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A sensação da direita brasileira Pablo Marçal é um influenciador inflamado de 37 anos que se opõe à agenda “woke” e agitou a corrida para prefeito na megalópole de São Paulo.
Desde que entrou oficialmente na disputa para governar a cidade de 12 milhões de habitantes após as eleições locais de outubro, o palestrante motivacional e coach de desenvolvimento pessoal cresceu em popularidade.
Inspirado em alguns exemplos de líderes de extrema direita como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente dos EUA Donald Trump e o argentino Javier Milei, ele se retrata como um outsider político, usando retórica provocativa e criticando a esquerda.
“As pessoas querem liberdade, para dizer o que pensam. Elas não querem se conformar com a ideologia de gênero. Elas não querem essa agenda ‘woke’, que é completamente retrógrada”, disse Marçal à AFP, no final de um dia de colocação de propaganda eleitoral em um bairro nobre de São Paulo.
Seu logotipo é um grande “M” azul para seu sobrenome, que ele e seus apoiadores usam estampado em bonés e adesivos colocados em suas camisetas.
A campanha de Marçal para a cidade, capital econômica do Brasil, se concentrou em propostas de austeridade, banimento de trabalhadores “incompetentes” do setor público e criação de empregos, especialmente para os pobres.
“Ele diz o que muitos brasileiros gostariam de dizer”, disse Sara Maria Nunes, uma enfermeira de 50 anos, usando o boné “M”.
– Pisando nos pés de Bolsonaro –
Alguns analistas veem Marçal como alguém que pisa nos calos de Bolsonaro no campo ultraconservador.
Apesar das semelhanças, Bolsonaro está apoiando o atual prefeito Ricardo Nunes, um político de direita visto como um candidato mais tradicional, pelo qual ele tem enfrentado críticas de seus próprios apoiadores.
Isso reforça a imagem de Marçal como o “candidato antissistema”, disse Jonas Medeiros, diretor de pesquisa do Centro de Imaginação Crítica.
A menos de um mês da eleição, Marçal está empatado em terceiro lugar com Nunes e Guilherme Boulos, candidato do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha.
Filho de um funcionário público e uma empregada doméstica, Marçal nasceu na cidade de Goiânia, no centro-oeste do país. Ele conquistou seguidores online dando palestras motivacionais e cursos para ganhar dinheiro.
Marçal conta com mais de 25 milhões de seguidores nas redes sociais.
“Sou o principal ator digital do país hoje”, disse ele.
A mídia local diz que ele é o candidato mais rico na disputa pela prefeitura de São Paulo.
No entanto, algumas de suas contas foram suspensas pelo tribunal eleitoral do país depois que ele prometeu pagar aos seguidores que criassem perfis para compartilhar seu vídeo.
Ele comemorou a punição, dizendo que “qualquer perseguição acelera o processo” em direção à vitória.
– ‘Essência da extrema direita’ –
Marçal admite que algumas de suas declarações mais controversas são uma tática para “chamar a atenção” dos eleitores e da mídia.
Ele chamou os eleitores de Lula de idiotas, insinuou que um de seus rivais era o “maior” cheirador de cocaína da cidade e ameaçou enviar comunistas de ônibus para a Venezuela.
“Não vou me desculpar por dizer o que precisa ser dito. Agora, depois do período eleitoral, essa guerra não é mais necessária” contra os outros, disse Marçal, que manifestou interesse em concorrer à presidência.
Carismático e atlético, Marçal é um cristão declarado, casado e pai de quatro filhos.
Ele se envolveu em vários escândalos. Em 2010, foi sentenciado a quatro anos e meio por roubo, mas nunca cumpriu a pena completa.
“Ele representa a essência da extrema direita, do ódio, da mentira”, disse o candidato rival Boulos.
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