Março 19, 2025
Semeando vento – Estadão

Semeando vento – Estadão

Continue apos a publicidade

Hot News

Para enaltecer o crescimento de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, Lula da Silva profetizou em redes sociais que “2025 será o ano da colheita”, mas não especificou a que safra se referia. Diz a sabedoria popular que quem semeia vento colhe tempestade, e é a esse “plantio” que o presidente vem se dedicando com afinco desde o início de seu terceiro mandato, como comprova a disparada de 4,8% no consumo das famílias em 2024, o maior propulsor do PIB.

Com a maior alta em 11 anos, os gastos dos brasileiros empurraram a economia, embalados pelas políticas de incentivo do governo. Por óbvio, trouxeram o efeito colateral de aumento da inflação – que não preocuparia Lula não fosse o nível de espalhamento que atinge indistintamente os alimentos e, por tabela, sua popularidade. Recente pesquisa da AtlasIntel mostra que já passa de 50% a parcela de eleitores que avaliam o governo Lula como ruim ou péssimo.

É fato que o investimento também subiu em 2024, especialmente no último período do ano, quando a alta de 7,3% na formação bruta de capital fixo (investimento em máquinas, equipamentos, construções diversas e obras de infraestrutura) em relação ao quarto trimestre do ano passado levou a taxa de investimento do ano a 17%. A alta é boa notícia, mas o patamar é ainda pífio, insuficiente para garantir um crescimento econômico sustentável. Para manter a alta de 3,5% ao ano por ao menos uma década, como o País precisa para acelerar o desenvolvimento, a taxa teria de ficar ao redor de 25%.

O PIB de 2024, que mantém o Brasil entre as dez maiores economias do mundo, é a parte boa e visível de uma economia aquecida. O problema está na fórmula de crescimento, baseada em incentivo ao crédito, incremento de gastos públicos, ampliação de programas de transferência de renda e baixíssima contrapartida com aumento de capacidade produtiva. Está aí a receita do sobreaquecimento econômico que leva ao descontrole da inflação e, em última instância, à recessão.

Continue após a publicidade

O consumo caiu 1% no quarto trimestre de 2024 em razão basicamente do processo inflacionário. Foi a primeira queda no ano depois de três trimestres em franca expansão. Em condições normais, deveria continuar moderado para que a inflação convergisse para a meta de 3% e a economia buscasse sua real dimensão para tornar viável a queda dos juros, possibilitar um aumento natural do investimento e do crédito e, aí sim, crescer de forma sustentável.

Mas Lula da Silva tem pressa para granjear um bom resultado eleitoral, mesmo que à custa do comprometimento econômico futuro. A desaceleração buscada pela política monetária do Banco Central, que caminha para uma taxa de juros acima de 15% ao ano, como prevê o mercado financeiro, dificilmente será obtida com o governo jogando contra, insistindo em suas políticas de estímulo ao crédito e ao consumo, ao estilo do crédito consignado privado e da distribuição do FGTS. Lula persiste na ladainha de que vai botar “dinheiro rodando na mão do povo”, o que pode até lhe render um punhado de votos, mas só servirá para criar legiões de endividados.

Continue após a publicidade

Siga-nos nas redes sociais:

Continue após a publicidade

Hotnews.pt |
Facebook |
Instagram |
Telegram

#hotnews #Brasil #noticias #AtualizaçõesDiárias #SigaHotnews #FiquePorDentro #ÚltimasNotícias #InformaçãoAtual

Continue após a publicidade

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *