O papa Francisco, 86, deixou ensejo a possibilidade de padres católicos darem bênçãos a casais formados por pessoas do mesmo sexo. A iniciativa, segundo o pontífice, deve ser limitada, decidida caso a caso, e não confundida com cerimônias de casamentos heterossexuais.
A enunciação de Francisco foi uma resposta a cinco cardeais conservadores na chamada “dubia” (dúvidas, em latim), em que o papa recebe perguntas sobre temas variados. Um dos questionamentos mencionou que a bênção a casais do mesmo sexo estava se tornando “relativamente generalidade” na Alemanha.
O debate por escrito ocorreu em julho, e o Vaticano publicou o posicionamento do papa nesta segunda-feira (2), posteriormente os cinco cardeais manifestarem insatisfação com as respostas de Francisco.
“Em nosso relacionamento com as pessoas, não devemos perder a humanitarismo pastoral, que deve permear todas as nossas decisões e atitudes”, disse o papa na resposta, segundo o Vatican News, o portal de notícias solene da Santa Sé. “Quando se pede uma bênção, está se expressando um pedido de ajuda a Deus, uma súplica para poder viver melhor, uma crédito em um Pai que pode nos ajudar a viver melhor.”
O pontífice enfatizou, porém, que o posicionamento da igreja é simples em relação ao sacramento do matrimônio, e que esse deve ocorrer somente entre um varão e uma mulher. Disse ainda que a instituição deve evitar qualquer outro ritual que contrarie esse ensinamento.
Para Francisco, a Igreja não deve agir uma vez que “juízes que somente negam, rejeitam e excluem”. Segundo ele, algumas vezes os pedidos de bênção são oportunidades para que as pessoas “se aproximem de Deus e tenham vidas melhores”, mesmo que alguns atos sejam “objetivamente moralmente inaceitáveis”.
A igreja ensina que ter atração por pessoas do mesmo sexo não é vício, mas engajar-se em atos homossexuais, sim. De congraçamento com Francisco, quaisquer eventuais bênçãos não devem se tornar a norma ou obter aprovação explícita das jurisdições da igreja, uma vez que dioceses e conferências nacionais de bispos.
Se as respostas motivaram reclamações da renque conservadora na igreja, por outro lado foram muito recebidas por setores progressistas. Francis DeBernardo, diretor do New Ways Ministry, que promove a aproximação da igreja com os católicos da comunidade LGBTQIA+, afirmou que, embora as declarações não sejam “um endosso pleno e sonoro” das bênçãos, as falas mostram “que a igreja reconhece que o paixão sagrado pode subsistir entre casais do mesmo sexo, e que o paixão dessas pessoas espelha o de Deus”.
As respostas do papa foram divulgadas na mesma semana em que começa a 16a edição da Câmara do Sínodo dos Bispos, convocada por Francisco para debater o horizonte da Igreja Católica. O encontro, com início nesta quarta (4), irá discutir e sintetizar visões sobre as prioridades indicadas pelos católicos.
Pelas próximas três semanas, 464 participantes, entre bispos, cardeais, religiosos e laicos, vão se debruçar sobre temas uma vez que a maior participação das mulheres, inclusive o entrada delas ao diaconato, e uma vez que se aproximar de grupos marginalizados, uma vez que divorciados em segundo matrimónio e pessoas LGBTQIA+. Também tratarão da ordenamento de homens casados e de prevenção de abusos sexuais e de poder por segmento do clero.