Março 20, 2025
Os craques que deixaram pegadas nos gramados de Santa Catarina

Os craques que deixaram pegadas nos gramados de Santa Catarina

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Edição próprio de 100 anos do Campeonato Catarinense começa no sábado; série de reportagens do Grupo ND relembra os grandes esquadrões e craques que desfilaram pelos gramados do Estado

Santa Catarina é um Estado periférico no futebol, mas o talento – seja no esporte, seja na arte ou na literatura – não se acanha diante de barreiras territoriais. Por isso, embora com projeção subalterno a centros mais ricos e populosos, por cá também se corre detrás da esfera com lazeira de gols, títulos e, quem sabe, contratos vantajosos.

Desde que foi criado um campeonato de contextura estadual, exatamente um século detrás, e mesmo antes disso, craques já exibiam sua técnica em gramados catarinenses.

Ouvir figuras que deixaram rastros é entender por que a paixão pelo futebol envolve e arrasta todas as torcidas. Da dezena de 1970 para cá, Santa Catarina viu Avaí e Figueirense retomaram o protagonismo perdido nos anos 40, o Joinville enfileirar troféus e dar as cartas durante uma dezena inteira, o Criciúma se impor e lucrar títulos nacionais e a Chapecoense ir da quarta para a primeira subdivisão vernáculo em unicamente quatro anos.

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Por trás dessas performances sempre estiveram jogadores de muita qualidade. A reportagem foi detrás de alguns desses atletas e ouviu depoimentos uma vez que o de Toninho Quintino, o bombeiro que saiu da Armação da Piedade, em Governador Celso Ramos, para prefulgir em campos nacionais, depois de ser a revelação do Campeonato Brasílico de 1975 pelo Figueirense.

Toninho (à esq) em partida pelo Avaí – Foto: Arquivo pessoal/NDToninho (à esq) em partida pelo Avaí – Foto: Registro pessoal/ND

Ele começou no Avaí uma vez que ponta direita, jogando ao lado de Fio Maravilha, Paulo Henrique e Ademir, que tinham vindo do Flamengo, em 1972.

Muito bons de esfera, Zenon e Balduíno atuavam naquele time, que foi vice-campeão estadual com Toninho entre os reservas. No ano seguinte, veio o caneco, na vitória da final sobre o Juventus de Jaraguá do Sul, quando ele foi bombeiro mesmo tendo ficado todo o primeiro vez no banco. Em 1975, ao lado de Lico, Pinga, Casagrande, Sérgio Lopes, Moacir, Marcos Cavalo e Luiz Éverton, foi vice pelo Figueirense.

Foi no Brasileirão daquele ano, no entanto, que Toninho explodiu, fazendo 15 gols e sendo eleito a revelação do campeonato, o que lhe rendeu um sege oferecido de presente pela antiga CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Numa atuação antológica, marcou duas vezes contra o Palmeiras, no Parque Antárctica, e foi logo contratado pelo time paulista, onde fez 176 jogos e 86 gols.

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“Ainda sou o sexto maior bombeiro do Palmeiras em campeonatos brasileiros, tendo jogado no clube durante três anos e meio”, conta ele. Agora é que Dudu passou por ele na artilharia, mas o atacante está há nove anos no clube. “Em 1975, a cada bom resultado, o time do Figueirense era recebido com sarau e o trânsito parava na cidade”, recorda Quintino.

Marcação, roubadas de esfera e gols em série

No Palmeiras, Toninho jogou ao lado de Leão, Ademir da Guia, Dudu (tio do técnico Dorival Júnior), Eurico, Alfredo, Beto Fuscão, Jorge Mendonça e Edu – uma ateneu! Ex-campeão de atletismo, ele se movimentava muito em campo e marcava sob pressão, roubando bolas e fazendo gols em profusão.

“É por isso que admiro o atacante Canudo, do Fluminense, que tem o meu estilo”, diz o jogador. O time foi vencedor paulista em 1976 e vice do Brasílico de 1978, proveito pelo Guarani de Zenon. Depois, ele foi para o Cruzeiro, uma experiência mal sucedida, e para o Corinthians, onde jogou ao lado de Sócrates e marcou 14 gols.

Depois vieram a Universidade Católica do Chile, times brasileiros de menor frase e a volta para o Avaí, onde marcou mais de 90 gols entre 1984 e 1986, atuando ao lado de Flávio Roberto, Belmonte, Catatau e Décio Antônio.

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Com tamanha performance, Toninho teria jogado na Europa, com folga, mas os tempos eram outros. A preparação física nem se compara, em estrutura e sofisticação, com os dias de hoje. Por outro lado, não havia tantos empresários assediando atletas, ligando durante a concentr

ação pré-jogo, tomando moca da manhã com seus contratados no hotel. “No Palmeiras, eram permitidas unicamente ligações de familiares nas vésperas das partidas”, compara.

Depois de se reformar dos campos, Toninho Quintino abriu uma loja de esportes, administrou um multíplice com 12 campos de futebol no bairro Abraão, em Florianópolis, e trabalhou na Instauração Municipal de Esportes da Capital, ao lado de outro craque, Renato Sá, entre 1989 e 1992.

