Por Guilherme Genestreti (Folhapress)
Deitado na terreno, um leão de juba escura lançava seu olhar cor de âmbar diretamente para o nosso sege, parado a não mais do que três metros de onde ele e outro masculino, tão grande quanto, descansavam, num safári na África do Sul. No dia anterior, os dois felinos haviam trucidado uma antílope prenhe à vista dos passageiros – exatamente porquê num programa de vida selvagem do Discovery Channel, mas ao vivo.
Isso depois de um deles ter oferecido um baita susto em Aurela, motorista naquele safári, lançando um rugido detrás dos arbustos e forçando o sujeito, que rastreava a pé suas pegadas, a percorrer de volta para o 4×4. Se quisesse estrebuchar uma pessoa, diz o guia, um bicho de 190 quilos daqueles só teria de dar um salto e seu bote provavelmente miraria a nuca. “Não quer descer do sege e dar uma olhadinha mais de perto?”, brincou.
Passeios porquê esses, os “game drives”, são o principal isca do turismo na região nordeste do país africano, nas franjas do Parque Pátrio Kruger, quase na fronteira com Moçambique. Ali, reservas particulares em meio à savana mantêm animais selvagens à solta, circulando não muito longe de onde estão chalés luxuosos. São porquê fazendas imensas salpicadas por rotas de terreno onde hóspedes têm a chance de ver as feras de perto, em tours conduzidos por veículos abertos.
A suplente em que fica o Moditlo River Lodge, por exemplo, tem mais de 140 quilômetros quadrados e é famosa por permitir, com alguma facilidade, que sejam avistados os “big five”, os assim chamados animais tidos pelos caçadores porquê os mais desafiadores: leões, leopardos, elefantes, rinocerontes e búfalos.
Mas a perdão desses tours está mais na surpresa do que se pode encontrar no caminho, porquê uma girafa saltando do zero no meio da estrada ou um guepardo tomando sol depois de se repimpar numa impala. Isso sem falar nos gnus, nas hienas, nos javalis, nos chacais. São 54 as diferentes espécies que habitam o Moditlo.
Ali, os safáris tem duração de mais ou menos três horas e são realizados duas vezes ao dia, às 5h30 e às 16h e sempre incluem uma paradinha em alguma dimensão mais ocasião, onde é mais seguro para descer do sege e permanecer a salvo de emboscadas de animais, enquanto se bebe cerveja, vinho ou Amarula no meio da savana.
Hóspedes têm três opções de adaptação, porquê os chalés de alvenaria, dispostos ao longo de uma passarela de madeira e que contam com banheiras e chuveiros com vista para o mato. Se der sorte, dá para tomar banho enquanto se avista qualquer elefante. Um aviso: não é permitido zanzar por ali à noite sem a companhia de um vigia ou se corre o risco de topar com qualquer bicho.
As villas são casas mais luxuosas e privativas, que podem ser alugadas para pequenos grupos fechados, e há ainda a opção, preferida dos casais em luas de mel, de pernoitar em tipos de cabanas onde se pode ouvir melhor o som dos animais, mas com toda a mordomia e o conforto de ter banheiros limpos e privativos.
Todas as opções são all-inclusive. Refeições são oferecidas em horários certos, para não colidir com o momento dos safáris, e servem uma boa modelo da culinária sul-africana: ensopado de rabo de boi, chakalaka (feijoeiro e legumes apimentados) e pap (uma espécie de polenta que se come com as mãos). Num dos jantares, ouvimos o som de qualquer vagido na negrume. “Qualquer bicho acaba de virar comida”, disse uma das funcionárias.
Tudo tem rostro de “Jurassic Park”, porquê lembrou um dos hóspedes, mas com a diferença de que ali os carnívoros não estão confinados, mas à solta. Isso não significa, porém, que sejam eles os mais temidos. Aurela, o guia, conta que búfalos podem ser os mais perigosos já que, ao contrário de leões, eles não costumam dar avisos para que as pessoas se afastem de seu território; preferem já enfrentar intrusos de rostro. E hipopótamos, diz, merecem atenção próprio: as mães são ferozes e fazem deste o bicho mais mortífero do continente africano.
Mas o turista pode permanecer tranquilo, já que os riscos são mínimos. Os bichos estão habituados aos carros que zanzam por ali e tendem a crer que eles não passam de animais grandes. É por isso que é proibido se levantar, gritar ou pôr os braços para fora do veículo ou as feras podem se dar conta de que há presas (no caso, os humanos) dando sopa por ali.
Num dos passeios, nos vimos cercados por uma manada de elefantes. Embora sejam bichos imensos, não é assim tão fácil de avistá-los. Um dos paquidermes pareceu não ter gostado da visitante –ou ficou curioso com a nossa presença, e veio em direção ao veículo com seus enormes marfins, forçando o motorista a dar uma ré. Não muito longe dali, um rinoceronte-branco pastava sem nem se preocupar com duas leoas, mãe e filha, descansavam na sombra.
Tentamos também encontrar leopardos, mas sem sucesso. O bicho é dos mais tímidos e, safo, costuma se camuflar muito muito na despensa das árvores, onde se banqueteia sem se preocupar. Mas não faltaram símios. Um deles, um macaco-vervet, aproveitou um minuto da minha distração e roubou as frutas do meu prato.
Moditlo River Lodge
Diárias a partir de US$ 410 (ou muro de R$ 2.000) por pessoa. O hotel é representado no Brasil pela DFlow Connections Travel. dflowconnections.com
O jornalista se hospedou a invitação do Moditlo River Lodge