Para entender o processo, conversei com o engenheiro de som e produtor músico Gabriel Pinho, que não só mixou o filme uma vez que também gravou o novo material. “Se a gente usasse o material do disco, as gravações originais em estéreo, a conversão para um bom som surround seria pobre”, explica. “Porquê o filme está sendo mixado para Dolby Atmos, sistema que verticaliza a mergulho sonora no cinema, o resultado seria ainda pior.”
Se existe uma coisa que não pode ser deficiente em “Mamonas Assassinas” é, evidente, o som. E não somente em cenas que reproduzem as apresentações do grupo, mas em ensaios e gravações. “A gente precisava ter controle totalidade, uma vez que, por exemplo, remover só a voz, ou deixar só bateria e insignificante”, continua. “Se usasse o disco do Mamonas, mormente em cenas de shows, ficaria muito com rosto de playback.”
Nem preciso expressar o quanto a música é importante. Mas “Mamonas Assassinas – O Filme” procura humanizar a orquestra — Dinho, Samuel, Julio, Sergio e Bento — para além do furacão midiático que enfeitou desde o palco do Domingão do Faustão até a cobertura da revista Bizz. Foi uma explosão músico que experimentou uma estranha unanimidade nos anos 1990 e chacoalhou a cultura pop até que uma tragédia interrompeu sua trajetória meteórica depois somente oito meses.
“Já havia um roteiro do Carlos Lombardi quando entramos no projeto”, conta a produtora Walkíria Barbosa. “Nosso trabalho logo foi aproximar o Carlos das famílias dos meninos do Mamonas para que ele tivesse entrada a suas histórias.” O desenvolvimento do filme passou a mirar o objetivo de trazer para o cinema a linguagem da orquestra.
“Nossa preocupação era fazer um filme de verdade, e não um drama com rosto de documentário”, continua Walkíria. “A gente queria não só aquela irreverência, mas também mostrar sua humanidade, uma vez que eles eram politizados, uma vez que o bom humor existia para chacoalhar a estrutura da indústria e seus absurdos.”