Março 19, 2025
Reforma administrativa: o que ficou para resolver em 2024

Reforma administrativa: o que ficou para resolver em 2024

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Ministra Esther Dweck e o secretário de Gestão de Pessoas, José Celso Cardoso Jr. – Antônio Cruz/Filial Brasil

Quase no extinguir das luzes de 2023, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sinalizou que não desistiu de legalizar a PEC 32, da reforma administrativa, apesar da reconhecida obstáculo do governo. Mas o parlamentar admitiu, em evento, leste mês, em Brasília, que, sem o base do Palácio do Planalto, uma proposta porquê essa dificilmente avança.

O Executivo, por sua vez, definiu uma estratégia para se contrapor à PEC 32: um pacote de medidas infraconstitucionais com capacidade de racionalizar as carreiras; modernizar os concursos; e adotar mecanismos de avaliação de desempenho na governo federalista, sem mexer na firmeza dos servidores.

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Acontece que, até agora, o governo enfrenta importantes barreiras políticas para tocar os temas-chave dessa transformação do Estado e tirou pouco do papel. Os desafios, portanto, estão todos recolocados na agenda de 2024.

Em 2023, a principal ação do Ministério da Gestão e da Inovação foi o pregão do Concurso Vernáculo Unificado, que deve ser realizado em maio. Os especialistas comemoraram a iniciativa, principalmente porque o provão abre caminho para democratizar o ingresso no serviço público, com a realização de provas em 217 cidades.

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Ao todo, o concurso unificado deve permitir o ingresso de 6,6 milénio novos servidores, em 22 órgãos federais. Porém, os temas considerados prioritários para efetivamente se contrapor à PEC 32 não são enfrentados exclusivamente com o provão. Muito pelo contrário.

A pesquisadora Vera Monteiro, professora da FGV Recta SP e uma das principais estudiosas do serviço público e do Recta Administrativo no país, também foi convidada para evento em que Lira defendeu a PEC 32, promovido pela Febraban e pela Confederação Vernáculo das Instituições Financeiras (CNF).

Na ocasião, ela listou três propostas que teriam o dom de dar rumo a uma efetiva transformação do Estado, sem mudar a Constituição: o PL dos supersalários, o PL dos concursos e o PLP 539/2018, que disciplina a avaliação periódica de desempenho em União, estados e municípios, inclusive com a possibilidade de exoneração.

“Há muita cortinado de fumaça nesse oração de que nós precisamos de uma emenda constitucional para viabilizar uma reforma administrativa eficiente. A própria PEC 32 não muda zero em relação ao mundo atual. Não existe uma projéctil de prata. Há um pacote de medidas importantes que cabe ao Legislativo e ao Executivo. Só isso é capaz de fazer uma transformação muito importante em material de gestão pública para ter o Estado que a gente quer”, avalia Vera Monteiro.

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Embora já tramitem há bastante tempo, essas três propostas não estão na agenda prioritária do Congresso. E, por ora, nem do governo.

Obstáculos para transformar o Estado

Os três projetos de lei listados pela professora Vera Monteiro até estão no radar do Ministério da Gestão e da Inovação. Essas propostas, inclusive, têm aliados no MGI. Mas, por diferentes razões, nenhuma delas conta com o base veemente do governo e da ministra da Gestão, Esther Dweck, que estuda outras alternativas.

Já sancionado pela Câmara, o PL dos concursos é motivo de impasse com entidades do funcionalismo, devido aos aspectos relacionados à avaliação comportamental.

O governo chegou a trabalhar a possibilidade de permitir a aprovação da proposta, negociando o veto presidencial dos temas mais controversos. Mas essa teoria ainda não vingou, e o projeto segue parado na Percentagem de Constituição e Justiça do Senado.

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Até o momento, o governo trabalha com uma espécie de proposta selecção, que deve ser encaminhada por meio de decreto, entre janeiro e fevereiro. Ela é limitada às regras para o recrutamento de servidores no contexto federalista.

Os estudiosos do tema, por sua vez, entendem que a modernização dos concursos precisa entender os estados e, sobretudo, os municípios.

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“Cabe ao Legislativo pensar (a reforma administrativa) em termos de Brasil, não exclusivamente em termos de União federalista. São mudanças, que já tiveram a imposto da Câmara, que podem melhorar muito a qualidade da máquina”, avaliou Vera Monteiro, no evento da Febraban.

Consultada, a Febraban informou que apoia conceitualmente a urgência de uma reforma administrativa, opinião expressa em nota, na última semana, sobre a elevação do rating do Brasil pela S&P, pela Fitch e pela Moddy’s.

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Supersalários e o Judiciário

No caso do PL dos supersalários, o imbróglio também envolve o Poder Judiciário. A proposta chegou a ser defendida publicamente pelo ministro da Herdade, Fernando Haddad. Ela discrimina os tipos de rendimentos extras de servidores da ativa, aposentados e pensionistas e disciplina quais deles podem permanecer fora do teto, hoje de R$ 41.650,92.

Porém, o governo se viu obrigado a deixar esse tema em segundo projecto ao longo de 2023 para priorizar o progressão da tarifa econômica no Congresso. Para 2024, o embate também se dará na Percentagem de Constituição e Justiça do Senado.

Uma vez que no caso dos concursos, o texto já foi sancionado na Câmara. O PL tem impacto fiscal, apesar das concessões feitas, em relação ao texto original, para ampliar a gama de rendimentos extras que podem extrapolar o teto. Em novembro, o senador Eduardo Gomes (PL-SE) foi nomeado relator na CCJ.

Acontece que a magistratura se opõe à proposta. E o mesmo Eduardo Gomes também é o relator da PEC 10, que concede suplementar por tempo de serviço de 5% para magistrados, promotores e procuradores da República da ativa e aposentados, a cada cinco anos.

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Hoje, na bolsa de apostas, é mais fácil votar a PEC 10 do que o PL dos supersalários.

Já no caso do PLP 539, o governo não pretende abraçar uma proposta que permita a exoneração do servidor público com desempenho insatisfatório. De contrato com o texto, o servidor com desempenho insatisfatório em duas avaliações periódicas consecutivas – ou em três avaliações alternadas – pode perder o missão.

Segundo o Executivo, os mecanismos de avaliação de desempenho ainda precisam de maduração e, por enquanto, está descartado um base público a essa proposta, que encontra respaldo em parlamentares que apoiam a PEC 32.

E, finalmente, para além dos PLs que já tramitam no Congresso, o governo tem o duelo de costurar uma das reformas mais urgentes do serviço público federalista: a racionalização das carreiras e das tabelas remuneratórias, com a ampliação das chamadas carreiras transversais e a redução das desigualdades entre servidores com atividades similares.

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Essa tarefa, a missão do secretário de Gestão de Pessoas do MGI, José Celso Cardozo Jr, não deve ser concluída antes de 2026.



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