos androides e naves espaciais pareçam reais. E ele também escolhe um roteiro filosófico espaçoso, que mistura tristeza e frustração com um toque de otimismo conquistado a duras penas. (NB)
15. Origin

O filme da diretora americana Ava DuVernay é profundamente envolvente e emocionalmente comovente. Origin é alguma coisa que só um cineasta com a visão e a imaginação de DuVernay poderia fazer.
Ela transforma o austero livro de não ficção Espécie: As Origens de Nosso Mal-Estar (Ed. Zahar, 2021), da jornalista americana Isabel Wilkerson – que defende que as castas subjugam as pessoas em todo o mundo, ainda mais do que as raças – em uma história pessoal sobre o processo de pesquisa e preparação do livro por Wilkerson, enquanto enfrenta as mortes recentes das pessoas mais importantes da sua vida.
A atuação de Aunjanue Ellis porquê Wilkerson cria uma personagem, ao mesmo tempo, cerebral e emocional. E o filme não perde de vista o profundo argumento histórico do livro.
A história ganha formas dramáticas com cenas de queima de livros pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a limpeza dos esgotos pelos intocáveis na Índia do século 20 e o homicídio do jovem preto Trayvon Martin (1995-2012), que abalou profundamente os Estados Unidos.
Porquê já havia feito na série Olhos que Condenam (2019), DuVernay transforma novamente a verdade em um drama em intenso movimento. (CJ)
16. Os Rejeitados (The Holdovers)
Natal de 1970. Um jovem ressentido (interpretado por Dominic Sessa) é forçado a passar as festas sem os amigos e a família no internato onde ele mora. Por isso, um antipático professor de clássicos (Paul Giamatti) e uma cozinheira em luto (Da’Vine Joy Randolph) ficam encarregados de tomar conta do menino.
Salpicada de cores e brincadeiras pelo seu roteirista, David Hemingson, esta aprazível comédia natalina é dirigida pelo cineasta americano Alexander Payne.
Seu ritmo, seu envolvente relaxado e as festas de término de ano fizeram com que o filme fosse comparado com diversos clássicos independentes dos anos 1970. Mas Os Rejeitados também é um aprazível retorno ao início dos anos 2000, quando colegas de Payne, porquê os diretores Richard Linklater e Noah Baumbach, faziam comédias dramáticas para adultos com pouco orçamento, sobre pessoas relativamente comuns.
De indumentária, Payne e Giamatti trabalharam juntos em Sideways – Entre Umas e Outras (2004) e Os Rejeitados pode ter sido o projeto mais aprazível de qualquer um deles desde portanto. (NB)
17. All of Us Strangers
O cineasta britânico Andrew Haigh já se consolidou porquê diretor e roteirista de grande sensibilidade. Seus filmes incluem 45 Anos (2015) e Weekend (2011). Mas All of Us Strangers o leva para um novo nível.
Andrew Scott nunca esteve melhor ou mais comovente. Ele interpreta o jornalista de meia idade Adam, que começa um relacionamento com um varão mais jovem, interpretado com força e vulnerabilidade por Paul Mescal.
Ao redigir sobre seus pais falecidos (Claire Foy, de The Crown, e Jamie Bell), Adam imagina que pode adentrar o pretérito e encontrá-los já adulto, embora eles não tenham envelhecido desde que ele tinha 12 anos de idade.
Com bela filmagem para fabricar qualidade etérea, da morada de puerícia de Adam até o seu austero apartamento em Londres, All of Us Stranger não é uma história de fantasmas, mas uma mergulho na memória e na dor causada pelo paixão e pela perda – que, surpreendentemente, rejeita a pieguice e cria emoções profundamente reais no pretérito e no presente do protagonista. (CJ)
18. Pobres Criaturas (Poor Things)

O filme A Favorita (2018) foi dirigido pelo cineasta helênico Yorgos Lanthimos. Tony McNamara foi um dos roteiristas e Emma Stone interpretou uma das principais personagens. Agora, os três se reuniram novamente para fabricar Pobres Criaturas, uma inusitada adaptação do fabuloso romance cômico do jornalista britânico Alasdair Gray (1934-2019) – ainda mais criativa e exagerada que A Favorita.
Stone interpreta Bella, uma mulher que se afogou e é trazida de volta à vida por um pesquisador (Willem Dafoe), no melhor estilo Frankenstein.
Porquê ela não tem lembranças da sua existência anterior, também não tem inibições, nem preocupações. Por isso, ela consegue colocar de lado as convenções da Europa vitoriana – ou da versão surreal, que mais parece uma história infantil, da Europa vitoriana oferecida pelo filme.
Stone é absolutamente única porquê a destemida Bella e, oculta sob a maluquice deste satisfeito raconto de fadas, fica uma ácida sátira às restrições impostas às mulheres pela sociedade patriarcal. (NB)
19. The Boy and the Heron (How do You Live?)

O rabino da animação Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli, volta às telas depois de uma dez, com mais uma obra majestosa e esplendente.
The Boy and The Heron (ou How do You Live?, em tradução leal ao título original em nipónico) viaja entre a verdade e a fantasia, reunindo diversos fios soltos da sua vida e dos filmes anteriores.
Ambientado na Segunda Guerra Mundial (que corresponde à puerícia do próprio Miyazaki, que tem 82 anos de idade), a história é baseada em um menino chamado Mahito. Sua mãe é morta por uma petardo na capital do Japão, Tóquio, e seu pai trabalha para um operário de aviões militares japoneses.
Porquê as heroínas de A Viagem de Chihiro (2001) e O Forte Entusiasmado (2004), ambos também do Studio Ghibli, Mahito entra em um mundo mágico, às vezes terrífico, onde sua mãe pode estar chamando por ele. Lá, ele encontra ameaçadores periquitos cor-de-rosa gigantes e outros perigos.
Com o corajoso e solitário Mahito, o filme aborda o luto e a obscura risco que separa a vida e a morte no inconfundível estilo de Miyazaki, com imagens de delicada venustidade e cores, desenhadas à mão. (CJ)
20. Maestro

Em seguida sua estreia porquê diretor em Nasce Uma Estrela (2018), o ator e, agora, cineasta americano Bradley Cooper apresenta outra história profunda de paixão no ramo músico. Ele comprova, durante o processo, que não é unicamente um belo ator se aventurando detrás da câmera, mas sim um diretor competente, de pleno recta.
Sua biografia vibrante e tecnicamente superabundante do maestro e compositor americano Leonard Bernstein (1918-1990) é única em diversos aspectos. Ela descarta algumas das conquistas mais famosas do artista (porquê a elaboração do músico West Side Story, adequado duas vezes para o cinema com o título Paixão, Sublime Paixão) para se concentrar no seu longo e complicado himeneu com a atriz costarriquenha Felicia Montealegre (1922-1978).
A notável atuação de Carey Mulligan porquê Montealegre é um ponto cimalha da sua curso e Cooper impressiona quase tanto quanto ela no papel meão. Ele simplesmente mostra porquê Bernstein podia ser fadigoso e egocêntrico, mas o filme brilha com sua profunda dedicação pelo maestro. (NB)
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Culture.