Setembro 29, 2024
reunião termina, mas sem consenso

reunião termina, mas sem consenso

O segundo e último dia da Cúpula da Silêncio na Ucrânia ocorreu ontem, na Suíça, com a presença de 92 delegações nacionais e uma representação latino-americana robusta. A Rússia não foi convidada e a China cancelou a participação no evento, que terminou com uma enunciação aprovada pela quase totalidade dos participantes — tapume de 80 nações. No entanto, sem o suporte de países uma vez que Brasil, Índia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Os participantes foram divididos em três grupos de trabalho neste domingo: segurança nuclear, assuntos humanitários, segurança cevar e liberdade de navegação no Mar Preto. As discussões basearam-se em pontos consensuais do projecto de sossego apresentado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no final de 2022 e nas resoluções da ONU sobre a invasão russa. Os líderes mundiais reforçaram o suporte à independência e à integridade territorial da Ucrânia, mas reafirmaram a urgência de incluir Moscou nas discussões e negociações sobre o término da guerra.

Para a mestra e doutora em relações internacionais Mariana Kalil, professora de geopolítica da Escola Superior de Guerra, qualquer iniciativa de diálogo inclusivo é pilar fundamental da diplomacia e da sossego. “Sem incluir todas as partes em pé de paridade, no entanto, pode simbolizar tentativa de manipulação pelos países que concentram poder e pode resultar em ainda mais lentidão ou mesmo em retiro de qualquer solução que não seja militar”.

A reunião ocorreu em um momento quebradiço para a Ucrânia no campo de guerra, onde as forças russas são mais fortes e estão em maior número. O Ministério da Resguardo russo reivindicou, neste domingo, a tomada de Zahirne, na região de Zaporizhzhia, sul da Ucrânia, além das condições impostas pelo presidente russo na última sexta-feira para o cessar-fogo. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, insistiu que não há “ultimato”, mas uma “iniciativa de sossego que considera a veras no terreno”.

Doações

O bombardeio russo das infraestruturas energéticas ucranianas levou a uma redução à metade da produção de eletricidade da Ucrânia desde o inverno pretérito. Além da ajuda de mais de 1,5 bilhão de dólares anunciada no sábado pela vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, outros países se comprometeram a contribuir.

A Noruega anunciou, ontem, que destinará 1,1 milhões de coroas (tapume de 552 milhões de reais) à Ucrânia. Outros 11 milhões de dólares (58 milhões de reais) foram destinados a reparos de infraestruturas na região de Kharkiv, nordeste do país, segundo transmitido publicado enquanto Store está na Suíça, participando da conferência.

Oslo também prometeu 75 milhões de coroas (tapume de 37 milhões de reais) para o período de 2023 à 2027, em ajuda militar e social.

Empréstimo

As mensagens dos países que não fazem secção do círculo tradicional de suporte à Ucrânia não foram tão claras. A Arábia Saudita, aliada da Rússia na dimensão da força, disse que Kiev terá que assumir “um compromisso difícil” se quiser fechar o conflito. “É principal enfatizar que qualquer processo confiável vai necessitar da participação russa”, disse o chanceler saudita, Faisal bin Farhan.

O presidente do Quênia, William Ruto, criticou as medidas ocidentais mais recentes contra a Rússia, referindo-se ao convénio do G7 para oferecer um empréstimo de 50 bilhões de dólares à Ucrânia financiado com os rendimentos dos ativos russos congelados. “Assim uma vez que a invasão russa à Ucrânia foi proibido e inadmissível, a apropriação unilateral de ativos russos é também proibido”, afirmou Ruto.

O técnico Gustavo Blum esclarece que trata-se de uma questão de segurança jurídica. “Muitos foram congelados logo no início do conflito, em 2022. A grande maioria são de bilionários russos — alguns dos quais grandes oligarcas. Na veras, a imagem da Europa e dos EUA uma vez que mercados ‘seguros’ está sendo colocada em cheque quando se observa a política de pressão máxima sobre a Rússia que convive com o suporte a Israel. Os países emergentes observam isso e devem, no momento, estar também pensando em alternativas para alocar seus recursos”.

Relatório

Brasil, Índia, Arábia Saudita, África do Sul e Emirados Árabes Unidos, todos os quais têm importantes relações comerciais com a Rússia uma vez que membros do grupo econômico Brics, participaram da reunião, mas não concordaram com a enunciação final conjunta. Outros países, uma vez que Arménia, Bahrein, Indonésia, Líbia, Tailândia e México, também não assinaram o documento.

O relatório reafirmou “os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia”, apelou à troca de prisioneiros e à volta para lar de crianças deportadas para a Rússia. “Acreditamos que saber a sossego requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes”, diz trecho. Volodimir Zelensky prometeu, no sábado, apresentar propostas de sossego à Rússia logo que forem validadas pela comunidade internacional.

“A falta de unidade nas posições demonstra que por mais que o tópico em discussão seja a Ucrânia, uma vez que forma de concordar um dos lados do conflito e isolar a Rússia, outras situações internacionais também influenciam na posição dos países. A situação em Gaza talvez seja a mais visível, mas foram citados também os conflitos na Síria, no Congo e no Iêmen.”, diz Gustavo Glodes Blum.

Posicionamentos

As diferentes posições ilustram a dificuldade que Kiev vai enfrentar para conseguir que um grupo tão heterogêneo chegue a um convénio sobre uma proposta para a Rússia.

Ao CorreioOlexiy Haran, professor de política comparada da Universidade Vernáculo de Kyiv-Mohyla, questiona a posição das potências. “Estamos decepcionados com algumas posições de países, incluindo o Brasil, entendendo as pressões da Rússia e da China”.

Ele afirma que, uma vez que a Rússia não cumpriu as resoluções, deve-se buscar métodos alternativos. “As cúpulas de sossego globais fornecem outra plataforma diplomática para pressionar a Rússia. Não temos certeza de sua eficiência, mas devemos explorar todas as possibilidades. Precisamos de pressão internacional contínua”.

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