Março 19, 2025
Sandra Annenberg relembra ataques homofóbicos posteriormente estribar a filha: ‘Minoria barulhenta, tenho pena’

Sandra Annenberg relembra ataques homofóbicos posteriormente estribar a filha: ‘Minoria barulhenta, tenho pena’

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Pense num estilingue. Quanto mais fundo o elástico for puxado, mais longe será verosímil chegar. A imagem metafórica — ir detrás para seguir em frente — deve ser muito emoldurada nestes últimos dias do ano, porquê sugere a jornalista Sandra Annenberg, que assume o comando do programa “Retrospectiva”, da TV Mundo, pelo quinto ano sucessivo.

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A atração, que vai ao ar nesta sexta-feira (27), às 22h25, traça um quadro lacónico e abrangente acerca dos principais acontecimentos no país e no mundo, ao longo dos últimos 365 dias, sem perder de vista todas as pedras (e não foram poucas) no meio do caminho.

— A valia de registrar a história é exatamente entendermos o que se passou e aprendermos com os erros para que eles nunca mais se repitam. É sempre um treino não só de memória, mas de saber o que deve permanecer registrado para o porvir — afirma Sandra. — E o jornalismo de verdade está aí para isso, para não nos deixar olvidar do que aconteceu e do que foi dito.

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Na tela, sob direção de Mônica Barbosa, a paulistana de 55 anos surgirá na Pinacoteca de São Paulo para descortinar um cenário marcado por guerras, aquecimento climatológico, tragédias socioambientais, mudanças de governo, ataques à democracia… E também por perdas de figuras importantes, uma delas muito próxima — a jornalista Glória Maria, que dividia a apresentação do programa com Sandra, morreu em fevereiro, em decorrência de um cancro.

— Ela era uma profissional de primeira grandeza. Mulher, preta, que abriu caminhos para todas nós. Desbravou um mundo difícil e pavimentou a estrada que hoje trilhamos. Todas as mulheres que trabalham em televisão precisam agradecê-la. Ter tido a oportunidade de compartilhar esse espaço com ela foi muito importante — enaltece a jornalista. — O ano termina, mas as lembranças não.

Glória Maria e Sandra Annenberg — Foto: Reprodução/Instagram
Glória Maria e Sandra Annenberg — Foto: Reprodução/Instagram

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As reminiscências solidificam também certezas de texto pessoal. Sandra Annenberg está feliz e vai muito muito, obrigada, no posto que atualmente ocupa, porquê apresentadora do “Mundo repórter”. Em 2019, depois de deixar a bancada do “Jornal Hoje” — em que esteve ao longo de 16 anos —, a jornalista precisou de ajuda psiquiátrica para mourejar com a chamada Síndrome de Jejum de Adrenalina. Por tapume de dois anos, ela sentiu taquicardias diárias, sempre por volta das 13h, horário em que costumava gravar a chamada do telejornal.

— Levei um tempo para me ajustar, mas agora estou muito feliz. Estou numa tempo de usufruir das conquistas que fiz ao longo da vida profissional. Hoje estou ótima! — frisa ela. — Superei a falta de adrenalina (risos). Adoro o novo ritmo, mais tranquilo, e o novo cotidiano da reportagem sem rotina. E não penso em parar, não. Senhoril o que faço e pretendo continuar por muito tempo ainda.

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Quando assumiu a apresentação do “Mundo Repórter”, Sandra disse que se sentia “fechando um ciclo”, já que oriente era o único programa da emissora que faltava em seu currículo. Hoje, se questionada sobre os próximos planos, a jornalista é objetiva:

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— Libido, daqui pra frente, continuar onde estou.

Mas zero é exatamente o que aparece — e, porquê indica a boa e velha silabário profissional, há sempre vários lados num só roupa.

Não é epístola totalmente fora do baralho, por exemplo, uma eventual guinada para o universo do entretenimento, dimensão pela qual seguiram colegas porquê Fátima Bernardes, Patrícia Poeta, Tadeu Schmidt, Ana Paula Padrão e Tiago Leifert, entre outros. A rigor, Sandra já fez, no entanto, o caminho inverso.

Não custa lembrar: a jornalista e apresentadora manteve uma incipiente curso de atriz e padrão na juventude e participou de novelas porquê “Pacto de sangue” (1989) e “Cortinado de vidro” (1989) e da minissérie “Tarcísio & Glória” (1988), além de comerciais de TV. Neste ano, ela resgatou a faceta artística deixada de lado há três décadas e voltou aos tablados, em São Paulo, no elenco da montagem infantil “Pedro e o lobo”, do compositor russo Sergei Prokofiev (1891-1953). Sandra quer se manter na ativa, por que não?, nesse espaço.

— Vim do mundo artístico, comecei porquê atriz, portanto, já vivi esse “outro lado” do entretenimento. Nunca digo nunca, mas, neste momento, estou jornalista. E assim estarei até, quem sabe um dia, mudar (risos) — destaca. — Mas gostaria, sim, de levar de novo aos palcos o espetáculo que fiz em 2023. Foram cinco sessões, todas lotadas. Levamos 7,5 milénio pessoas ao Theatro Municipal de São Paulo. Quanta emoção pisar naquele palco! O papel de narradora da história (que eu fiz na peça) se aproxima muito do meu trabalho de apresentadora. Acredito que esse tipo de montagem não é conflitante com o jornalismo. Logo, se conseguirmos remontar, teria novamente imenso prazer.

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A jornalista Sandra Annenberg, narradora do espetáculo "Pedro e o lobo" — Foto: Fernanda Sá
A jornalista Sandra Annenberg, narradora do espetáculo “Pedro e o lobo” — Foto: Fernanda Sá

Em meio às voltas que o mundo dá, a jornalista muda o tom — e não esconde o misto de espanto e revolta — ao relembrar os ataques que sofreu nas redes sociais, em junho, depois de seguir a filha Elisa, de 20 anos, fruto de seu conúbio com o também jornalista Ernesto Paglia, na Paragem do Orgulho LGBT de São Paulo.

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À quadra, Sandra publicou, por meio do Instagram, uma foto ao lado do marido e da filha — que recentemente revelou fazer segmento da comunidade LGBTQIAP+ — e escreveu uma pequeno texto demonstrando seu escora e utilizando linguagem neutra, que inclui termos em que os artigos masculinos e femininos são substituídos pelas letras “x” ou “e”. “Nossa família se une às Mães Pela Pluralidade e a todes que lutam pelo saudação aos direitos LGBTQIA+! Estamos juntes”, afirmou ela, na ocasião. Daí em diante, a jornalista passou a receber ofensas e virou branco de homofobia na internet.

— Não entendo o que as pessoas têm a ver com a sexualidade alheia. Cada um tem que procurar a própria felicidade. Apesar dos poucos ataques de ódio e discriminação, tive escora da maioria das pessoas. Uma minoria barulhenta é que, covardemente, resolveu discutir gramática porquê desculpa para expressar homofobia. Tenho pena deles — indigna-se.

— Por que não usar essa vontade para preservar o meio envolvente, para tutelar a paridade e a justiça social ao invés de criticar o paixão “des outres”? Tenho tanto orgulho da minha filha e da geração dela que não precisam de rótulos e que acreditam que o saudação às diferenças é o mais importante nas relações. Acho que a eduquei muito muito!

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