Março 19, 2025
Postagem tira de contexto notícia sobre edição em relatório do 8 de Janeiro feita por ex-GSI

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O que estão compartilhando: reprodução de manchete jornalística sobre falsificação em relatório enviado ao Congresso pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Lula, general Gonçalves Dias. Legenda sobreposta à postagem diz que a tese de que os atos de vandalismo no 8 de janeiro teriam sido parte de uma tentativa de golpe de Estado seria uma “conclusão manipulada” a partir da falsificação do relatório citado na manchete.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A postagem faz referência a uma notícia publicada pelo blog da jornalista Malu Gaspar, no jornal O Globoem maio de 2023. A reportagem, de título “Ex-GSI de Lula falsificou relatório do 8/1 enviado à comissão de inteligência do Congresso”, informa que o ex-ministro Gonçalves Dias adulterou um dos documentos para excluir os registros de que ele foi avisado sobre o risco de tumulto e invasão. Como a íntegra da reportagem mostra, a manipulação feita no relatório dizia respeito apenas à possível responsabilidade por omissão de G. Dias.

Procurado, o responsável pela alegação defendeu que a publicação é apenas opinativa. Ele alega que o posicionamento de que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe é “amplamente discutido” no meio jurídico e político.

Leitores solicitaram checagem deste conteúdo por meio do WhatsApp do Estadão Verificapelo número (11) 97683-7490.

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Edição em relatório do 8 de janeiro por ex-GSI não ‘desmente’ ataques golpistas aos Três Poderes Foto: Reprodução/Facebook

Saiba mais: postagens nas redes sociais resgatam uma notícia publicada no jornal O Globo em 2023 para argumentar que os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro não teriam feito parte de uma tentativa de golpe. A publicação analisada aqui é ilustrada somente com o título da reportagem: “Ex-GSI de Lula falsificou relatório do 8/1 enviado à comissão de inteligência do Congresso”. O texto sobreposto ao conteúdo alega que essa informação seria o suficiente para “enterrar” a “narrativa de golpe” da invasão às sedes dos Três Poderes.

Em abril de 2023, diferentes veículos de imprensa, como o Estadãorevelaram que informes emitidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) advertiram sobre o risco de atos violentos no 8 de janeiro. A informação contradisse o que foi dito por oficiais do GSI à Polícia Federal (PF), uma vez que negaram ter recebido alertas sobre o risco de invasão.

Cabe ressaltar que, no mesmo mês, G. Dias, como é conhecido, pediu demissão do cargo de ministro-chefe do GSI. A decisão foi tomada após a divulgação de imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, que colocaram em dúvida a atuação do general durante a invasão golpista.

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O conjunto de documentos da Abin sobre o 8 de janeiro foi enviado à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional. Em maio, o blog da jornalista Malu Gaspar noticiou que um dos documentos foi adulterado pelo GSI.

Conforme a apuração, o material era composto por dois relatórios da Abin. Uma comparação entre os documentos mostrou que o GSI, à época chefiado por Gonçalves Dias, manipulou o primeiro relatório enviado ao Congresso. A edição foi feita para retirar os registros de que G. Dias teria sido informado por mensagem sobre o risco de invasão e tumultos.

Em junho daquele ano, o Estadão noticiou que G. Dias admitiu ter editado o relatório da Abin enviado ao Congresso. Como justificativa, o general da reserva alegou que a informação de que fora avisado previamente estava errada – por isso, o documento teria sido modificado para correção.

“A CCAI solicitou ao GSI o que a Abin tinha produzido de informação. Esse documento passou para a Abin. A Abin respondeu com um compilado de mensagens de aplicativos”, disse. “Esse documento tinha lá, ‘ministro do GSI’, mas eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp. Eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens. Então o documento não condizia com a verdade. Esse era um documento. Ele foi acertado e enviado”, acrescentou.

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Em agosto de 2023, o Estadão informou que uma sindicância do GSI, que buscava apontar “eventuais responsabilidades” de agentes do Gabinete no 8 de janeiro, defendeu a atuação do ex-ministro G. Dias. A investigação interna foi feita entre 31 de janeiro e 6 de junho daquele ano.

“Quanto à conduta adotada pelo então ministro Gonçalves Dias, de estar presente e atuando no interior do Palácio do Planalto durante as invasões, este sindicante chega à conclusão de que o militar tenha adotado técnicas de negociação e coordenação dos demais agentes do GSI, quanto à retomada das instalações, varredura dos andares e detenção dos manifestantes no segundo andar do Palácio, estando de acordo com o esperado de uma autoridade em sua posição naquela situação”, afirmou o relatório.

Em novembro, a CPI dos Atos Antidemocráticos aprovou o relatório final sobre os atos antidemocráticos. A Comissão sugeriu o indiciamento de 135 pessoas, sem o nome de G. Dias.

Postagem descontextualiza notícia para minimizar ataques do 8 de Janeiro

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O Verificar procurou o responsável pela postagem, que manteve o posicionamento. Ele classificou como “grave” a modificação do relatório e defendeu que a afirmação de que o 8 de janeiro não configura tentativa de golpe é apenas opinião.

Por fim, o autor pediu para não ser “associado” aos envolvidos do 8 de janeiro e enviou postagens pessoais em que criticava os ataques aos Três Poderes.

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