Foi gerente de futebol do Figueirense, em 1989, antes da primeira gestão de Marco Aurélio Cunha, e testemunhou a chegada de Genilson, Aldrovani, Perivaldo e, depois, Fernandes.

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Genilson nos tempos de Figueirense – Foto: Arquivo/FFC/NDGenilson nos tempos de Figueirense – Foto: Registro/FFC/ND

Hoje, aos 71 anos, Toninho desfruta da aprazível Herdade da Armação, em Governador Celso Ramos, e quando estimulado fala de seus gols, títulos e companheiros de jornada. E do que aprendeu com os técnicos Dino Sani, Filpo Núñez, Osvaldo Brandão, Telê Santana e Jorge Ferreira, um dos melhores que passaram por Santa Catarina.

O meia de 1,60m que fez de cabeça o gol título avaiano

Sem nunca ter sido capitão, Balduíno sempre foi um líder em campo, conciliando habilidade com um protagonismo que incluía a reivindicação de melhores condições de trabalhos para os jogadores. Em 13 anos, ele disputou zero menos que 75 clássicos entre Avaí e Figueirense – é, portanto, uma espécie de talismã, um mascote, do centenário do Campeonato Estadual.

Balduíno, craque do Avaí no Campeonato CatarinenseBalduíno (à esq.) durante jogo do Avaí – Foto: Registro/AFC/ND

Começou nas categorias de base do Figueira, mas foi no Leão da Ilhota que estourou, levando o time ao título de 1973, na final contra o Juventus, quando fez um dos gols, em jogada ensaiada com a participação de Zenon e Rogério. E o gol foi de cabeça, uma façanha para o meia armador de 1,60m de profundidade!

Depois ele retornou ao Figueirense, jogou no Grêmio e abandonou o futebol para ser professor de instrução física na Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), onde trabalhou até se reformar. Tanto quanto sobre o futebol dentro das quatro linhas, ele gosta de falar da estrutura e da preparação física no seu tempo de desportista na confrontação com os dias que correm.

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“Era ridículo”, dispara quando perguntado sobre os treinamentos e o dia a dia dos clubes. “Subíamos escadas e corríamos na avenida Cercadura-mar Setentrião, sobre o cimento, de kichute (idoso calçado feito com lona e sola emborrachada com travas)”.

“Hoje se corre o duplo numa partida (em torno de 14 quilômetros), os campos diminuíram de tamanho e o que conta é a exigência física”, diz Badu, uma vez que é publicado. “Com 50 quilos, eu era obrigado a carregar um zagueiro de 84 nas costas, durante os treinamentos físicos. Mas no meu tempo só jogava quem sabia, enquanto hoje entra quem é muito dotado fisicamente. As seletivas de jovens atletas levam em conta a estatura, e não a habilidade. O futebol virou show-business”, destaca Balduíno, que está com 71 anos.

Boas lembranças de um baiano que foi bombeiro no Avaí

Um jogador com passagem marcante pelo futebol catarinense foi o atacante Dão, vencedor pelo Avaí na Série C do Brasileirão de 1998. Ele ainda lembra do trio elétrico e da turba recebendo o time posteriormente a conquista do título, mesmo com guia para o São Caetano-SP, na final, fora de morada.

“Não tem uma vez que olvidar”, afirma, ressaltando a qualidade daquele grupo, que tinha Altair, Régis, Fantick, o jovem Marquinhos Santos e outros.

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Dão é ídolo do Avaí – Foto: Arquivo/AFC/NDDão é ídolo do Avaí – Foto: Registro/AFC/ND

Dão também passou pelo Figueirense, mas teve uma fratura na tíbia que o afastou dos gramados. Diz que saiu traumatizado, porque “não me deram tempo para a recuperação”, justamente quando o clube começava a se preparar para a grande período do chegada e a manutenção por sete anos na Série A do Campeonato Brasílico.

Antes de jogar no Estado, Dão havia sido vice-campeão brasílico pelo Vitória, em 1993. Hoje, vive em sua cidade, Sento Sé, no interno da Bahia, onde desenvolve um projeto de preparação de atletas, que indica para vários clubes, incluindo o Avaí.

O maior bombeiro do país em 1999 ainda está próximo do Figueira

Quem não lembra do ataque demolidor do Figueirense em 1999, quando Genilson fez os dois gols do título sobre o Avaí, na final realizada no estádio Orlando Scarpelli? Com Aldrovani, o atacante formou a dupla Geni-Al e marcou 26 gols, consagrando-se uma vez que o bombeiro de todos os estaduais do país naquele ano.

Genilson também atuou no Marcílio Dias e jogou no Málaga (primeira subdivisão espanhola), Coritiba, Santa Cruz e Fortaleza. Voltou a morar em Florianópolis em 2014 e é proprietário das escolinhas oficiais do Figueira, que funcionam fora do clube.

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Sobre a parceria com Aldrovani, Genilson diz que os dois tinham características distintas, mas se entendiam muito muito. Ele foi treinado por técnicos uma vez que Paulo Bonamigo, Muricy Ramalho e Dorival Júnior – leste, no Figueirense e no Fortaleza.

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