Pretérito o Natal, o mundo se prepara para a chegada do novo ano. Entre festas, fogos de artifício, shows e jantares, o sentimento universal é de expectativa pelo porvir. Com esse olhar focado no que está por vir, vale a pena olhar para trás e deslindar a origem do réveillon, que remonta à França e também aos tempos antigos.
Na antiguidade, a passagem do tempo e as festividades eram marcadas pelas estações do ano. Portanto, as primeiras festas que se assemelham às comemorações atuais ocorreram na Mesopotâmia (território que atualmente, corresponde ao Iraque, Irã e Jordânia), há mais de 4.000, quando era comemorado o termo do inverno no hemisfério setentrião, estação do ano em que não era verosímil plantar e nem colher, e o início da primavera, com a renovação da fauna e da flora. No nosso calendário, a data corresponde aos dias 22 e 23 de março.
De forma semelhante, e também ligada à lavoura, os persas, fenícios, egípcios e assírios celebravam o ‘ano-novo’ em setembro. No Poderio Romano, a Saturnália, que lançou as bases para o que conhecemos hoje porquê Natal, celebrava o termo do inverno e previa a saturação da primavera. A sarau era dedicada ao deus Saturno, forma romana de Chronos, potestade ligada ao tempo e à renovação e ocorria entre os dias 17 e 25 de dezembro.
Com a geração do calendário juliano, decretado por Júlio César em 46 a.C., o ano novo foi comemorado no dia 1º de Janeiro pela primeira vez. O dia, até hoje, é devotado a Jano (do latim Janus ou Ianus), deus que representa os términos e os começos, o pretérito e o porvir, além do dualismo relativo de todas as coisas. Atualmente, a maior secção do mundo segue o calendário gregoriano, derivado do calendário juliano e imposto pelo papa Gregório XIII em 1582, e mantém a celebração de novo ano na viradela do dia 1º de janeiro.
Mas e o réveillon?
É muito geral que a sarau de passagem de ano seja chamada de réveillon. O termo tem origem na termo francesa “réveiller”, que significa “estipular”, e era usado para se referir a festas realizadas por nobres na França do século XVII que aconteciam noite adentro até o dia seguinte. O hábito foi trazido para o Brasil por Dom Pedro II, grande apreciador dos franceses, no século 19. Com o passar dos anos, a termo réveillon passou a ser usada especificamente para a sarau de viradela de ano.
Simbolismos do ano-novo
O ano-novo é ladeado de pedidos de prosperidade e boas energias para o ano que se inicia. Muitas vezes a data é representada pela figura de um varão idoso, com longas barbas, que carrega um relógio e uma foice, geralmente escoltado de um bebê. Ambos personificam o tempo e, respectivamente, o ano que termina e o que se inicia. Essa simbologia remonta ao deus do tempo Chronos, que tem a mesma representação de um idoso.
O branco, tido hoje porquê a cor do ano-novo, começou a se popularizar na data na dez de 1970, quando os membros do candomblé passaram a fazer suas oferendas na praia de Copacabana. Pessoas que passavam pela praia e viam o ritual acharam bonito o branco — e adotaram a vestimenta. O hábito de pular sete ondas também vem da religião, uma vez que cada vaga pulada simboliza um dos sete orixás.
Também é geral simpatias ligadas à mantimentos. Há quem acredite que manducar penosa e outras aves no ano novo dá contratempo, uma vez que ciscam “para trás”. Já as uvas são queridinhas daqueles que acreditam que manducar a fruta traz sorte e boas energias. O indicado é manducar 12 uvas, uma para cada badalada, para prometer prosperidade para todo o ano.
Para os que buscam enriquecer, diz a mito que manducar romã e velar alguns caroços na carteira serve para atrair moeda. Na mesma risco, muitos acreditam que manducar lentilha no ano novo atrai opulência financeira, uma vez que o grão se assemelha a uma moeda pelo seu formato rotundo e achatado.