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por que ver Antonioni na Mostra

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David Hemmings em "Blow Up: Depois daquele beijo" (1966), de Antonioni
David Hemmings em “Blow Up: Depois daquele ósculo” (1966), de Antonioni Imagem: Divulgação

Por que rever os filmes de Antonioni na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começou na última quinta? A diretora do evento, Renata de Almeida, resumiu muito o motivo: “Antonioni era espargido uma vez que o cineasta da incomunicabilidade. Num tempo em que nos comunicamos sem parar pelo celular, ele com certeza tem alguma coisa a nos expor.”

Em resumo, o que Antonioni nos diz é: o mundo anda em ritmo depressa, mas o ser humano e suas angústias continuam os mesmos. O varão exclusivamente se adapta às novidades, às redes sociais, ao mundo do Big Brother onde todos amam seguir a intimidade de meia dúzia — e assim vai se iludindo de que existe alguma real troca entre ele e as pessoas à sua volta.

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Ver ou rever os filmes de Antonioni agora em outubro pode iluminar uma vez que vários cineastas do presente seguem os passos dele na hora de filmar a solidão humana. O rabi está na forma uma vez que Wim Wenders filma o limpador de banheiros nipónico de “Perfect Days”; na solidão aguda da moçoila Priscilla Presley presa na gaiola da notabilidade de Elvis em “Priscilla”, de Sofia Coppola; nos bancários revoltados contra o sistema de “Os Delinquentes”, de Rodrigo Trigueiro, indicado da Argentina ao próximo Oscar; e até na invenção solitária do paixão das crianças do belga “Close”, de Lukas Dont, e do nipónico “Monster”, de Hirokazu Kore-Eda. Ou ainda nos filmes do turco Nuri Bilge Ceylan, um dos melhores do mundo hoje — seu último filme, “Ervas Secas”, está na programação da Mostra.

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No termo das coisas, seu aplicativo de paquera e os filmes do Antonioni devem expor a mesma coisa: você está só neste mundo. A diferença é que o aplicativo te dá a ilusão de estar escoltado, enquanto o cinema do rabi nos apresenta uma guloseima maneira de viver nessa solidão, encontrando nela uma riqueza insuspeita.

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Para terminar, deixo as minhas dicas antonionianas. Se nunca viu “A Proeza”, “A Noite” ou “O Eclipse” na tela grande, não deixe de ver. “O Grito” e “O Deserto Vermelho”, seu primeiro filme a cores, valem toda a experiência. E há os dois cults eternos, “Blow Up” e “O Passageiro – Profissão: Repórter”, que nunca perdem o ar de novidade a cada vez que se revê. Boa Mostra a todos!

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